“Olavetes” podem atrapalhar revolução de Paulo Guedes na política econômica, diz cientista política

Para Suelma Rosa, não se pode descartar nem possíveis efeitos de "ruídos" sobre a tramitação da reforma da Previdência, que corre o risco de novas desidratações

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A defesa enfática de uma agenda de menor consenso focada no campo dos costumes e ruídos produzidos no interior do governo Jair Bolsonaro (PSL) podem atrapalhar a condução de um conjunto de propostas ousadas organizadas pela equipe econômica, capitaneada pelo ministro Paulo Guedes.

Essa é a avaliação que faz a cientista política Suelma Rosa, vice-presidente do Irelgov (Instituto de Relações Governamentais). Ela foi a convidada da última edição do programa Conexão Brasília, transmitido pela InfoMoneyTV na sexta-feira (2). Assista a íntegra pelo vídeo abaixo:

Para a especialista, um sinal claro dos efeitos de tal postura de um dos grupos mais barulhentos da base do governo tem sido o silêncio simbólico da ala militar, sobretudo a de mais alta patente. Tal grupo, nesta avaliação, teria optado por não contribuir para o incêndio político com temas polêmicos, embora mantenham discordância com determinadas agendas.

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“Eles seguem discordando, mas não querem trazer ainda mais instabilidade para uma gestão muito nova”, diz.

“Agora, essa polarização entre militares e ‘olavetes’ é necessária, porque os seguidores de Olavo de Carvalho têm tentado colocar uma agenda de comportamentos como prioritária, que às vezes atrapalha as políticas do próprio Paulo Guedes, que deveriam ser prioritárias”, observa.

A cientista política tem classificado toda essa agenda de costumes como “ruídos”, que podem colocar em risco “duas grandes transformações pelas quais o país pode passar na administração Bolsonaro”. Uma seria no campo da política econômica, “trilhando caminho sem precedentes da liberalização”. Neste caso, estariam na pauta as reformas da previdência e tributária, além do Novo Mercado de Gás e o marco do saneamento.

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Outra transformação seria a partir do pacote anticrime, defendida pelo ministro Sérgio Moro, que, segundo ela, poderia trazer novos marcos para o controle e combate à corrupção. “Mas todas as vezes em que temos debates absolutamente irrelevantes perdemos o foco”, pontua Rosa.

Na avaliação da especialista, não se pode descartar que “ruídos” provocados pelo presidente e a ala mais fiel de apoiadores tragam novos impactos sobre a tramitação da própria reforma da Previdência, “um dos maiores consensos hoje em Brasília”.

“Há riscos de que, nesse conjunto de ruídos do dia a dia, somado a ruídos de temas absolutamente não relacionados, como a discussão com o presidente da OAB, faça com que o Legislativo tente retaliar Bolsonaro por meio da reforma, ainda que Rodrigo Maia esteja apoiando e não seja mais a proposta de Guedes. É possível que a reforma sofra ainda mais ao longo do percurso, em função dos ruídos em outras matérias”, diz.

Durante o programa, Suelma Rosa também chamou atenção para a curva de aprendizado vivida pelo ministro Paulo Guedes, o que, segundo ela, potencializa as chances de sucesso de sua agenda no parlamento.

“A natureza do diálogo e a forma como ele articulou diretamente com Rodrigo Maia a própria reforma da Previdência faz com que a gente possa acreditar que talvez ele consiga se adaptar aos limites da burocracia e às dificuldades de relacionamento entre Executivo e Legislativo e consiga avançar nas matérias de interesse”.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.