O DNA do pensamento liberal na política: conheça a nova casa de Gustavo Franco

Na filosofia do Partido Novo, é preciso reduzir o campo de atuação do Estado e consequentemente o poder dos políticos para que serviços públicos considerados essenciais sejam aprimorados com ganhos de eficiência

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Um dos fundadores do Plano Real na década de 1990, o economista Gustavo Franco anunciou sua saída do PSDB e filiação ao Partido Novo, onde presidirá uma fundação da legenda e será responsável por elaborar o programa de governo para a campanha eleitoral de 2018. O partido, que busca amadurecimento no debate político após a estreia com conquista de assentos em legislativos de capitais importantes do país, avança ao desenvolver um centro de discussão econômica para arejar o debate público. A ideia é difundir a eficiência do mundo privado no mundo político.

Em nota, a nova legenda de Franco afirmou que “a vinda de uma pessoa competente, alinhada e comprometida com os valores do Novo, como o Gustavo, é mais um passo rumo à construção de um país admirado”. Franco também emitiu nota sobre a filiação ao partido: “nos últimos anos os horizontes se ampliaram extraordinariamente para as ideias pró-mercado e para novas abordagens sobre o desenvolvimento tendo como base o indivíduo, o progresso pessoal e a liberdade para empreender”. Segundo ele, “o Novo oferece um veículo e uma oportunidade muito valiosa para que essas ideais se apresentem de corpo inteiro no espectro partidário e estabeleçam sua importância nos debates nacionais”. Seriam os primeiros sinais de uma onda liberal na política nacional?

O DNA do pensamento liberal na política

Criado no início de 2011, o Partido Novo se propõe a trazer o melhor da administração das empresas privadas para a gestão pública. A agremiação política foi lançada por um grupo de 181 pessoas, em sua maioria profissionais liberais, engenheiros, administradores, advogados e médicos. Ninguém tem perfil de “político profissional”. O próprio presidente do partido é engenheiro civil e administrador de empresas, com grande experiência no mercado financeiro – é membro dos conselhos de administração do Itaú BBA e da João Fortes Engenharia e passou por Citibank, Unibanco e outras instituições.

Na economia, o Novo tende a adotar uma visão mais liberal. Ou seja, defende uma sociedade em que o indivíduo seja mais responsável pela sua vida e não fique tão dependente do estado. Essa corrente de pensamento econômico se iniciou no século XVI com os estudos de Adam Smith e está fortemente enraizada na cultura econômica e política de países como os Estados Unidos e o Reino Unido.

A agremiação política acredita que, com um estado menor, atuando em menos áreas, é possível ter mais foco e ser mais eficiente. Outro ponto em comum entre o partido e o pensamento liberal é a visão de que a grande vantagem da iniciativa privada sobre a pública é a concorrência. A competição entre empresas pode fazer com que elas ofereçam serviços de maior qualidade a preços mais acessíveis do que quando há o monopólio do estado. Os liberais acreditam que a economia pode criar sozinha uma ordem espontânea que beneficia a sociedade como um todo.

Na filosofia do Partido Novo, é preciso reduzir o campo de atuação do Estado e consequentemente o poder dos políticos para que serviços públicos considerados essenciais sejam aprimorados com ganhos de eficiência e que a iniciativa privada tenha maior possibilidade de atuação com menos amarras em outros setores. “A busca pelo poder é para devolvê-lo às pessoas”, disse o presidente da legenda, João Dionísio Amoêdo em entrevista concedida ao InfoMoney em novembro de 2016.

A retórica de conciliação entre o mundo empresarial e o debate político encantou eleitores. Na primeira disputa eleitoral que participou — o pleito municipal do ano passado –, o Novo angariou apoio de 260 mil de brasileiros, que votaram nos candidatos a vereador da legenda em cinco cidades. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre dedicaram um assento de suas câmaras municipais a um nome do partido, ao passo que em Curitiba não foi possível pôr em prática as propostas da legenda nesta oportunidade.

O desempenho foi muito comemorado dentro do partido, que se considera o mais liberal de todo o sistema partidário nacional. “Mostramos que é possível trazer pessoas de fora da política com perfil competente para um processo eletivo; que, sem usar dinheiro público, sem fazer coligações, sem gastar muito e mesmo sem quase nenhum tempo de televisão, é possível eleger pessoas”, argumentou Amoêdo na conversa com o InfoMoney. Para ler a entrevista completa, clique aqui.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.