Os dois motivos para Paulo Guedes “perder o sono” à frente do ministério da Economia

Em carta da Rio Bravo do mês de dezembro, o ex-BC e estrategista da gestora Gustavo Franco ressalta os desafios do novo ministro no governo Bolsonaro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O ministro da Economia, Paulo Guedes, recebeu uma “herança bendita” quando o assunto é inflação e contas externas, muito por conta do bom trabalho realizado pelo Banco Central. Contudo, isso não quer dizer que os desafios do “Posto Ipiranga” do governo de Jair Bolsonaro não sejam grandes. 

É o que aponta o ex-presidente do Banco Central e estrategista-chefe da Rio Bravo Investimentos, Gustavo Franco, em carta de estratégias da gestora. 

Isso porque, no plano fiscal, os números são considerados trágicos, especialmente na Previdência e nas despesas de pessoal, que se combinam de forma explosiva em alguns estados. No final da legislatura passada, ainda se acumularam “pautas bombas” como não se via há tempos, uma vez que os três poderes concorreram em assunto como remunerações de juízes, servidores federais, incentivos para Sudene e Sudam, limites da lei de responsabilidade para municípios, entre outros.

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Franco afirma ter pouca dúvida de que a nova administração vai “meter a tesoura” onde a anterior teve pudores de mexer, o que, na visão dele, é louvável como intenção. Contudo, resta saber como será a formulação e a vendagem de medidas no terreno previdenciário e de pessoal.

“Infelizmente, os problemas se acumularam nessas áreas, e o novo governo não pode ser tão gradualista quanto gostaria em assuntos polêmicos e que gerarão reações desfavoráveis. Criou-se um funil e uma obrigação para a nova administração apresentar sua reforma previdenciária logo de uma vez, como síntese e principal cartão de visita da nova gestão”, avalia o ex-BC. Enquanto isso, mesmo sabendo que isso será apenas o início de um longo processo, o mercado associou enorme importância a esse primeiro sinal.

Entre os avanços apontados, o novo presidente dá repetidos sinais de que avançará na reforma trabalhista, apoiado pelo seu ministro da Economia.  Por outro lado, no terreno da abertura e da privatização, as notícias não são tão boas quanto se esperava, pelo menos não por ora, diz o estrategista da Rio Bravo.

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“A influência dos militares sobre o assunto do ‘conteúdo nacional’ não será pequena, parecendo haver um casamento de conveniência entre as associações industriais protecionistas e algumas das figuras coroadas do círculo militar em volta do presidente”, afirma. 

Bolsonaro afirma que não quer Banco do Brasil (BBAS3) e Caixa, e por extensão a Petrobras (PETR3;PETR4), no programa de privatização. Em outros casos, avalia, parece haver a intenção  de prosseguir, mas o próprio ministro não faz segredo de que esse é um assunto no qual ainda espera persuadir o presidente a privatizar.

“Em síntese, parece haver sinal verde para as pautas fiscais e de ambiente de negócios, desde que não envolvam muito pesadamente a abertura e a privatização, ao menos na partida. Faz certo o ministro em não criar caso nesse momento sobre o que falta no programa econômico do novo governo. O que já lhe foi concedido é fenomenal, e se, com isso, a economia acordar, o ministro poderá pedir mais e dificilmente o presidente lhe negará reforços para um modelo bem-sucedido”, avalia.

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Assim, a grande variável dependente é a dinâmica da economia. E essa foi a mesma aposta básica que fez Michel Temer ao assumir a presidência: se a recuperação tivesse se acentuado, e não tivéssemos incidentes políticos inesperados, a eleição teria tido um outro “grid” de largada. Com isso, Gustavo Franco faz o questionamento: “por que não deu certo para Temer, com políticas que se parecem, ainda que não tanto na dosagem?”

“É certamente sobre isso que reflete o ministro com seu travesseiro”, avalia Gustavo Franco, que destaca dois pontos que podem fazer Paulo Guedes “perder o sono”.

“O primeiro ponto a produzir insônia é que superpoderes vêm com responsabilidades também amplificadas. O segundo é que, tal como no governo Temer, ainda que por razões diferentes, o novo presidente espera que a economia ajude a política”, avalia.

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E, em sua conclusão, o estrategista da Rio Bravo ressalta que Bolsonaro conta com a economia funcionando para ir adiante em suas controvérsias nas redes sociais, assim como ocorre com o presidente dos EUA Donald Trump atualmente. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.