Eike disse ao MPF que Mantega pediu R$ 5 mi no interesse do PT; empresário não teve prisão decretada

O nome “Arquivo X” dado à operação deflagrada hoje faz alusão ao fato de Eike Batista ter como marca de seu grupo empresarial a repetição da letra X

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em nota sobre a Operação Arquivo X, o MPF (Ministério Público Federal) do Paraná informou na quinta-feira (22) que Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX Brasil (OSXB3) prestou depoimento ao órgão.

Eike declarou que, em 1 de novembro de 2012, recebeu um pedido do então ministro da Fazenda e presidente do Conselho de Administração da Petrobras para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões no interesse do PT. “Para operacionalizar o repasse da quantia, o executivo da OSX foi procurado e firmou contrato ideologicamente falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em 19 de abril de 2013 foi realizada transferência de US$ 2.350.000,00, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários”.

Naquele ano, o presidente do Conselho de Administração era Guido Mantega: o ex-ministro foi preso temporariamente hoje na 34ª fase da Operação Lava Jato, chamada Arquivo X. Além de Mantega, a operação mira executivos das empresas Mendes Júnior e OSX Construção Naval S.A., assim como representantes de empresas por elas utilizadas para o repasse de vantagens indevidas. 

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Em 26 de julho de 2012 o Consórcio Integra Ofsshore, formado pelas empresas Mendes Júnior e OSX, firmou com a Petrobras contrato no valor de US$ 922 milhões, para a construção das plataformas P-67 e P-70 (unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo voltadas à exploração dos campos de pré-sal).

As investigações apontam a transferência de cerca de R$ 7 milhões, entre fevereiro e dezembro de 2013, pela Mendes Júnior para um operador financeiro ligado a um partido político e à diretoria Internacional da Petrobras, já condenado no âmbito da Operação Lava Jato, segundo o MPF. Os repasses foram viabilizados mediante a interposição de empresa de fachada, que não possuía uma estrutura minimamente compatível com tais recebimentos, segundo o MPF. 

Além disso, ao longo das investigações também foi identificado o repasse de mais de R$ 6 milhões pelo Consórcio Integra Ofsshore com base em contrato falso firmado em 2013 com a Tecna/Isolux. O valor, ainda segundo o MPF, teria sido transferido no interesse do ex-ministro José Dirceu, que está preso pela Lava Jato, e de pessoas a ele relacionadas. 

Os procuradores declararam também que empresas do grupo Tecna/Isolux repassaram cerca de R$ 10 milhões à Credencial Construtora, já utilizada pelo ex-ministro José Dirceu para o recebimento de vantagens indevidas.

De acordo com informações da colunista Vera Magalhães, do jornal O Estado de S. Paulo, Eike não teve a prisão decretada na Lava Jato. 

O nome “Arquivo X” dado à investigação policial faz alusão ao fato de Eike Batista ter como marca de seu grupo empresarial a repetição da letra X.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.