Petrobras, Vale e Bradesco divulgam resultados do 3º trimestre na noite desta quarta; veja o que esperar

Já na quinta de manhã será a vez da Ambev, com a expectativa de números positivos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A temporada de resultados conta com um dia bastante importante nesta quarta-feira (28), com os balanços de Petrobras (PETR3;PETR4), Vale (VALE3) e Bradesco (BBDC3; BBDC4) após o fechamento do mercado.

Na próxima quinta-feira (29), antes da abertura da Bolsa, será a vez da Ambev (ABEV3) revelar seus números.

A expectativa é de resultados positivos para as companhias, com a sensação de que o pior já passou após uma primeira metade do ano bastante difícil.

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Porém, com os temores do coronavírus voltando ao radar com a segunda onda na Europa e os investidores monitorando o cenário para o consumo após o fim do auxílio emergencial, as indicações dos executivos das companhias para os próximos trimestres serão observados de perto pelos investidores. Confira o que esperar para os resultados:

Petrobras: resultados significativamente melhores

De volta à vida quase normal. É essa a avaliação que o Credit Suisse tem para o balanço da Petrobras após a companhia passar com maestria, na visão dos analistas do banco, pela crise do Covid-19.

A visão é sustentada pelo preço de combustível mais alto na comparação trimestral e com os números robustos vindos do relatório de produção e vendas. Contudo, os analistas esperam prejuízo, já que a depreciação do real ainda impacta os resultados financeiros.

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A XP também acredita que os resultados deverão ser significativamente melhores em relação ao trimestre passado, refletindo o aumento da produção de petróleo de 6,6% na comparação com o segundo trimestre e os preços 30% mais altos de petróleo brent (US$ 43,3 o barril no terceiro trimestre versus US$ 33,3 o barril no segundo trimestre).

Soma-se a isso ainda uma maior taxa de utilização do parque de refino, estimada em 83% com base nos dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis.  A expectativa é de que a Petrobras registre um prejuízo líquido de R$ 724 milhões no terceiro trimestre, uma piora ante um lucro de R$ 9,09 bilhões do mesmo período de 2019, mas 73,3% menor frente o prejuízo no segundo trimestre de 2020, de R$ 2,71 bilhões.

Enquanto isso, a receita líquida projetada para o trimestre é de R$ 68,08 bilhões, 11,6% abaixo na base anual, mas 33,8% superior frente o reportado no segundo trimestre.

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Ainda no radar da companhia, atenção para as declarações dos gestores em teleconferência que acontecerá no dia 29, às 10h (horário de Brasília).

Eles podem dar mais sinais sobre a política de dividendos após o Conselho de Administração da estatal aprovar mudança na política de remuneração aos acionistas, de forma que a companhia possa pagar dividendo mesmo sem ter registrado lucro. Na visão da XP, o anúncio é muito positivo para as ações da Petrobras, pois a companhia poderá distribuir proventos mais elevados a acionistas antes de atingir a marca de endividamento bruto de US$ 60 bilhões, além dos proventos refletirem melhor a geração de caixa operacional da estatal.

Além disso, podem destacar as perspectivas para a companhia e para o petróleo em meio à recente queda do petróleo com os temores sobre a demanda voltando a rondar o mercado com o surgimento de uma segunda onda do coronavírus na Europa e nos Estados Unidos.

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Confira as estimativas para o resultado da Petrobras, segundo compilação feita pela Refinitiv:

Indicador 3T20E 2T20 % 3T19 %
Lucro R$ 1,147 bi – R$ 2,713 bi R$ 9,087 bi -87,38%
Receita R$ 72,502 bi R$ 50,898 bi +42,45% R$ 77,051 bi -5,90%
Ebitda R$ 29,373 bi R$ 24,986 bi +17,56% R$ 28,842 bi +1,84%
Margem Ebitda 40,84% 49,09% -8,25 p.p. 37,43% +3,41 p.p.

