Por que não vender Sanepar e o que esperar para as revisões de Copasa e Sabesp?

 Robinson Dantas, Marcos Peixoto e Adeodato Netto traçaram um cenário sobre Sanepar após a revisão e ainda analisaram outros papéis do setor

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Depois de muita emoção, os investidores da Sanepar (SAPR4) assistiram ao capítulo final da “revisão tarifária” no final da manhã da última quarta-feira (12) – e ele não foi visto como positivo por boa parte do mercado.  O anúncio de um reajuste total de 25,63% em um prazo de oito anos pela Agepar, com reajuste inicial de 8,53% decepcionou os investidores e fez com que as ações fechassem a última sessão em baixa de 6,09%, a R$ 10,80. 

Porém, apesar da queda da ação, muitos analistas e gestores que acompanham de perto o mercado estão otimistas com o papel (para ver mais, clique aqui). E, para debater mais sobre qual é o cenário para a companhia e para outras empresas de saneamento, o InfoMoneyTV realizou um programa na tarde desta quinta-feira com três especialistas do setor que defendem a tese de investimentos em Sanepar.

São eles, Robinson Dantas (gestor da Iporanga Investimentos), Marcos Peixoto (CEO da XPGestão) e Adeodato Netto (estrategista-chefe da Eleven Financial). O evento foi apresentado pelo editor do InfoMoney Thiago Salomão, que também apresentou qual a nova ação que entrou na Carteira Recomendada InfoMoney no lugar de Sanepar na última quinta-feira: a ação da companhia paranaense foi substituída por outra ação do setor, a Sabesp (SBSP3). 

Continua depois da publicidade

Veja a gravação:

Bloco I: mercado não está sabendo fazer conta; então, o que explica a queda de Sanepar?

No primeiro bloco do programa, os especialistas destacaram a sua visão para a Sanepar após a decepção do mercado com a revisão tarifária. Segundo Adeodato Netto, é um erro tratar uma ação de utilities como um papel de evento: ” a revisão tarifária poderia ser um play de preço, mas não de valor”. Ele ressalta os bons indicadores da companhia, como a relação dívida líquida sobre o Ebitda, alta previsibilidade de receita, TIR real na casa de 16%, entre outros: “passou o que o mercado achou que era o evento, quem entrou esperando o evento entrou errado. Call de utilities é resiliente, consistente, que cresce e paga bons proventos. E esse call está absolutamente intacto. (…) Estamos dizendo agora para os nossos clientes reforçar a posição, porque o fundamento está intacto. Para o investidor que busca valor, o que aconteceu foi uma janela de oportunidade”. 

Continua depois da publicidade

Mas se agora foi aberta uma oportunidade, porque a ação está tão distante do valor justo? De acordo com Marcos Peixoto, a resposta pode ser encontrada nos vídeos de psicologia de mercado. Ele aponta que já havia um desconto relevante em relação ao preço justo por conta do risco regulatório e o risco se concretizou, levando a um desconto maior ainda. Para Peixoto, o mercado acabou ficando com “raiva” em meio a todo o processo, que passou pelo diferimento de oito anos e a “call atrapalhada” logo após o anúncio da Agepar da revisão preliminar, no início de março. Porém, passada essa “raiva”, ao fazer as contas, a ação está com yield que não há em outro papel da Bolsa.  E quando essa raiva vai passar? Para Robinson Dantas, é difícil dizer, mas naturalmente, ainda mais levando em conta a possibilidade de entrada de acionistas como fundo de pensão, os papéis da Sanepar devem se recuperar. 

Bloco II: após Sanepar, o que esperar de Copasa e Sabesp?

Após a revisão traumática da Sanepar, o mercado fica de olho agora nas próximas revisões tarifárias. A Copasa terá revisão já na semana que vem e, de acordo com Adeodato Netto, está bastante descontada, enquanto a Sabesp é um case mais seguro e com maior liquidez. De qualquer forma, a expectativa é de um movimento mais “suave” do que os processos da Sanepar. 

Continua depois da publicidade

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.