Dividir para conquistar? Fatiamento da Previdência pode dificultar caminho da aprovação

A sinalização enviada ao mercado é de que o caminho para a aprovação da reforma pode ficar ainda mais tortuoso

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – A reforma da Previdência pode ser encaminhada ao Congresso de forma “fatiada”, disse Jair Bolsonaro (PSL) na terça-feira (4). A proposta do presidente eleito tem a intenção de conquistar as mudanças aos poucos, algo que, teoricamente, seria “menos difícil” de conseguir no Congresso, segundo o próprio Bolsonaro.

No entanto, a sinalização enviada ao mercado é de que o caminho para a aprovação da reforma pode ficar ainda mais tortuoso. “Caso a estratégia seja mesmo adotada, o governo pode se atrapalhar na condução política, uma vez que a necessidade de aprovar diversos projetos tomará mais tempo e energia”, avalia o time de análise da XP Política. 

Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores Associados, disse ainda à Bloomberg que essa “não foi uma declaração feliz” e que a afirmação trouxe ainda mais ruído em relação ao tema e leva o governo a assumir uma fraqueza no Congresso mesmo antes do início de seu mandato. 

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“Ainda é muito cedo para o governo assumir fraqueza no Congresso; pelo contrário, a situação política do governo é boa, pelo apoio popular que teve na eleição e pela aprovação mostrada recentemente em pesquisas da Ipsos e XP/Ipespe”, disse Ribeiro à Bloomberg. 

O levantamento divulgado com exclusividade pelo InfoMoney em 27 de novembro mostrou que 57% dos entrevistados dizem esperar que Bolsonaro faça um governo ótimo ou bom. Além disso, 63% dos entrevistados disseram aprovar, em sua maior parte, as movimentações assumidas pelo militar reformado no primeiro mês após a vitória nas urnas. 

“O Bolsonaro está com perspectiva de poder relevante e a situação é propícia. Ele teria boas condições de aprovar uma reforma profunda”, disse o analista político. “Este espírito de ‘se empatar está bom’, ainda antes de o governo começar, é negativo”, completou.

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A equipe da XP Política pondera e destaca o caráter ainda superficial da declaração de Bolsonaro. “Quando perguntado, o presidente eleito pode ter falado sobre uma ideia ainda não amadurecida com a equipe técnica. Portanto, tudo isso pode não passar de ruído”.

Se Bolsonaro voltará atrás sobre o “fatiamento”, só o tempo dirá, mas fazer o caminho aos poucos pode acabar sendo mais penoso do que o trabalho completo de uma vez. Além disso, em um cenário em que nomes relevantes para o novo governo – como o futuro ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni e o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) – vêm sinalizando que não há urgência com a reforma, essa fala do presidente eleito tem o potencial de elevar ainda mais a ansiedade dos investidores. 

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