Petronas: saiba mais sobre a petrolífera que pode “desafogar” a OGX

Com possível aquisição de campo e parceria no leilão da ANP, estatal da Malásia pode trazer o reforço que faltava para OGX; contudo, rumor precisa virar fato

Paula Barra

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SÃO PAULO – A OGX Petróleo (OGXP3), empresa de petróleo e gás do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, está prestes a anunciar venda de 40% de participação no campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, para a Petronas, a estatal de petróleo da Malásia.

A venda é esperada pelo mercado desde segunda-feira (6) e pode marcar a entrada da companhia no Brasil às vésperas do leilão da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), que será realizado nos dias 14 e 15 de maio, e a OGX pode ser sua parceira estretatégica.

O interesse da empresa no mercado nacional seria na estrutura já montada por Eike Batista no Brasil, uma vez que a OGX já é uma petrolífera com todas as autorizações necessárias e com vários blocos concedidos. A parceria também cairia como uma luva para a brasileira: o mercado espera que a OGX seja “agressiva” no leilão da ANP, e a própria empresa já mostrou interesse, mas o capital investido ainda é um problema. E, nesse ponto, ter um parceiro seria fundamental. 

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O negócio é visto pelo mercado como um marco para a OGX, que pode conseguir, além de uma nova parceria, dinheiro para aliviar sua complicada situação financeira, a qual vem sendo atribuída, juntamente com a queda da produção de óleo, à desconfiança dos investidores.

Parceria ajuda, mas não salva
A injeção de caixa deve melhorar a condição financeira da brasileira, embora não vá solucionar todo seu problema de caixa, avalia o analista Oswaldo Telles, do Banco Espírito Santo. “Novas alternativas devem ser encontradas e implementadas com a manutenção do plano de negócios da empresa no longo prazo”, disse.

O venda do campo sairá por US$ 850 milhões, segundo informações da notícia divulgada no Valor. Do total, US$ 250 milhões serão pagos à vista e US$ 500 milhões no primeiro óleo. Outros US$ 100 milhões vão depender dos volumes de produção diária desse campo, cuja entrada em operação está prevista para o terceiro trimestre. 

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Nem todos estão otimistas
Os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, do Itaú BBA, argumentam que o preço pago será bom, tendo como parâmetro os atuais números revelados para negociação. Entretanto, se tomar como parâmetro os outros poços da companhia, a ação OGXP3 está negociada a múltiplos altos.
 

Os analistas apontam que, caso os números informados estejam corretos, e assumindo que haja 285 milhões de barris de óleo equivalente no campo, o valuation implícito seria de US$ 7,5 por barril, um desconto de 25% em relação à estimativa deles para o preço justo. Porém, um certo desconto já era esperado e, considerando os obstáculos enfrentados pela companhia no campo, o valuation de Tubarão Martelo é até considerado bom. 

Entretanto, caso tivessem que realizar uma marcação a mercado do restante do portfólio da OGX com base no valuation implícito de Tubarão Martelo, haveria uma redução nos níveis pelos quais a companhia está sendo negociada.

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Com isso, os impactos da confirmação da venda e do valuation provavelmente serão neutros ou até negativos para a ação da petrolífera de Eike Batista, acreditam os analistas. Inicialmente, os investidores devem receber bem a entrada de caixa e o fato de outra companhia estar disposta a pagar um valuation bom por um dos ativos da OGX. Entretanto, a marcação a mercado subsequente deve exercer uma pressão para baixo no preço das ações.

Saiba mais sobre a Petronas
A malaia vem expandindo cada vez mais sua participação no exterior. No fim do ano passado, a companhia adquiriu a canadense Progress Energy Resources, por US$ 5,2 bilhões. Com isso, o negócio poderia impulsionar ainda mais o crescimento da Petronas, que atualmente produz 1,4 milhão de barris por dia – a 25ª maior produção mundial, segundo ranking da Forbes.

O grupo Petronas é um dos maiores conglomerados do setor de petróleo e gás do mundo, presente em todos os continentes. No Brasil, a empresa já possui uma fábrica de lubrificantes. A instalação da empresa fica em Contagem (BH) e tem um plano de investimentos que gira em torno de US$ 300 milhões até o final deste ano.

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No entanto, rumor precisa virar fato
Vale ressaltar que o histórico dos rumores envolvendo um possível “plano de socorro” da OGX não é tão animador. No fim de abril, a gigante da russa, Lukoil, era uma das cotadas para salvar a petrolífera de Eike, com a compra de 40% do capital da empresa, porém o negócio não vingou. Tanto a Lukoil quanto a OGX negaram a operação (Veja mais em: Lukoil seria a salvação da OGX Petróleo?).

Como ocorreu com a suposta ajuda da Petrobras (PETR3; PETR4), o mercado especulava que o acordo pudesse ser o início da virada das ações da OGX. A expectativa era que a parceria não somente resgatasse o caixa da brasileira, como ajudasse com tecnologias apropriadas para o desenvolvimento de seus projetos exploratórios.