As 3 más notícias do Datafolha para Lula após a condenação no TRF-4

Para aliados, este foi um sinal de força e um indicativo de que pressões do Judiciário não abalarão o líder petista. Será?

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A resiliência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a manutenção de patamar de intenções de voto mesmo após a condenação em segunda instância pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, foi um dos destaques da última pesquisa Datafolha, divulgada na quarta-feira. Segundo o levantamento, o líder petista se manteve no intervalo de 34% a 37% dos votos, na liderança de todos os cenários em que sua candidatura é considerada.

Para aliados, este foi um sinal de força e um indicativo de que pressões do Judiciário não abalarão o líder petista. Tal avaliação reforçaria a estratégia de radicalização política, insistência na candidatura do ex-presidente até suas últimas consequências e enfrentamento enfático da nova decisão adversa em segunda instância. Conforme muitas lideranças do PT já afirmaram, o partido não quer trabalhar com um “plano B” neste momento. Por mais que tenham crescido as chances de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) indeferir possível pedido de candidatura de Lula, devido ao enquadramento na Lei da Ficha Limpa, a ideia seria continuar com o nome do ex-presidente para ampliar sua capacidade de transferência de votos na reta final da disputa e também ajudar o partido a não desidratar no Congresso, governos e legislativos estaduais.

Alguns analistas políticos, contudo, não viram com surpresa o desempenho de Lula na última pesquisa, a despeito do demonstrativo de força do petista (ou fraqueza dos adversários). Outros ainda alertaram para três notícias ruins ao líder petista com o resultado apresentado pelo Datafolha. A primeira delas seria a redução na capacidade de transferência de votos do ex-presidente, sobretudo em um contexto de chances cada vez menores de competir até o fim. De acordo com a pesquisa, feita entre os dias 29 e 30 de janeiro, o percentual de eleitores que não votariam em um nome apoiado por Lula subiu de 48%, em novembro, para 53%. Já o grupo dos que disseram que o apoio do ex-presidente certamente os faria escolher o candidato oscilou de 29% para 27%, dentro da margem máxima de erro de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

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“Em que pese o fato de Lula conseguir preservar seu eleitorado em um primeiro momento, mesmo após a confirmação da condenação no caso do tríplex, a pesquisa Datafolha já captou uma queda na capacidade de transferência de votos do ex-presidente. Isso mostra um desgaste, mesmo que não tenha se traduzido em recuo de votos a Lula”, observou o analista político Carlos Eduardo Borenstein, da consultoria Arko Advice.

Para piorar o quadro ao PT, mesmo com a resiliência de Lula, a baixa pontuação de possíveis substitutos de Lula na disputa é outro fato negativo e também pode preocupar a sigla. Até o momento, a principal alternativa ventilada no partido, o ex-governador da Bahia e ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner não passa de 2% nos cenários em que é considerado. Por outro lado, vale ressaltar que o fato de o próprio PT sustentar a narrativa de não ter “plano B” também pesa sobre o desempenho de outros nomes.

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De qualquer forma, isso não exclui as esperadas dificuldades oriundas do desconhecimento nacional às alternativas até o momento avaliadas. A baixa pontuação dessas figuras nas pesquisas e a dispersão dos votos que seriam destinados a Lula amplia os riscos de fragmentação efetiva na esquerda, o que pode dificultar as condições desse grupo político de avançar para uma disputa de segundo turno.

Um terceiro ponto de ampla relevância apresentado pelo Datafolha foi o ainda elevado desconhecimento do eleitorado sobre o julgamento de Lula no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), que culminou em sua condenação a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um apartamento tríplex no Guarujá (SP).

De acordo com a última pesquisa, 24% dos entrevistados disseram não terem tomado conhecimento do julgamento, enquanto outros 9% têm conhecimento, mas se disseram mal informados. Apenas 24% dos eleitores disseram saber do caso e estarem bem informados; 42% têm conhecimento e estão mais ou menos informados.

Na avaliação de Borenstein, pelo perfil majoritário de baixa renda e menor escolaridade do eleitorado de Lula, é possível que haja um ritmo mais lento na disseminação dessas informações e na observação dos impactos disso sobre as pesquisas eleitorais. Ou seja, não está descartado algum impacto negativo da condenação de Lula nos próximos levantamentos, embora os efeitos esperados não sejam de grande magnitude. Vale ressaltar, ainda, que a pesquisa também indicou que 43% dos entrevistados disse que a condenação a 12 anos e 1 mês de prisão é injusta, contra 50% que avaliam a decisão como justa e 7% não souberam responder.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.