Por que um dos maiores investidores do mundo está tão atento à Copa do Mundo?

Ex-gestor da Pimco espera ver uma gama de ativos se beneficiando caso o torneio impulsione o crescimento econômico; a pergunta que fica é: o impulso virá?

Paula Barra

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SÃO PAULO – Mohamed El-Erian, um dos mais respeitados especialistas em mercados emergentes, construiu sua reputação na Pimco, uma das maiores gestoras do mundo, da qual pediu demissão em janeiro mas que ainda mantém cadeira como conselheiro do grupo. O que poucas pessoas sabem é que o célebre investidor também é fã de futebol e que está de olho na Copa do Mundo. 

A poucos dias da abertura da Copa, marcada para 12 de junho, o relógio está quase esgotando para quem quer se posicionar em ações brasileiras. Mas ainda há oportunidades, se o campeonato ajudar no crescimento econômico do País, disse El-Erian em entrevista ao site americano Market Watch.

A questão principal é se a Copa poderá influenciar temas mais amplos do Brasil, o que impactará uma outra gama de ativos, que podem ser ações, títulos locais e estrangeiros e a moeda. Em particular, comentou, uma reforma estrutural mais ampla, retomada do crescimento econômico e queda de inflação, aliados à proximidade da eleição.

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Segundo ele, o crescimento brasileiro deve ser silencioso e concentrado. “Como tal, é pouco provável que não altere de forma significativa a trajetória de crescimento do Brasil no longo prazo e questões seculares e estruturais”, disse. E acrescentou: “assim como outros emergentes, incluindo a China, Índia e México, o Brasil precisa evoluir seu modelo de crescimento”. 

Quando trata-se de fatores específicos, por exemplo, o investidor não pode confiar tanto na entrega de matéria-prima à China. Ao invés disso, o Brasil precisa desenvolver mais sua demanda interna, e se tornar mais eficiente e sem cair em hábitos antigos que têm se provado insistentemente insuficientes para aumentar sua eficiência ao longo do tempo, argumentou. 

Faça como o México
Em termos específicos, ele aponta que o Brasil precisa consolidar seu progresso fiscal e reforma monetária, movendo mais agressivamente a uma série de áreas. Esses itens incluem o estrangulamentos que minam a competitividade, melhora de gastos públicos, tornando o sistema fiscal mais pró-crescimento, aumento de produtividade, reforma educacional, entre outros.

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Um bom exemplo para isso, comenta, é a reforma que ocorreu no México e que seria um bom estudo de caso para o Brasil.  

Gana?
Questionado sobre quem venceria a Copa, El-Erian comenta que o Brasil é o grande favorito. “Está jogando em casa e tem um time talentoso”. A Alemanha também impressiona o gestor. Das apostas “fora do radar”, ele indica a não tão surpresa seleção do Uruguai e as “azaronas” Gana e Estados Unidos.