PRIO: preferida entre junior oils enfrenta pressão no curto prazo com greve do Ibama

Primeiro petróleo da Wahoo continua a ser fundamental para crescimento da produção, mas o momento ainda é incerto; tema se arrasta por conta da greve

Felipe Moreira

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Queridinha de muitos analistas entre as “junior oils”, a PRIO (PRIO3) enfrenta uma questão que segue afetando a sua produção e pode se arrastar por mais algumas semanas: a greve do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que já dura mais de 70 dias e traz indefinição em relação ao licenciamento ambiental de perfuração e produção do Campo de Wahoo, na Bacia de Campos.

Na avaliação da consultoria de risco político Eurasia, o impasse na agência ambiental pode se estender até o início de abril. Além disso, não estão previstas reuniões entre representantes da Associação Nacional dos Empregados de Agências Ambientais (ASCEMA) e funcionários da administração esta semana.

O banco Santander comenta que os atrasos relacionados ao licenciamento do projeto Wahoo foram agravados pela greve na Agência Ambiental Brasileira (IBAMA). O banco também acredita que a situação pode continuar a se arrastar por mais tempo após conversas com a ASCEMA.

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Embora a PRIO continue confiante na entrega do primeiro petróleo da Wahoo em 2024, analistas do Santander destacaram que a empresa teria de alterar os planos se não obtivesse a licença de colocação de tubos antes de abril (por exemplo, trocando a janela do navio de colocação de tubos para o final do ano ).

Com isso, o Santander projeta uma produção de 53 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) para Frade/Wahoo em 2024 (dos quais 3kboed é Wahoo) e 83 mil boed em 2025 (33kboed é Wahoo).

O Itaú BBA também ressaltou que, durante a teleconferência de resultados do quarto trimestre de 2023 (4T23), a PRIO mencionou que precisaria considerar planos alternativos para concluir o projeto se as licenças pendentes para o projeto Wahoo continuarem a ser adiadas pelo Ibama após março.

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Segundo o BBA, uma das opções atualmente em discussão é negociar com a empresa fornecedora do navio a realização da instalação da linha de produção (tieback) em outra janela. Em vez da janela originalmente prevista entre 15 de abril e 15 de maio, a instalação poderia ser feita em setembro. 

Se a greve do Ibama se prolongar até ao início de abril, o atraso no primeiro petróleo de Wahoo provavelmente será confirmado. Apesar do potencial adiamento do Wahoo para 2025, o BBA ainda vê a empresa negociando com desconto e oferecendo um rendimento de fluxo de caixa (FCF) atraente. 

Adicionalmente, o BBA disse entender que as licenças ambientais para Wahoo são mais uma questão de “quando” do que de “se” serão concedidas e que o projeto continua sendo um importante marco de crescimento para a empresa no curto prazo.

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O Santander, por sua vez, tem uma perspectiva de curto prazo relativamente incerta em relação ao PRIO, dada a produção volátil no acumulado do ano, juntamente com a manutenção e atrasos adicionais no primeiro petróleo da Wahoo. O banco cortou as projeções de produção total para os próximos dois anos, de 118 mil boed para 100 mil boed em 2024 e de 153 mil boed para 148 mil boed em 2025. Além disso, reduziu a projeção de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) para 2024 em cerca de 14%, com um efeito menor de fluxo de caixa livre, já que agora vê Wahoo incorrendo em parte do investimento apenas no início de 2025.

O Santander avalia que o portfólio de ativos da PRIO é atraente (com vários projetos alinhados para aumentar a produção), com a empresa também (i) gerando um forte rendimento de fluxo de caixa livre de 16%, e (ii) mantendo uma baixa alavancagem que permite atividades adicionais de fusões e aquisições e /ou uma aceleração nas recompras. “Dito isto, estamos 16% abaixo das projeções do consenso sobre o Ebitda ajustado de 2024 e acreditamos que a incerteza a curto prazo relativamente ao Wahoo e ao desempenho da produção poderá limitar o desempenho das ações, a menos que os preços do petróleo subam significativamente”, avalia.

O Itaú BBA e Santander, contudo, mantêm recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para ação da PRIO, com preço-alvo de, respectivamente, R$ 58 e R$ 81.