Vale: maiores preços e vendas do minério

Para a mineradora, a expectativa é de um terceiro trimestre positivo, impulsionado por maiores preços e vendas de minério de ferro.

A Vale divulgou relatório de produção no último dia 19 de outubro, que atingiu 88,7 milhões de toneladas no trimestre, aumento de 2,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, mas um salto de 31,2% ante o segundo trimestre. Já o preço do minério de ferro teve alta de 30% na base trimestral.

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Por outro lado, em relação aos custos, a XP ressalta que o frete mais alto pode anular benefícios de custos de produção mais baixos. “Projetamos um Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] de cerca de US$ 5,6 bilhões para o segmento de minério de ferro. Em relação ao segmento de metais básicos, temos um Ebitda maior no trimestre (US$ 585 milhões) com preços mais altos e melhores volumes de níquel com consumo de estoque”, aponta a equipe de análise.

O Itaú BBA também destaca o aumento do custo caixa do minério de ferro, de cerca de 1% numa base sequencial, com o consumo de compras de terceiros com custo mais alto e custos maiores dos fretes marítimos (devido a tarifas mais elevadas e a uma maior exposição a taxas à vista) provavelmente compensando a maior diluição do custo fixo. “Dito isto, esperamos que o ponto de equilíbrio dos custos das entregas na China diminua no futuro, após uma maior normalização das despesas nas operações paralisadas”, afirmam.

Já na divisão de metais básicos, embora as paralisações para manutenção provavelmente levem a uma queda na produção de níquel e cobre, os volumes de vendas se beneficiarão da redução do estoque constituído durante a primeira metade do ano, com um aumento de 20% em termos trimestrais e de 15% em termos trimestrais, respectivamente. Além disso, os preços do níquel e do cobre aumentaram no período  (17% e 22% em termos trimestrais, respectivamente). Por outro lado, a divisão de carvão deve continuar apresentando um desempenho negativo do Ebitda devido aos preços do carvão ainda sob pressão e volumes abaixo dos níveis normalizados.

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A teleconferência da Vale sobre os resultados também será às 10h do dia 29.

Confira o que esperar para os resultados da Vale, segundo compilação feita pela Refinitiv:

Indicador 3T20E 2T20 % 3T19 %
Lucro US$ 3,656 bi US$ 1,180 bi +209,83% US$ 1,879 bi +94,57%
Receita US$ 10,815 bi US$ 7,518 bi +43,85% US$ 10,217 bi +5,85%
Ebitda US$ 6,125 US$ 3,586 bi +70,80% US$ 4,603 +33,07%
Margem Ebitda 56,59% 47,70% +8,89 p.p. 45% +11,59 p.p.

Bradesco: melhora sequencial dos números

Após a divulgação dos números do Santander Brasil (SANB11), confirmando a expectativa de queda das provisões e mostrando uma melhora sequencial do lucro (mesmo assim, os papéis SANB11 tiveram forte queda após o resultado), atenção para os números do Bradesco.

O Credit Suisse espera que o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) seja de 14,1%, alta de 244 pontos-base na comparação com o segundo trimestre, enquanto o lucro líquido gerencial deve ser de R$ 4,852 bilhões (alta de 25%). A margem financeira (NII, na sigla em inglês), por sua vez, deve cair 6,2% na mesma base de comparação pressionado pela composição do portfolio e menores ganhos de tesouraria.

Na avaliação do Itaú BBA, a margem líquida de juros (NIM, na sigla em inglês) provavelmente permanecerá sob ligeira pressão, apesar de um conjunto de empréstimos mais favorável. A margem com o mercado provavelmente diminuirá a partir do terceiro trimestre, parcialmente afetada por uma ampliação da curva dos rendimentos. Espera-se uma recuperação inicial das receitas com tarifas, impulsionada por uma maior atividade dos cartões de crédito e débito.

