Petrobras, Vibra e o fim da parceria nos postos BR: como ficam as ações das companhias?

Apesar de notícia ser considerada negativa para empresas, analistas não esperam grandes impactos, já que medida era esperada

Camille Bocanegra

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A Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou, nesta quarta (10), que não pretende fazer renovação de licença de marcas para a Vibra (VBBR3). O contrato atualmente permite que a Vibra utilize as marcas Petrobras e BR em seus pontos de gasolina. O movimento já havia sido ventilado no ano passado e o contrato será encerrado em junho de 2029.

Para analistas, o anúncio é considerado negativo, ainda que esperado, e o contrato ainda prevê um período de transição de 6 anos, além do encerramento em 2029. Por isso, a expectativa dos bancos antes da abertura do mercado é de que não houvesse uma grande reação negativa por parte do mercado hoje e nem maior impacto para as ações de ambas as empresas olhando mais à frente.

Às 12h46 (horário de Brasília), as ações da Vibra subiam 0,44% (R$ 22,60), enquanto PETR3 e PETR4 caíam cerca de 0,8%.

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O JPMorgan considera a Vibra como preferida no setor e reiterou a classificação de overweight (exposição acima da média, similar à compra), inclusive destacando a recomendação de compra caso houvesse queda das ações na sessão desta quarta.

Para o Goldman Sachs, a notícia se apresenta como ligeiramente negativa para Petrobras, uma vez que pode representar a disposição da estatal em retornar ao negócio de distribuição de combustíveis. Já havia rumores dessa intenção no ano passado e a iniciativa é vista com cautela, por exigir alocação adicional de capital e indicar redução da disponibilidade de fluxo de caixa livre para dividendos.

O banco considera a Petrobras como compra, com metas de preço em R$ 45,10 para PETR3 e R$ 41,00 para PETR4, baseadas em um múltiplo 3,3 vezes a relação entre o valor da companhia (EV, na sigla em inglês) sobre lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) para os próximos 12 meses.

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O Itaú BBA destacou que as possíveis alternativas de atuação da Petrobras no setor de distribuição de combustíveis ainda não estão claras mas que uma nova estratégia de marca e novo posicionamento no setor poderiam ser implementados a partir de 2029. De acordo com a análise, o mais provável é que a companhia considerasse aquisição de empresas de distribuição de combustíveis já estabelecidas para entrada no mercado.

“No entanto, não podemos descartar um cenário em que ambas as empresas negociem novos termos e condições e celebrem um novo contrato de marca a partir de 2029”, entende a equipe de análise do banco.

Construção lenta de nova marca

Para Vibra, o anúncio pode ser negativo a longo prazo, mas sem impacto nas operações até 2029, segundo o Goldman. O principal ponto seria a dificuldade na construção de uma nova marca, uma vez que a “BR” conta com reconhecimento no setor de combustíveis, o que poderia influenciar na participação de mercado. Nesse aspecto, a competição poderia ser mais acirrada com a entrada de um novo player (a própria Petrobras), gerando impacto para Vibra, Raízen (RAIZ4) e Ipiranga, da Ultrapar (UGPA3).

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O Bradesco BBI reforçou que, por outro lado, a Vibra deixaria de pagar royalties de 0,03% da receita líquida anual para a Petrobras. Além disso, a marca Lubrax para lubrificantes e a BR Mania (lojas de conveniências presente hoje nos postos BR) são propriedade da Vibra e poderão manter alguma associação com a marca Petrobras.

A análise do JPMorgan destacou a potencial necessidade de maiores gastos com marketing e capex para “rebranding” da companhia, considerando a perda da marca. Contudo, o processo deve ser diluído pelo extenso cronograma presente e, ainda, pelos vários períodos de eleições presidenciais. O banco destaca as potenciais mudanças na gestão da Petrobras como ponto a ser considerado.

“Em outras palavras, a empresa tem bastante tempo para planejar, negociar e iniciar esse processo. A alternativa mais simples seria renegociar os termos do contrato – observamos que, no anúncio da Petrobras, a empresa indicou que não estava interessada em renovar o contrato como está, sugerindo que estaria aberta a explorar condições modificadas”, afirma o JPMorgan.

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A Vibra é vista de forma positiva pelo banco pela combinação de melhorias operacionais, margens consistentes e elevadas de Ebitda, além do múltiplo atrativo em 6,7 vezes EV/Ebitda.

Para o Goldman, que também considera o nome como “compra”, a relação de preço sobre lucro é de 11,5 vezes, com preço-alvo estabelecido em R$ 26,80. Como riscos para o nome, estão os níveis de atividade econômica ainda em patamares mais baixos que o esperado e a implementação de propostas pela equipe econômica do governo, somados aos preços mais altos do Brent e a potencial intervenção do governo nos preços de combustíveis.