“Lula, por favor Deus, não”: Forbes aponta temor do mercado se o petista voltar a ser presidente

O ex presidente do Brasil pode ter conquistado o coração de Wall Street em seu primeiro mandato, há 15 anos - mas a situação é diferente agora

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “Lula, por favor Deus, não. É isso o que a maioria dos investidores de mercados emergentes está dizendo neste momento”. 

É assim que o colunista Kenneth Rapoza, da Forbes, destaca a mudança de humor dos mercados com relação à possível eleição do petista, traçando um paralelo com 2002. “O ex presidente do Brasil pode ter conquistado o coração de Wall Street em seu primeiro mandato, há 15 anos. Mas pergunte a um crítico do homem forte do PT se ele teve alguma coisa a ver com a crescente economia e eles vão dizer que o Brasil foi bem, apesar dele [e não por causa dele]”, avalia o colunista.

Segundo a Forbes, por um lado, Lula é conhecido por governar durante um período de boom  de commodities que coincidiu com descobertas de petróleo em águas profundas na costa brasileira. “Dinheiro para todos!”, exalta o colunista. Por outro lado, ele é conhecido por governar durante a embaraçosa queda da Petrobras, a mesma empresa que encontrou uma grande riqueza em petróleo e que, no final das contas, foi levada a acertar propinas e contratos privados escusos.

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“Assim, se Lula voltar, o mercado não ficará satisfeito. Quando Lula estava no comando, o Goldman Sachs colocou um preço-alvo de US$ 60 para a ação da Petrobras. Hoje, a estatal tem sorte de negociar a mais de US$ 10”, aponta o colunista, enquanto destaca que diversos fundos de pensão estão processando a companhia.

Para Rapoza, o que acontecerá caso Lula realmente ganhe não é mais uma questão, apontando para a opinião de um dos maiores investidores de mercados emergentes do mundo.”Esse seria um grande evento negativo para o Brasil no meu book. Venda”, disse à publicação americana Alan Ayres, gestor de mercados emergentes da Schroders, atualmente com bilhões de ativos. Hoje, o Brasil é overweight (exposição acima da média do mercado).  “Nós pensamos que é improvável que ele possa vencer. Mas, se acontecer, o mercado sem dúvida venderá o Brasil”, aponta. 

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As pesquisas pré-eleitorais sugerem que Lula é o candidato preferido da população, apesar de uma alta porcentagem de rejeição. Para pelo menos metade da população, Lula foi um dos personagens centrais do escândalo da Petrobras que levou a 14% de desemprego, aponta o colunista.  “Mas, a menos que Lula seja preso ou proibido de se candidatar, ele parece que chegará ao segundo turno. E, se isso acontecer, as manchetes do Brasil serão a de maior destaque da América Latina”, aponta. 

Lula 2002 X Lula 2018

Para avaliar o cenário, Rapoza consultou Andrea Murta, do site Jota, especialista em notícias jurídicas. “Se ele ganha, o Lula será o mesmo que foi antes ou será um Lula mais irritado e radical?”, questiona.  Ela aponta que Lula é mais pragmático do que ideológico como administrador, então não deve ser o fim do mundo para o Brasil. “O problema é: o ambiente político não é cooperativo para uma presidência de Lula. Seu partido não tem nem de perto o poder que teve na última vez em que ele foi presidente “. Além disso, há o risco de invalidar a eleição em um pior cenário. 

Rapoza recorda ainda que Lula falou neste fim de semana sobre quem parece até agora ser o seu principal concorrente, o deputado Jair Bolsonaro. “A esquerda odeia Bolsonaro tanto quanto a direita odeia Lula”, aponta o colunista. 

Lula afirmou, em encontro do PCdoB em Brasília no último domingo: “eu não sou de extrema-esquerda e muito menos o Bolsonaro é de extrema-direita. O Bolsonaro é mais do que isso e quem convive com ele sabe o que ele é. Não vou dizer porque acho que ele tem o direito de ser candidato, de convencer as pessoas, e o Brasil tem que colher aquilo que planta”. Rapoza aponta que, por enquanto, Bolsonaro é um desconhecido total para os investidores.

O colunista remonta novamente a 2002, lembrando da forte aversão ao risco do mercado com a possível (e depois confirmada) eleição de Lula, levando o dólar para R$ 4,25.  Dentro de um ano, a moeda e o mercado de ações se recuperaram, uma vez que forças domésticas e externas deram ao Brasil um enorme impulso ao longo do primeiro mandato de Lula. “Quando a economia dos EUA sofreu uma crise, Lula aumentou os gastos para estimular a economia. Dilma [Rousseff] fez o mesmo quando chegou ao poder, em 2010, só que gastou ainda mais. Já o atual governo, liderado pelo impopular Michel Temer, tentou reduzir os programas de estímulo fiscal para segurar o orçamento”, relembra o colunista. 

Com todo esse cenário no radar, Rapoza destaca uma opinião final. “Muitas pessoas dizem que o Brasil era melhor com Lula no comando”, diz Patricia Gusmao Gouvea, professora de inglês em Campinas. “O que está acontecendo agora na economia e em nossa política está acontecendo por causa de Lula. Esta é a bagunça de seu partido, ainda estamos tentando limpar”. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.