Plano estratégico da CCR para os próximos 5 anos mostra que o que já é bom pode ficar melhor, avaliam analistas

Analistas de XP, BBI e BofA citam oportunidades no setor de infraestrutura, espaço para fusões e aquisições, bem como disciplina na alocação de capital

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – A concessionária CCR (CCRO3) apresentou na terça-feira (31), durante o seu dia do investidor – o CCR Day – , o plano estratégico de cinco anos da companhia, que foi recentemente aprovado.

O pipeline de concessões de infraestrutura da empresa totaliza R$ 191 bilhões em investimentos e a gestão está priorizando projetos com retornos reais de dois dígitos e menores riscos de execução.

Segundo analistas do Bradesco BBI, a CCR visa capturar essas oportunidades de crescimento, mas manterá a alavancagem financeira abaixo de 3,5 vezes (ante 2,3 vezes no segundo trimestre) – e não pretende alterar sua política de dividendos.

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As propostas foram bem recebidas por analistas do mercado financeiro, que destacam o bom momento da companhia em 2021 e um caminho ainda melhor pela frente.

Nesta quarta-feira (1), as ações CCRO3 apresentavam leve queda de 0,4% na Bolsa brasileira, por volta das 12h (horário de Brasília), negociadas a R$ 12,20.

Em relatório, a XP escreve que ficou “positivamente impressionada” com o perfil centrado na sustentabilidade da apresentação da companhia – uma indicação positiva, segundo o time de análise, de governança corporativa aprimorada.

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Entre os principais pontos, a XP cita que o crescimento continua no centro da estratégia da empresa (com foco em rodovias, mobilidade urbana e aeroportos), com o estado de São Paulo de volta ao radar.

A plataforma aeroportuária em desenvolvimento e as taxas internas de retorno (TIRs) reais de dois dígitos esperadas em projetos recentes também foram destacadas.

A XP reiterou sua visão positiva sobre as rodovias pedagiadas no Brasil e a preferência pela CCR no setor.

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O que já é bom pode ficar melhor

Como a maior operadora de aeroportos no Brasil após a sexta rodada de privatizações, a CCR deve, segundo o Bank of America, ampliar sua eficiência operacional no segmento e ficar bem posicionada para a sétima rodada, esperada para 2022.

Na avaliação do banco americano, a empresa tem apresentado bom desempenho este ano e deve ter um caminho ainda melhor no futuro. Os analistas destacam novas oportunidades no setor de infraestrutura brasileiro, com expectativa de investimentos de R$ 191 bilhões nos próximos anos, bem como oportunidades de fusões e aquisições em todos os segmentos em que atua.

O BofA tem recomendação de compra para os papéis CCRO3 e preço-alvo de R$ 18 (ou potencial de alta de 47% em relação ao fechamento da véspera).

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Na avaliação dos analistas, CCR está bem posicionada no setor de infraestrutura da América Latina, diante de um bom momento para a companhia, com a compra de novos ativos, exposição a oportunidades de crescimento inorgânico no mercado brasileiro, além de possuir um valuation atrativo.

Também comentando sobre a apresentação, o Bradesco BBI chama atenção para a possibilidade de uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de sua divisão de aeroportos no futuro.

“O plano é analisar o re-leilão do aeroporto de Viracopos e a sétima rodada de concessões aeroportuárias que ocorrerá em 2022. Assim que a CCR se consolidar na América Latina e extrair todas as sinergias potenciais, poderá realizar um IPO de sua divisão aeroportuária ou avaliar uma colocação privada”, explicam os analistas.

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Ainda de acordo com o BBI, a administração da CCR reforçou sua disciplina na alocação de capital e disse que aprendeu com os erros do passado.

“Primeiro, eles reconheceram que é melhor e mais eficiente devolver uma concessão antecipadamente e não manter uma concessão não lucrativa por um período de 30 anos. Em projetos recentes, a administração aplicou sua experiência anterior à MSVia e aprimorou os estudos de tráfego para entender como possíveis mudanças na matriz logística nos próximos anos poderiam afetar as concessões. A administração também observou que essa mudança de mentalidade explica por que a ViaCosteira e a ViaSul estão apresentando fortes desempenhos operacionais, apesar da pandemia”, escreve o time de análise.

O Bradesco BBI mantém sua recomendação de compra para os papéis da CCR, com preço-alvo de R$ 22.

A recomendação, segundo os analistas, é baseada na recente inclusão de três concessões de infraestrutura ao portfólio da companhia, ao “reequilíbrio” relacionado às concessões de rodovias e aeroportos pós-Covid-19, bem como ao potencial atrativo de alta de 74% dos papéis na Bolsa até fim de 2022.

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