El Niño pode ser o presente que Dilma pediu aos céus para evitar racionamento; entenda

Chance de ocorrência do El Niño no segundo semestre é cada vez maior e deve promover alívio para situação limite para racionamento de energia em meio ao aumento das chuvas

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Com um dos períodos mais secos da história, há quem diga que a presidente Dilma Rousseff está rezando para São Pedro para que as chuvas caiam do céu e aliviem a situação complicada dos setores de energia e de abastacimento do Brasil, conforme destacou a The Economist em fevereiro. Com o risco de racionamento cada vez maior, a atividade econômica brasileira pode registrar uma desaceleração ainda mais acentuada, o que comprometeria a situação de Dilma em seus projetos de reeleição este ano. 

Mas a tão esperada chuva que não veio nos primeiros meses do ano e trouxeram preocupações em meio aos crescentes riscos de racionamento no Brasil, podem ocorrer no segundo semestre de 2014 e gerar um “alívio” para a atuação situação brasileira. 

Isso em decorrência do El Niño, fenômeno que promete trazer que promete chuvas acima da média e bem distribuídas para o Sul do Brasil, o Paraguai e a Argentina, é dada quase como certa pela meteorologia. Conforme aponta a LCA Consultores, recentemente, a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration, agência federal norte-americana) apontou uma probabilidade de cerca de 65% de que ocorra o fenômeno climático El Niño de julho em diante, a partir da análise da temperatura das águas no Oceano Pacífico. Na mesma linha, o Bureau of Meteorology australiano apontou probabilidade superior a 70%.

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Os economistas da consultoria apontam que, mesmo não estando claro se o fenômeno será forte, moderado ou fraco, o El Niño costuma gerar aumento de chuvas na região Centro-Sul. Se, por um lado, esse fenômeno pode afetar o desenvolvimento de culturas como o trigo e a cevada e prejudicar a colheita do café e da cana-de-açúcar, dentre outros impactos por outro, ao aumentar a possibilidade de que as chuvas possam superar a média histórica, a ocorrência do fenômeno pode reduzir os riscos de déficits de energia muito elevados – superiores a 5% da carga -, que poderiam demandar um racionamento compulsório de energia elétrica, aponta a consultoria.

A LCA destaca que, nos anos em que ocorreu um El Niño mais moderado, as chuvas foram bem mais intensas nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte e um pouco mais intensas no Sul, este último caso sendo mais intensas no último quadrimestre. E, com exceção da região Nordeste, em todas as demais a afluência média nos anos de El Niño foi significativamente superior àquela observada na média de 2012 e 2013. 

Bom para alguns, ruim para outros…
Embora possa representar um alento para o Brasil no tocante às chuvas e ao risco de racionamento de energia elétrica e água, a ocorrência do fenômeno El Niño aumenta bastante a probabilidade de choques de oferta adversos em várias commodities agrícolas e mesmo em algumas metálicas, tanto por conta de chuvas em excesso nas regiões mais ao sul da América do Sul, como pelas chuvas insuficientes nas regiões próximas à Índia, Indonésia e Austrália”. 

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Os analistas do HSBC, Alexandre Falcão, Gustavo Gregori e Ravi Jain também destacou os possíveis efeitos que o El Niño pode ter para algumas plantações, como no caso da cana. Eles destacam as primeiras estimativas de produção de açúcar da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), de 32,5 milhões de toneladas, mas que pode registrar queda devido ao fenômeno. 

“Os eventos climáticos do El Niño normalmente são negativos para a produção de açúcar em outras regiões do planeta, levando-nos a ver riscos de alta para nossas projeções para os preços do açúcar na próxima safra 2014/15”, apontam.

Apesar dos problemas climáticos, eles destacam que empresas do setor, Cosan (CSAN3) e São Martinho (SMTO3), devem registrar sólidos resultados este ano. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.