Bolsonaro chega a 10 milhões de fãs, enquanto Alckmin ainda não entendeu o papel das redes sociais

Estreia da propaganda eleitoral no rádio e na televisão não impulsiona candidato com maior estrutura, enquanto líder nas pesquisas colhe frutos nas mídias digitais

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Na primeira semana de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, o saldo positivo na corrida presidencial ficou com dois candidatos com baixíssima exposição aos meios tradicionais: Jair Bolsonaro (PSL) e João Amoêdo (Novo). Dono da maior fatia de tempo nesses veículos, Geraldo Alckmin (PSDB) continuou incapaz de reverberar suas mensagens junto à opinião pública digital e não conseguiu pautar o debate político nas redes. As análises fazem parte de um relatório elaborado pela Bites Consultoria, grupo especializado em monitoramento das redes sociais.

Desde sábado, quando foram exibidos os primeiro programas, Bolsonaro conquistou 117 mil fãs e seguidores em seus perfis no Facebook, Twitter, Youtube e Instagram e rompeu a barreira dos 10 milhões de aliados digitais, segundo o levantamento feito pela Bites. Já Amoêdo, ganhou 90 mil seguidores, ocupando a quarta posição entre candidatos de maior volume de fãs. Na avaliação dos analistas, o empresário tem se destacado com uma ofensiva bem organizada de mídia paga no Facebook e no Google e tem conquistado um público engajado.

“Geraldo Alckmin, que aposta toda a sua estratégia no horário eleitoral, angariou 23 mil novos fãs, mas em outras métricas consideradas no mapeamento do Sistema Bites, o seu saldo é muito aquém do necessário para sua necessidade de utilizar a Internet como uma caixa de ressonância das suas mensagens”, observam os especialistas da Bites.

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Para eles, o tucano não tem conseguido convencer aliados digitais a propagarem ideias e conteúdo da campanha. De sábado até as 9h da última quarta-feira, a equipe de Alckmin fez 20 postagens em sua página no Facebook e alcançou 11.172 compartilhamentos, uma média de apenas 559 por publicação. No mesmo período, a média de Bolsonaro foi 9.222 por texto, contra 4.687 de Amoêdo e 1.816 de Fernando Haddad (PT).

As primeiras propagandas de Alckmin na TV também não resultaram em uma elevação nas buscas por ele no Google Brasil de 1º de setembro pra cá. “A falta de interesse das pessoas por informações sobre o ex-governador de São Paulo é um reflexo da baixa aderência das mensagens do seu programa na TV e no rádio junto à opinião pública digital, incluindo 66% do eleitorado que está conectado à Internet”, analisam os analistas.

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Fonte: Bites

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Para Manoel Fernandes, sócio-diretor da Bites, a oferta apresentada por Bolsonaro aos eleitores nas redes encontra maior aderência do que o que é vendido por Alckmin. O especialista chama atenção para o laboratório que representará o presente processo eleitoral, no qual o líder das pesquisas tem muita força das plataformas digitais e nenhuma por propaganda própria nos meios tradicionais, ao passo que um de seus adversários conta com condições inversas: muito tempo no rádio e na televisão e poucos resultados nos novos veículos. Ele acredita, porém, que desta vez o segredo estará na combinação das duas ferramentas.

“Não teremos nesta eleição internet contra televisão, mas uma grande combinação, em que a rede será a caixa de ressonância das mensagens que estão sendo difundidas na TV. No caso específico de Alckmin, até agora não conseguimos ver essa reverberação acontecer. O que percebemos é que as mensagens que estão sendo colocadas até hoje no horário eleitoral gratuito do PSDB não está tendo dispersão nas redes, as pessoas não estão buscando e compartilhando essa informação. A taxa de compartilhamento médio por post no Facebook de Bolsonaro hoje é dez vezes maior que a de Alckmin. Tem algo muito importante acontecendo nas redes e entendemos que haverá grande correlação com as pesquisas”, afirmou. O especialista esteve no programa Conexão Brasília da última quarta-feira (5).

“Os seguidores de Bolsonaro são soldados de uma causa, das teses de costumes que ele defende e o sentimento anti-PT. Na Bites, desenvolvemos um algoritmo para medir a capacidade de cada candidato criar uma perturbação dentro da mídia online que impacte a formação da opinião pública, e no final de tudo, o voto. O que percebemos é que Bolsonaro precisa de um antagonista. Hoje, a rede está orientada a falar, buscar e compartilhar dois eixos de temas: os eixos da agenda de Bolsonaro e do PT. Não vemos o centro conseguindo formar uma agenda digital para colocar à disposição dessas pessoas”, observou.

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Para Fernandes, enquanto Alckmin não consegue ter impacto nas redes, Bolsonaro consegue ser figura relevante mesmo em meios tradicionais. Ele acredita que o rádio e a televisão seguirão tendo função indispensável no processo eleitoral. “O papel da TV é fundamental em trazer pessoas para discutir e temas para serem abordados, porque ela e o jornalismo têm a capacidade de informar de maneira imparcial a sociedade. As redes não têm uma capacidade natural de produzir uma informação tão boa quanto a TV e o jornalismo. Mas é um autoengano achar que Bolsonaro não tem tempo de televisão. Ele não tem tempo no horário eleitoral, mas todo dia ele está nos telejornais, nos jornais, nos sites e nas redes sociais”, comparou Fernandes. Para ele, é por esses e outros motivos que Bolsonaro hoje é nome favorito para ir ao segundo turno.

Assista a íntegra pelo vídeo abaixo:

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.