Chocado e descrente, Brasil formula teorias da conspiração sobre morte de Teori, destaca Le Monde

O Financial Times também destaca que, dadas as circunstâncias, não é surpresa que suspeitas tenham sido levantadas sobre a queda do avião

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A morte do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) em um trágico acidente aéreo na última quinta-feira (19) segue como destaque no noticiário internacional. Nesta segunda-feira e também no último final de semana, jornais como o francês “Le Monde”, o britânico “Financial Times” e o americano Wall Street Journal apontaram como será o desenrolar da Lava Jato com a morte de seu relator no Supremo, além de destacarem ainda as “teorias da conspiração” sobre o trágico acidente. 

Segundo o Le Monde, em estado de choque e descrença, o Brasil se deixa seduzir pelas teorias na conspiração em torno do morte de Teori. “A imprensa internacional lembra que a Lava Jato é muitas vezes comparada com a ‘Mãos Limpas’, na Itália, onde o juiz Giovanni Falcone foi assassinado, em 1992. Embora todos saibam do mau tempo durante o voo, a mídia brasileira também relata que o filho do falecido confirma que seu pai estava recebendo ameaças de morte. Em redes sociais, alguns usuários estão aconselhando que o juiz Sérgio Moro tome cuidado”, afirma a publicação francesa.

O Financial Times também destaca que, dadas as circunstâncias, não é surpresa que suspeitas tenham sido levantadas sobre a queda do avião, também destacando o post do filho de Teori publicado em junho de 2016 (e posteriormente apagado) sobre ameaças à sua família.

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“Ao falar para uma rádio em Brasília, ele pediu uma investigação para descobrir se seria acidente ou não e quer que a verdade venha à tona, independentemente de qual seja”, aponta o FT.

A publicação britânica também cita que os meios de comunicação local também observaram que, dezesseis dias antes do acidente, a foto do avião que caiu na quinta-feira (19) em Paraty, no Rio de Janeiro, foi consultada 1.885 vezes no site JetPhotos, que reúne grande banco de imagens de aeronaves de todo o planeta.

O FT aponta que o assassinato político não é desconhecido no Brasil mas, mesmo que fosse comprovado neste caso, não é certo que ele atingiria seus objetivos. “Um dos juízes do Supremo Tribunal pode muito bem assumir a investigação ao invés do nomeado por Michel Temer. Além disso, a Lava Jato também tem um apoio popular maciço no Brasil e qualquer tentativa de descarrilamento provocaria uma onda de protesto”, destaca a publicação.

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O futuro da Lava Jato
O Le Monde aponta ainda que o futuro da Lava Jato dependerá em grande parte do sucessor de Teori Zavascki no Supremo Tribunal, apontando que existem duas regras em conflito, conforme destacado pelo jornal pelo professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas. “A primeira é que o sucessor do magistrado deve ser nomeado pelo presidente Michel Temer. Mas esta hipótese cheira mal já que o chefe de Estado é um dos suspeitos Lava Jato. A segunda opção, mais plausível e aceitável para a opinião pública, é que a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, redistribua o processo de Zavascki entre seus colegas”.

Contudo, independentemente do resultado do processo, o jornal francês aponta que a trágica morte de Teori Zavascki atrasa a operação em um momento em que o Brasil aguardava por revelações importantes através das delações de Marcelo Odebrecht e seus funcionários. 

Também para o Financial Times, a morte de Teori atrasa a Lava Jato. E, uma vez que diversos políticos que estão no governo também estão citados nas delações da Odebrecht, a demora no processo pode ser positiva para o presidente Michel Temer, que terá mais tempo para colocar em pauta a sua agenda de reformas impopulares. “Para aqueles que desejam que a Lava Jato desapareça – e ela já resistiu a um ataque de pressão política – poderia ser ainda melhor”, apontando que há a possibilidade de Temer nomear um ministro que assumiria a relatoria da Lava Jato. O temor seria que o presidente indicasse um amigo que poderia prejudicar o andamento da investigação. Contudo, vale destacar que, no último sábado, Temer afirmou que só indicaria um ministro após o STF indicar a relatoria da Lava Jato. Já segundo o WSJ, o presidente da República tem mais uma tarefa delicada ao ter que nomear o novo ministro do STF em meio a essa situação. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.