A qualidade dos ativos deve permanecer sob controle, como previsto pelos dados do Banco Central do Brasil em agosto. “Nossas previsões contabilizam provisões adicionais para perdas com empréstimos, pois prevemos que o banco assumirá uma postura relativamente conservadora em relação ao crédito. Como resultado, os índices de cobertura [relação entre empréstimos inadimplentes e provisões  provavelmente] continuarão aumentando”, afirmam.

Além disso, o Bradesco provavelmente intensificará suas iniciativas de redução de custos, uma tendência no longo prazo. Para o terceiro trimestre, a expectativa do BBA é que o Bradesco tenha despesas administrativas totais estáveis em termos trimestrais e 11,8% abaixo em termos anuais.

A teleconferência sobre os resultados será às 10h30 do próximo dia 29 e, entre os pontos a serem monitorados de perto pelos investidores, estão as perspectivas para a inadimplência com os empréstimos renegociados retornando ao cronograma normal de pagamentos juntamente com os impactos potenciais do fim do auxílio emergencial.

Confira as estimativas para o resultado do Bradesco, segundo compilação feita pela Refinitiv:

Indicador 3T20E 2T20 % 3T19 %
Lucro R$ 4,532 bi R$ 3,873 bi +17,02% R$ 6,542 bi -30,72%
Receita R$ 27,015 bi R$ 21,195 bi +27,46% R$ 25,430 bi +6,23%
Ebit R$ 6,225 bi R$ 5,704 bi +9,13%
Margem Ebit 23,09 26,91 -3,82 p.p.

Ambev: trimestre positivo, mas de olho no futuro

Sobre a Ambev, as expectativas são de aumento nas suas vendas, mas os custos mais altos e a sustentabilidade da demanda seguem sendo fatores a serem observados de perto pelos investidores.

Otimista, o Credit Suisse projeta um crescimento de 14% nas vendas de cerveja no terceiro trimestre no Brasil na comparação anual, embora os preços devam melhorar apenas no quarto trimestre.

A XP Investimentos também destaca a perspectiva de retomada da produção de bebidas alcóolicas no Brasil, que segue acelerada desde junho, mas avalia que a exposição negativa ao câmbio deve seguir pressionando as margens, apenas parcialmente compensada pelas tentativas do setor de reajuste nos preços ao consumidor.

“Nas outras regiões, a retomada de bares e restaurantes deve favorecer as vendas no segmento on-premise, historicamente mais rentáveis em função do mix de produtos e embalagens, enquanto o real desvalorizado frente ao dólar e a boa performance da unidade do Canadá também deve favorecer o resultado consolidado da Ambev”, avalia a equipe de análise.

O Itaú BBA também reforça que as vendas da indústria aceleraram no terceiro trimestre, na medida em que as medidas de bloqueio foram relaxadas. Além disso, parece que a força da distribuição da Ambev pode dar frutos, já que alguns concorrentes continuam lutando para operar durante estes tempos voláteis.

“Espera-se que as margens permaneçam defasadas, na medida em que os canais de comércio off-trade ganham espaço em relação aos canais de comércio on-trade. Prevemos um Ebitda de R$ 2,04 bilhões, com uma queda de 5% em termos anuais”.

A teleconferência e webcast sobre o balanço acontecerão a partir das 11h30.

Confira as estimativas para o resultado da Ambev, segundo compilação feita pela Refinitiv:

Indicador 3T20E 2T20 % 3T19 %
Lucro R$ 1,647 bi R$ 1,328 bi +24,02% R$ 2,498 bi -34,07%
Receita R$ 12,644 bi R$ 11,615 bi +8,86% R$ 11,958 bi +5,74%
Ebitda R$ 4,219 bi R$ 3,348 bi +26,02% R$ 4,396 bi -4,03%
Margem Ebitda 32,49% 28,83% +3,66 p.p. 36,76% -4,27 p.p.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.