Puxado por “trio de ferro”, Ibovespa cede após 2 altas e cai 0,47%

Com Vale, Petrobras e Ambev entre as principais quedas, índice acompanha cautela do exterior e fecha no negativo; Focus, FMI e indústria alemã reforçam pessimismo

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Depois de selar o fim de uma sequência de duas quedas semanais seguidas na última sexta-feira (4), o Ibovespa voltou a mostrar movimento negativo em meio ao maior pessimismo do mercado em relação ao cenário global. Nesta segunda-feira (7), o benchmark da bolsa brasileira recuou 0,47%, a 53.801 pontos, encerrando uma sequência de duas altas, e acompanhando o desempenho das principais bolsas mundiais, que tiveram um dia de correção após renovarem suas máximas. O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 3,90 bilhões.

Nesta sessão, prevaleceu a cautela dos investidores em meio às advertências da presidente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, sobre o crescimento global poder ser mais fraco que o esperado no 2º semestre de 2014. Somado a isso, a produção industrial da Alemanha – maior economia da Europa – caiu 1,8% em maio. Foi o pior desempenho mensal em mais de dois anos.

Acompanhando o cenário de maior pessimismo, o mercado aproveitou para embolsar os ganhos nas principais bolsas mundiais, com os três principais índices acionários dos Estados Unidos fechando em perdas de até 0,7% – caso do Nasdaq. Vale lembrar que as bolsas da maior economia do mundo ficaram fechadas na última sexta-feira (4) e operaram em horário reduzido no dia anterior, por conta do feriado de Dia da Independência. O menor apetite a riscos por grande parcela dos investidores estrangeiros trouxe efeitos no dólar, que fechou em alta de 0,38% nesta sessão, cotada a R$ 2,2240 na venda.

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Já no noticiário doméstico, o boletim Focus mostrou a 6ª revisão para baixo consecutiva das expectativas selecionado de economistas sobre PIB (Produto Interno Bruto) em 2014, que diminuiu para 1,07%, ante 1,10% da semana anterior. Já para o ano seguinte, as expectativas se mantiveram em alta de 1,5% para o indicador.

Em relação à inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2014, os economistas mantiveram em 6,46% e continuou levemente abaixo do teto da meta, enquanto para o próximo ano a projeção também foi mantida em 6,10%. Já a expectativa para a taxa básica de juros, a Selic, se manteve em 11,00% para 2014 e em 12% para 2015.

Do lado da bolsa, as ações de maior peso na composição do índice fecharam em queda, com destaque para o trio Petrobras (PETR3, R$ 16,11, -1,35%PETR4, R$ 17,28, -1,26%), Vale (VALE3, R$ 30,80, -1,35%VALE5, R$ 27,66, -0,72%) e Ambev (ABEV3, R$ 16,09, -1,41%) gerando pressão no lado negativo. Na contramão do mau humor, chamaram atenção as ações das siderúrgicas – lideradas pela CSN (CSNA3, R$ 10,43, +3,17%) –, companhias do setor elétrico e imobiliárias, compondo o pódio da sessão. Do lado da petrolífera estatal, vale destacar a maior pressão sobre a companhia em elevar sua produção, única saída para aliviar seu caixa.

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Destaques da bolsa
Poucas ações, além da CSN, registraram ganhos expressivos nesta sessão, com destaque para a Light (LIGT3, R$ 21,47, +2,00%) e da Cemig (CMIG4, R$ 16,93, +1,62%). Por outro lado, as ações da Oi (OIBR4, R$ 1,76, -1,12%) voltaram a cair nesta sessão. A agência de classificação de risco Standard & Poor’s voltou a incluir em sua lista “creditwatch” negativa o grupo de telecomunicações na última sexta-feira, citando a polêmica criada em torno do investimento da parceira Portugal Telecom no Grupo Espírito Santo.

A Portugal Telecom está em processo de fusão com a Oi e anunciou recentemente que tem 897 milhões de euros (cerca de 2,7 bilhões de reais) aplicados em papéis comerciais da Rio Forte, empresa do Grupo Espírito Santo, que tem participação indireta na companhia brasileira.

Já os papéis da Embraer (EMBR3, R$ 21,23, -0,09%), após chegarem a cair mais de 3% no intraday, fecharam próximo à estabilidade. Há expectativa de que a empresa divulgue esta semana sua prévia operacional, com o número de jatos entregues e backlog do segundo trimestre deste ano. O backlog do primeiro trimestre atingiu US$ 19,2 bilhões, o melhor resultado desde o segundo trimestre de 2009. A companhia entregou 14 aeronaves comerciais e 20 executivas de janeiro a março.

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As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ALLL3 ALL AMER LAT ON 7,93 -3,17 +20,95 10,66M
 GOLL4 GOL PN N2 12,01 -2,28 +14,60 5,10M
 TIMP3 TIM PART S/A ON 12,28 -2,23 +2,43 12,84M
 JBSS3 JBS ON 7,73 -2,15 -10,97 19,74M
 CPLE6 COPEL PNB 33,13 -1,84 +11,62 27,01M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSNA3 SID NACIONAL ON 10,43 +3,17 -27,47 97,59M
 GFSA3 GAFISA ON 3,46 +2,98 +0,26 15,49M
 ELET3 ELETROBRAS ON 6,38 +2,41 +14,57 6,06M
 PDGR3 PDG REALT ON 1,47 +2,08 -18,78 7,03M
 LIGT3 LIGHT S/A ON 21,47 +2,00 +6,85 13,88M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

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 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 KROT3 KROTON ON ED 59,25 -1,02 348,22M 101,72M 8.798 
 PETR4 PETROBRAS PN 17,28 -1,26 320,90M 539,48M 22.723 
 VALE5 VALE PNA 27,66 -0,72 211,95M 302,04M 13.329 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 32,40 -0,74 142,84M 235,44M 11.157 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 31,90 +0,41 133,04M 302,04M 11.987 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,09 -1,41 115,88M 150,82M 18.543 
 OIBR4 OI PN 1,76 -1,12 111,52M 92,30M 12.533 
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 32,70 -0,30 103,40M 122,46M 10.258 
 CSNA3 SID NACIONAL ON 10,43 +3,17 97,59M 48,22M 16.095 
 PETR3 PETROBRAS ON 16,11 -1,35 94,08M 159,50M 10.946 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Outros destaques
As principais bolsas asiáticas encerraram o pregão com leve queda, após os mercados norte-americanos permanecerem fechados na última sexta-feira devido ao feriado de 4 de julho. Já na Europa, os índices tiveram uma sessão de baixa, com investidores reagindo a fracos dados econômicos da Alemanha.

A produção industrial alemã caiu 1,8% em maio, maior queda mensal em mais de dois anos, informou o Ministério da Economia nesta segunda-feira. A previsão em pesquisa da Reuters era de que a produção industrial ficaria estagnada no período. “Depois da forte produção no primeiro trimestre, a indústria enfraqueceu nos últimos meses. Além do efeito do feriado prolongado em maio e da fraqueza na construção, o que era de se esperar após o inverno ameno, fatores geopolíticos também podem ter influenciado”, informou o ministério em comunicado.

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Investidores seguiram com cautela também após o maior pessimismo da presidente do FMI sobre o crescimento do PIB global.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.