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SÃO PAULO – Depois de muitas idas e vindas, o PT bateu o martelo sobre sua chapa para a corrida presidencial. Como esperado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há quatro meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, representará a sigla na disputa, acompanhado por Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e atual coordenador do plano de governo da candidatura, que agora ocupa a vice. Como Lula está inelegível e corre risco de ser barrado pela Lei da Ficha Limpa, nos bastidores o partido intensificou o movimento em direção a um “plano B”. Haddad, que já era o nome mais cotado para assumir a candidatura após eventual impugnação do nome de Lula, agora aparece como candidato quase certo.
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Perto do limite para a confirmação das chapas, estabelecido depois de 24h do prazo para a realização de convenções (5 de agosto), o PT encerrou o período pré-campanha com uma aliança formal com PROS, PCO e PCdoB, além de conquistar a neutralidade do PSB, que ameaçava apoiar Ciro Gomes (PDT). Durante todo o domingo, o partido tentou um acordo com os comunistas, que só foi se confirmar ao final de um processo de intensa negociação.
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O PCdoB, que tinha Manuela D’Ávila como candidata aceitou desistir do plano e ingressar em uma chapa petista. O acordo, firmado nas últimas horas do domingo, prevê que os comunistas ocupem a vice da candidatura encabeçada pelo PT caso Lula seja impedido de disputar, o que na prática representou a deflagração de um “plano B” que petistas apenas admitiam nos bastidores.
Com os movimentos recentes, ficou mais clara a aposta do partido de que Haddad seria o melhor nome para herdar a candidatura após um esperado impedimento de Lula. Embora sustentem a narrativa de que insistirão na candidatura do ex-presidente, hoje líder nas pesquisas eleitorais, quadros do PT já reconhecem que a chance de vitória nesta batalha é remota. Oficialmente, a tendência é o discurso se manter, o que é coerente com a estratégia do partido.
Pesquisas internas no PT mostram que o eleitorado que se identifica como “lulista” ainda não topa pensar em outra candidatura, mesmo que seja um nome do PT. O lulismo não se vê representado por nenhum plano B, até porque desconhece os nomes mais cotados no PT para substituir Lula e expressa sentimento de traição quando se fala em colocar alguém no lugar do ex-presidente. Para o partido, o jeito mais fácil de driblar essas dificuldades é mostrar ao eleitor que a sigla lutou até as últimas possibilidades jurídicas para que o ex-presidente fosse candidato.
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Por que Haddad?
Para além das avaliações de curto prazo, o nome de Haddad hoje ganha ainda mais favoritismo para pegar o bastão da candidatura petista em algum momento antes de 17 de setembro, limite estabelecido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para a substituição de candidaturas. Alguns elementos dão sustentação ao nome de Haddad. O fato de ser de São Paulo, maior colégio eleitoral do País, e ter governado a capital do estado por 4 anos ajuda, embora tenha saído derrotado em primeiro turno da disputa pela reeleição, em 2016, ajuda na tática do partido. São Paulo também é estratégico por representar a cidadela de Geraldo Alckmin (PSDB), adversário com maior estrutura de campanha nesta corrida presidencial. Apesar do tempo como governador do estado, o tucano não detém a preferência da maioria dos paulistas na disputa até o momento. Segundo pesquisa Ibope divulgada ontem, Lula lidera o pleito no cenário de primeiro turno em que sua candidatura é considerada, com 23% das intenções de voto, tecnicamente empatado com o deputado Jair Bolsonaro (PSL), com 18%. Alckmin, por sua vez, tem a preferência de 15%. A margem de erro máxima é de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo. A escolha de um nome do estado pode ajudar a candidatura petista a manter parte dos votos que Lula hoje detém, somando pontos em terreno adversário. Haddad não é um nome com força no Nordeste, mas o peso do lulismo pode mover pedras. Além disso, a conquista da neutralidade do PSB, que antes negociava com a candidatura de Ciro Gomes (PDT) dá importante vantagem ao PT. Com o quadro de inelegibilidade de Lula, Haddad é tido como o “plano B” do PT para a eleição presidencial, embora negue tal hipótese. Mas, afinal, como pensa Haddad?
Graduado em Direito pela USP, onde também fez mestrado em Economia e doutorado em Filosofia, Haddad tem participação relevante no setor público. Integrou o Ministério do Planejamento na época da elaboração do projeto que instituiu as Parcerias Público-Privadas no Brasil, durante a gestão de Guido Mantega na pasta. Foi ministro da Educação entre 2005 e 2012 e prefeito de São Paulo entre 2013 e 2016. No PT, Haddad cresceu nos últimos anos e conseguiu, recentemente, romper importantes resistências, o que acabou acompanhado por sua migração para a CNB, corrente majoritária petista, o mesmo grupo de Lula. Haddad é visto por pares como quadro moderado, aberto ao diálogo e, nos últimos meses, ganhou protagonismo como interlocutor de Lula e coordenador do programa de governo da campanha petista à presidência. Em entrevista concedida ao InfoMoney na última segunda-feira (30), Haddad apresentou algumas das ideias que ele e seu partido têm para o País. Durante a conversa, reconheceu equívocos cometidos pelas gestões petistas à frente da presidência; defendeu uma reforma tributária que onere menos o consumo e as camadas mais pobres da população, em detrimento a grandes heranças, lucros e dividendos; sustentou a criação de uma política de incentivos à redução de spreads bancários e punição a instituições financeiras que mantenham taxas elevadas; advogou por políticas de controles externos e maior cautela no uso do mecanismo das delações premiadas e na concessão de benefícios a corruptores; além de reconhecer a necessidade de se promover mudanças na Previdência Social e argumentar em favor da retomada de investimentos públicos. Confira a íntegra da entrevista, concedida quando Haddad ainda não era oficialmente o vice de Lula (e possível herdeiro da candidatura): Quer investir em ações pagando só R$ 0,80 de corretagem? Clique aqui e abra sua conta na Clear
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