Qual é o saldo dos primeiros 10 dias de governo Bolsonaro?

No primeiro Conexão Brasília do ano, o analista político Ricardo Ribeiro comenta as idas e vindas do governo, mudanças na estratégia de articulação política e os sinais até o momento dados para a reforma da Previdência

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Um volume inédito de desencontros entre forças do governo e uma nova acomodação no trato com a classe política. Essas são algumas das marcas dos primeiros dez dias de governo Jair Bolsonaro, na avaliação do analista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores. O especialista foi o convidado do programa Conexão Brasília desta sexta-feira (11), na IMTV.

“A primeira semana foi confusa, com Bolsonaro dando novamente declarações ambíguas em relação à reforma da Previdência”, pontuou Ribeiro. “O que melhorou de lá pra cá é que os conflitos ficaram menos explícitos. Para o público externo, as posições contrárias dentro do governo à respeito da reforma não vieram à tona novamente”. Mesmo com a preocupação em demonstrar maior sintonia entre seus membros, o novo governo ainda enfrenta ruídos em sua principal agenda econômica antes de os detalhes sejam apresentados.

De um lado, a equipe econômica tenta aprovar um texto audacioso, que permita o país “não falar mais sobre Previdência nos próximos 20 anos”. A ofensiva consiste em implementar uma idade mínima para aposentadorias, com período de transição mais curto e introdução do regime de capitalização a partir de determinada faixa de renda. Também está nos planos limitar regimes especiais, o que incluiria alterações nas aposentadorias para membros das Forças Armadas, policiais e bombeiros. A ideia incomoda militares que ocupam cargos-chave no atual governo. Do lado da classe política, também há preocupações com o risco de derrota no parlamento.

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A articulação política é outro tema relevante nesses primeiros dez dias. No entendimento de Ribeiro, o novo governo pode ter se aproximado de ferramentas tradicionais. Se, por um lado, podem futuramente se chocar com o discurso da campanha eleitoral, por outro oferecem a possibilidade de uma governabilidade mais sólida. Confira a íntegra do programa pelo vídeo acima.

“É previsível que esse comportamento mais heterodoxo em relação a como tratar a classe política esteja sendo deixado um pouco de lado. O acordo do PSL com Rodrigo Maia (DEM-RJ) é o principal elemento que mostra como a articulação política do governo Bolsonaro está ficando mais parecida com a articulação tradicional”, observou. Para ele, do ponto de vista político, a decisão foi acertada.

“Outro fator que mostra uma acomodação e maneira tradicional de se fazer política é que meio que desapareceu aquela ideia da base parlamentar do governo Bolsonaro ser constituída das tais frentes parlamentares. Agora, na reforma da Previdência, a ideia é de levarem a proposta aos líderes partidários. Isso também mostra certa normalização da forma como lidar com o Congresso”, argumentou o especialista.

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Por outro lado, um dos focos de preocupação do governo está nas eleições para a presidência do Senado Federal, onde Renan Calheiros (MDB-AL) desponta como favorito. “O governo Bolsonaro provavelmente vai ter que lidar com Renan presidente no Senado. Ele está fazendo acenos ao governo, então provavelmente também haverá alguma acomodação ou composição, mas mesmo que ele se torne eventual aliado, é alguém que demanda cuidado”.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.