A volta do “Temer reformista”? O que o presidente pretende fazer durante o recesso parlamentar

Agenda de Temer estará movimentada nas próximas semanas mesmo com o Congresso vazio - reforma ministerial e ofensiva a Janot também estão no radar

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Congresso Nacional estará pouco movimentado nesta semana em meio ao recesso parlamentar, que se inicia essa semana e irá até o próximo dia 1 de agosto.  Porém, isso não quer dizer que o noticiário de Brasília não continue agitado, principalmente por conta das movimentações do presidente Michel Temer para barrar a denúncia contra ele na Câmara e retomar uma agenda mais positiva para o governo. 

De acordo com a Folha de S. Paulo, Temer aproveitará o recesso para tentar tirar a denúncia contra ele da agenda política e emplacar discurso de retomada da discussão das reformas, atribuindo novamente ao presidente o selo de “reformista”. Ou seja, voltar ao que era antes do fatídico dia 17 de maio, quando foi deflagrada crise política com a delação de Joesley Batista.

O Planalto ainda planeja empurrar a votação da denúncia contra Temer, marcada para 2 de agosto, para setembro (algo que enfrenta a resistência do presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia), diz a publicação. 

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Segundo o jornal, Temer sabe do risco de surgirem novos fatos contra ele durante o recesso, como uma nova denúncia da PGR, desta vez por obstrução de Justiça, e as possíveis delações premiadas em negociação do ex-deputado Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro. Porém, para ele, é urgente buscar uma reaproximação com investidores e empresários. No início de julho, quando ganhou força a ideia de que o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) substituiria Temer, agentes de mercado já precificavam a queda do peemedebista, com alguns analistas de mercado avaliando que o atual parlamentar teria mais condições de aprovar as reformas.  

Na agenda de reformas, está o movimento para destravar a reforma tributária, emperrada desde abril, e rediscutir a previdenciária, com a abertura da possibilidade de fatiamento e flexibilização do texto original.

Monitorando os votos e reforma ministerial

Apesar de focar na agenda econômica, o governo continuará com os seus esforços para angariar mais apoio entre os deputados e impedir a formação de uma maioria de 342 deputados na votação contra a denúncia. 

Cerca de trinta deputados do chamado “centrão” – formados pelo PP, PR, PRB, PSD e PTB – e do partido do próprio presidente, PMDB, podem “trair” o governo e votar a favor da denúncia contra Temer, segundo informa o jornal O Estado de S. Paulo. O PSD tem o maior número de votos contra o governo até o momento, enquanto PMDB e PR contabilizam seis votos. Assim, Temer monitorará de perto as bancadas de forma a evitar novas mudanças de posição sobre a denúncia. Por enquanto, a dissidência é vista como “mínima”. 

Além disso, durante o recesso, Temer pretende definir os nomes para os ministérios vazios. A primeira movimentação vai na direção de preencher os dois ministérios vagos atualmente: Cultura e Transparência. Porém, outras pastas estão na mira, caso do Ministério das Cidades, Secretaria de Governo e Direitos Humanos, todos estes controlados pelo PSDB. Os tucanos ensaiam, desde que a delação de Joesley foi divulgada, um desembarque do governo (mas ainda enfrenta grandes divisões). Muitos deputados tucanos devem votar contra Temer no Plenário (uma amostra foi vista na CCJ, onde 5 dos 7 deputados do partido que votaram na comissão foram contra o peemedebista).

Contudo, segundo o Estadão, citando interlocutores tucanos com trânsito no gabinete presidencial, Temer gostaria de manter Aloysio Nunes Ferreira nas Relações Exteriores em qualquer cenário, mesmo que fosse em sua cota pessoal da Esplanada. Além de Aloysio, Temer também manteria Antonio Imbassahy (BA) no comando da Secretaria de Governo, mas trocaria os titulares de Direitos Humanos e Cidades.  

Por fim, voltando ao cenário sobre uma possível nova denúncia contra Temer a ser feita por Rodrigo Janot, o presidente pediu a auxiliares no último final de semana que criem um discurso para ser reproduzido pelos deputados de que o procurador persegue o governo – reforçando assim as críticas de que ele próprio vem fazendo em público. “Temer acredita que se desgastar Janot e colar no procurador a pecha de oposicionista, pode ‘desidratar’ a apresentação de uma segunda denúncia”, informa a coluna de Andreia Sadi no G1.

Desta forma, mesmo com Brasília um pouco mais calma por conta do recesso, Temer se movimentará e muito para salvar seu governo. Além disso, novas surpresas podem vir por aí. 

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.