Por que os investidores devem monitorar a greve geral contra a reforma desta 6ª

Greve geral do dia 14 não muda cenário para o governo, mas pode mostrar tamanho da oposição e poder de barganha dos deputados para votar a Previdência

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – Para esta sexta-feira (14) está marcada uma greve geral contra a reforma da Previdência, com paralisação de diversos serviços que promete impactar a rotina dos brasileiros. Como manifestações têm sido um termômetro importante do capital político do governo, é importante para o investidor acompanhar de perto os eventos de amanhã, que podem mostrar a força e o tamanho da oposição.

Segundo Rafael Cortez, analista político da Tendências Consultoria, a dinâmica dos movimentos sociais é bastante relevante no governo do presidente Jair Bolsonaro. “O que exacerba a importância dos protestos é o estilo da gestão bolsonarista, que se ancora mais em manifestações de rua do que na formação de coligações formais no Congresso”, afirma. 

De acordo com Cortez, haverá uma disputa de forças entre as manifestações desta sexta e as do dia 30 – pró-governo e pró Lava-Jato – para ver quem consegue se mobilizar melhor, a esquerda ou a direita. A comparação pode dar a medida do capital político do governo, traduzindo-se em maior ou menor poder de barganha dos congressistas na votação da nova Previdência. 

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“Ambos os movimentos são relevantes, pois constrangem parlamentares no posicionamento em relação à reforma e ao governo”, avalia. 

Já Carlos Daltozo, analista da Eleven Financial Research, diz que o mercado não está, neste momento, preocupado com a greve, pois vê uma conscientização maior do mercado de que é preciso fazer uma reforma. Uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no início de maio revelou que 59% dos brasileiros consideram necessário mudar as regras da Previdência. 

“A população está sendo conquistada por esse discurso de redução de privilégios. Mesmo que a greve tome proporções maiores, não se torna um temor diretamente”, aponta o especialista. 

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Rafael Cortez alerta, contudo, justamente para essas consequências indiretas, como a pressão sobre deputados em suas bases. “Se a reforma tivesse tanto apoio assim, não haveria toda a celeuma política que tem acontecido. Essa dinâmica das manifestações entra no cálculo de quanto os partidos vão cooperar com a agenda do governo”, diz. 

O analista entende que é importante observar as manifestações, pois a percepção de risco político tem várias fontes e o entendimento da dinâmica via redes sociais ou manifestações é importante. “A política tem um caráter dúbio de bastidor e discussão pública.” Porém, não há motivo para temor no mercado financeiro.

A greve geral é um termômetro importante, mas não deve representar um ponto de inflexão para a trajetória de reformas do atual governo. De qualquer forma, é um evento importante que deve seguir no radar do mercado. 

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.