OAS relatará propina a assessor de Aécio; Moro reativa inquéritos contra Lula e mais notícias

Senadores apresentam fatura a Temer, aliados de Dilma defendem ação na Corte-interamericana, Jucá alterou MP para favorecer Gerdau, fraude em compra de remédios na Petrobras e mais notícias da política

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticíário político seguiu bastante movimentado neste final de semana, com notícias que envolvem políticos tanto da oposição quando da situação ao governo, com novas revelações de delações, entre outros. Confira os destaques: 

Léo Pinheiro falará de propina a assessor de Aécio
O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, relatará com base em documentos, que pagou suborno a auxiliares do então governador de Minas Gerais, o hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG), durante a construção da Cidade Administrativa, segundo informações da Folha de S. Paulo do último sábado. A obra foi a mais cara obra do tucano nos oito anos em que permaneceu à frente do Estado, entre 2003 e 2010.

O relato de Pinheiro sobre o centro administrativo faz parte do acordo de delação premiada que está sendo negociado com procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba e Brasília, e que ainda não foi assinado. Segundo Pinheiro, a OAS pagou 3% sobre o valor da obra a um dos principais auxiliares de Aécio, Oswaldo Borges da Costa Filho, que é apontado por tucanos e opositores como o tesoureiro informal de seguidas campanhas de Aécio, entre 2002 e 2014.

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A obra da Cidade Administrativa foi estimada em R$ 500 milhões, orçada em R$ 949 milhões, mas custou R$ 1,26 bilhão, segundo documentos do governo de Minas obtidos pelo jornal; com mobiliário e outros itens, o gasto total alcança R$ 2,1 bilhões. Pinheiro relatou a investigadores da Lava Jato que tem provas do caminho que o dinheiro percorreu até chegar ao assessor do tucano.

Aécio disse em nota à Folha que desconhece os relatos feitos pelo empresário Léo Pinheiro sobre suposta propina em sua administração e que considera as declarações “falsas e absurdas”.

Zelotes e Jucá
Um relatório da Polícia Federal na Operação Zelotes aponta que o senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) alterou o conteúdo da Medida Provisória 627 de 2013 para favorecer o Grupo Gerdau (GGBR4), segundo o jornal Folha de S. Paulo. A MP trazia mudanças em regras de tributação de lucros de empresas no exterior e Jucá era o relatpr. Segundo a matéria, o projeto foi aprovado com pelo menos uma alteração sugerida pela Gerdau. Também estariam envolvidos os deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE).

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Segundo a PF, houve uma troca de e-mails entre Jucá e Gerdau dois meses antes de a MP ser aprovada pelo Congresso. Naquela data, o gabinete do senador enviou a Gerdau uma mensagem com um trecho da MP. O executivo encaminhou o e-mail ao seu consultor jurídico e recebeu o que seria a minuta da resposta a Jucá. Nela, o assessor acrescentou outro parágrafo e disse que o texto do senador, como foi enviado, “não atende plenamente”, já que apenas uma das emendas de interesse do grupo havia sido incluída. O parágrafo acrescido pelo consultor jurídico da Gerdau consta na versão final do texto da lei.

Para a PF, o material “indica possíveis práticas consubstanciadas na negociação ilegal de emendas a medidas provisórias […], tendo como contraprestação doações eleitorais, com elementos que apontam para a participação de condutas (em tese, criminosas)” de Jucá e dos deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE). Ambos negaram quaisquer irregularidades.

Petistas presos querem que PT assuma culpa
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, os três petistas presos pela Operação Lava Jato, João Vaccari Neto, José Dirceu e André Vargas, querem que a legenda assuma institucionalmente a responsabilidade pelos desvios na Petrobrás,  ideia esta que ganhou força na quinta-feira passada, quando a sede do partido em São Paulo foi alvo de ação de busca e apreensão da Polícia Federal. 

Vaccari encaminhou a questão ao partido e argumenta que o alvo final da Lava Jato e operações derivadas não é sua pessoa física, é o PT enquanto instituição.

Fraude na compra de remédios na Petrobras
De acordo com matéria do jornal Fantástico, da Rede Globo, um programa da Petrobras destinado a compra de remédios se transformou em mais uma fonte de fraudes na estatal. O uso ilegal do benefício causou prejuízos mensais de R$ 6 milhões, valor correspondente a um terço dos gastos totais do programa. Levantamento interno apontou 13 mil receitas com reembolso irregular, incluindo até o caso de compra de remédios para o cão de uma funcionária.

O programa foi criado para beneficiar cerca de 300 mil funcionários e seus dependentes, custando R$ 30 milhões mensais. Com a crise, o programa foi revisado e foram descobertas mais de 13 mil receitas fraudulentas. 

Segundo a reportagem, um dos casos mais curiosos foi encontrado em uma farmácia de Curitiba. A receita era de uma clínica veterinária, emitida em nome da paciente “Iza”. A reportagem do “Fantástico” constatou que Iza é o nome da cachorrinha de Vanessa Silva, casada com um funcionário da Petrobras. Vanessa admitiu que o benefício foi usado para a cadela e afirmou que ela faz parte da família.

