Por que o Bitcoin segue ameaçado por nova alta do dólar, segundo analistas

O Bitcoin subiu acima de US$ 20.000 nesta manhã, estendendo os ganhos de segunda-feira e deixando o dólar no retrovisor

CoinDesk

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O Bitcoin (BTC) seguiu o movimento de alta visto no começo da semana, com investidores na expectativa de que sinais de uma desaceleração econômica forcem o Federal Reserve a se afastar das medidas agressivas de aumento dos juros para conter a inflação.

No entanto, alguns observadores não estão convencidos de que o banco central dos Estados Unidos abandonará ou diminuirá drasticamente o aperto monetário em breve e esperam uma força renovada do dólar.

Por volta das 8h (horário de Brasília), a principal criptomoeda por valor de mercado era negociada a US$ 19.952, registrando alta de 3,96% no dia. O índice do dólar caiu em uma sequência de nove dias consecutivos de queda, após atingir o maior patamar em duas décadas em 28 de setembro.

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Compradores de Bitcoin viram uma porta de entrada na segunda-feira (3) depois que o Instituto de Gerenciamento de Suprimentos (ISM) dos EUA disse que seu índice de compras de manufatura (PMI) caiu para 50,9 em setembro, a leitura mais baixa desde maio de 2020. Como consequência, as novas pr0jeções para o índice e as medidas de emprego foram reduzidas, fortalecendo o argumento de que o Fed pode mudar de direção.

“Tem sido um caso de ‘más notícias são boas notícias’ para as ações, com o mercado tratando a surpresa negativa do índice ISM como aumento das chances de uma pausa antecipada [do aperto monetário] do Fed, vista como positiva para ativos de risco”, escreveu o time de análise do banco da Nova Zelândia em nota nesta terça-feira (4).

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O Bitcoin tende a se mover mais ou menos em linha com as ações e caiu pela metade este ano em termos de valor de mercado, em meio ao Fed aumentando as taxas de juros em 300 pontos base.

As expectativas de que o Fed e outros grandes bancos centrais desacelerariam o aperto tomaram conta do mercado na semana passada, depois que o Banco da Inglaterra (BOE) anunciou um programa de compra de títulos para garantir o funcionamento ordenado do mercado de títulos do governo.

“O que o Banco da Inglaterra fez foi um modelo para o que os outros provavelmente farão”, disse Ed Yardeni, presidente da Yardeni Research, à Bloomberg. “A alta do dólar foi associada no passado à criação de uma crise financeira global. Temos que ter uma perspectiva global sobre isso.”

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Pressão inflacionária longe do fim

Os futuros do Fed Fund mostram que os traders estão novamente precificando cortes nos juros a partir de maio de 2023. E, enquanto o mercado ainda vê uma grande chance de mais um aumento de 75 pontos-base no próximo mês, o preço da taxa terminal (taxa de pico) caiu de 4,75% para 4,4%.

No entanto, analistas do banco ING acreditam que a luta dos bancos centrais contra a inflação está longe de terminar.

“Os mercados estão sentindo o enfraquecimento [da inflação], mas será que eles têm evidências suficientes para precificar uma mudança na política [de aperto monetário]? Em nossa visão, ainda não”, escreveram os analistas do ING em nota aos clientes. “A relutância do BoE em comprar gilts [títulos do governo do Reino Unido] é um sinal de que ele não desistiu da luta contra a inflação”.

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Embora alguns porta-vozes do Fed tenham expressado recentemente preocupações sobre os efeitos colaterais de um dólar mais forte, os analistas do ING são da opinião de que as condições econômicas não justificam uma guinada.

“Apesar dos números de manufatura ISM serem um pouco mais fracos do que o esperado ontem, a cena doméstica dos EUA permanece bastante sólida, deixando vivas as perspectivas de aperto do Fed, mesmo que os mercados tenham revisado recentemente a taxa terminal esperada para níveis abaixo de 4,50%”, disseram os analistas, em nota, explicando por que o recuo do dólar pode não ser justificado.

Analistas acrescentaram que os dados do Payroll não-agrícolas (NFP) de sexta-feira – os dados mensais de empregos nos EUA – podem desencadear uma reprecificação hawkish (a favor de aumento dos juros) do Fed.

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O estrategista-chefe de câmbio do Swedbank, Anders Eklof, disse, em nota, que a recente alta nos ativos de risco é principalmente uma função de um mercado sobrevendido que se beneficia da intervenção do BoE e pode mudar.

“Um payroll mais fraco nos EUA é necessário para manter o rali. O melhor palpite é que o dólar ganhará força de volta em breve”, observou Eklof.

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