Dilma na Corte-interamericana
De acordo com a coluna Painel, da Folha, parlamentares do PT avaliam apelar à Corte Interamericana de Direitos Humanos para tentar impedir o avanço do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Segundo a coluna, petistas ouviram de especialistas que a jurisprudência da corte sugere boas chances de uma decisão favorável, o que daria munição à campanha internacional da presidente afastada. Eles sustentarão que o processo é conduzido sem imparcialidade, mas a articulação sugere pouca esperança na reversão do impeachment no Senado.

Moro reativa todos os inquéritos contra Lula
Após três meses de paralisação, o juiz federal Sérgio Moro retomou as investigações sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Operação Lava Jato. Na última sexta, o juiz federal recebeu de volta do STF os processos contra Lula e determinou que eles deverão tramitar em sigilo entre “Ministério Público Federal autoridade policial”. A decisão de devolver o processo a Moro foi tomada há duas semanas pelo ministro Teori Zavascki, do STF. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

As investigações apuram corrupção e lavagem de dinheiro na compra e reforma do sítio, em Atibaia (SP), no negócio do tríplex do Condomínio Solaris, no Guarujá (SP), nos pagamentos para a LILS – empresa de palestras do ex-presidente – e nas doações para o Instituto Lula, entre outros. Moro ordenou que as defesas renovem pedidos que haviam sido feitos ao STF, desta vez à Justiça Federal no Paraná e reforçou a decisão do STF de que as gravações feitas que envolviam uma conversa entre Lula e a presidente afastada Dilma Rousseff fossem invalidadas.

CUT e novas eleições
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, deve defender nesta semana que a entidade reavalie sua posição e apoie publicamente a presidente afastada, Dilma Rousseff, na defesa por um plebiscito sobre antecipar as eleições presidenciais, diz a Folha. A organização planeja debater a proposta na reunião da executiva, no dia 5 de julho. Freitas conversou com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e optou por procurar movimentos de esquerda favoráveis.

O sindicalista, contudo, tem dúvida do sucesso dessa articulação e da possibilidade de reversão da tendência pró-impeachment de Dilma, mas comentou que irá propor uma reavaliação da proposta de plebiscito. “A presidenta não pode ficar engessada. A CUT não vai defender o plebiscito no site. Mas, se essa é única esperança a que podemos nos apegar, vamos nela”, afirmou.

João Santana deve admitir caixa dois
O marqueteiro João Santana deve admitir que recebeu dinheiro para a campanha da presidente afastada Dilma Rousseff por meio de caixa dois, segundo informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. 

De acordo com ela, Santana resiste a fazer delação premiada, mas precisa responder a questionamentos nos processos que correm contra ele por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Segundo amigos do publicitário, será difícil ele contestar os indícios colhidos pela Operação Lava Jato que mostram pagamentos feitos a ele para a campanha de 2014. Já a esposa de Santana, Mônica Moura, já disse a procuradores que as companhias contribuíram para a campanha da presidente afastada por meio de caixa dois. 

Rose de Freitas e pedaladas
A Folha de S. Paulo informou que a defesa da presidente afastada Dilma Rousseff na Comissão do Impeachment irá usar declarações da líder do governo no Congresso, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), para a rádio Itatiaia no último sábado (25).

A senadora afirmou que, em sua opinião, Dilma não foi afastada do cargo por causa das pedaladas fiscais, mas sim em razão da crise política.

“Por que o governo saiu? Na minha tese, não teve esse negócio de pedalada, nada disso. O que teve foi um país paralisado, sem direção e sem base nenhuma para administrar. A população não queria mais e o Congresso também não dava a ela (Dilma) os votos necessários para tocar nenhuma matéria”, disse ela. 

“A senadora foi muito transparente. Até porque, de fato, sendo presidente da Comissão Mista do Orçamento, estudou profundamente a matéria. É a prova, portanto, que não há fundamento para o impeachment, reforçando a tese da existência do desvio de poder que alimenta esse processo desde o início”, disse o advogado de Dilma José Eduardo Cardozo. 

Senadores mostram fatura para Temer, que busca apoio 
Nova reportagem, desta vez do jornal O Estado de S. Paulo, mostra que o presidente em exercício Michel Temer está sendo pressionado por senadores em troca de apoio no julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.  O caso mais estanho é o de Hélio José (PMDB-DF). Ele pediu 34 cargos, entre os quais a presidência de Itaipu, Correios, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e até o comando do BNDES.  O senador foi convencido por colegas da inviabilidade dos pedidos e do risco político que correria se apoiasse Dilma, não levou nada e ainda decidiu votar pelo afastamento. Os senadores Romário e Zezé Perrella também pediram cargos, destaca o jornal. 

Já o jornal O Globo informa que em busca de votos a favor do impeachment, Michel Temer intensifica o corpo a corpo com senadores e ontem foi ao aniversário do senador Wilder Morais (PP-GO), em Goiás. Nas conversas com aliados, no trajeto entre a base aérea de Goiás e a fazenda de Morais, Temer fez uma avaliação sobre os votos para a aprovação do impeachment e orientou os líderes a mapearem dificuldades de indecisos e encaminhá-las para ele resolver.

(Com Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.