Petrobras sobe 2% e Suzano dispara 7% após resultado; Vale ganha R$ 6,8 bi em valor

Mineradora dispara mais de 4% e puxa siderúrgicas após notícias da China; Gafisa despenca e lidera perdas após balanço trimestral

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Em um dia bastante positivo, o Ibovespa se manteve em alta durante todo o pregão e viu apenas 9 das 71 ações do índice fecharem em queda. Entre os maires ganhos do dia, foram 10 papéis com alta de mais de 3%, com destaque para as blue chips Vale (VALE3; VALE5) e Petrobras (PETR3; PETR4). Na ponta negativa, a Gafisa (GFSA3) foi a única sessão que não operou em alta em nenhum momento do pregão e fechou com o pior desempenho do índice após seu resultado.

No caso da Vale, que reflete boas notícias vindas da China, também puxou o desempenho das siderúrgicas. Os papéis ordinários da mineradora subiram 4,72%, a R$ 30,60, enquanto os preferenciais tiveram alta de 4,26%, a R$ 27,63. Com esse desempenho, a mineradora ganhou R$ 6,8 bilhões em valor de mercado neste pregão. Os ativos da Bradespar, holding que detém forte participação na Vale, avançaram 2,15%, a R$ 20,00. Já os papéis da Gerdau (GGBR4), Metalúrgica Gerdau (GOAU4), CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) registraram ganhos de 2,23%1,55%3,32% e 1,04%, respectivamente, a R$ 14,64, R$ 17,70, R$ 9,34 e R$ 8,71.

O gigante asiático prometeu avançar com uma série de reformas nos mercados de capital do país em uma tentativa de aumentar a transparência, encorajar mais alocação eficiente de recursos e aumentar a abertura de investimento estrangeiro, o que pode aumentar a liquidez do mercado por lá. Além disso, a agência de classificação de risco Moody’s afirmou que o PIB do país pode superar os Estados Unidos ainda este ano.

Continua depois da publicidade

Petrobras
Enquanto isso, as ações da Petrobras (PETR3, +2,52%, R$ 17,08; PETR4, +2,04%, R$ 18,03) registraram alta superior a 1%, mesmo com uma leitura neutra do mercado sobre o resultado do primeiro trimestre. Segundo a XP Investimentos, o balanço ficou um pouco em segundo plano em um momento que o mercado está mais interessado nas pesquisas eleitorais, que têm movimentando as ações da estatal mais do que propriamente seus fundamentos. 

A Petrobras encerrou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 5,393 bilhões, queda de 30% na comparação com o mesmo período de 2013, devido a uma provisão bilionária para seu programa de demissões voluntárias e em meio a uma ligeira queda na produção. O resultado dos três primeiros meses do ano ficou ainda 14% abaixo do lucro líquido de R$ 6,281 bilhões no quarto trimestre de 2013, quando a companhia teve um benefício fiscal de R$ 3,2 bilhões relativo ao provisionamento de juros sobre capital próprio, citou a empresa.

Após destacar os pontos positivos e negativos, os analistas do Credit Suisse concluíram que a Petrobras continua apresentando resultados “apertados” e ainda permanece dependente dos aumentos de preços de combustíveis e de elevação dos níveis de produção, o que ainda não aconteceu apesar do forte rali eleitoral, que elevaram o preço de suas ações em cerca de 60% nos últimos dois meses

Continua depois da publicidade

Gafisa
Do lado negativo, o destaque ficou com as ações da Gafisa (GFSA3), que caíram 3,36%, a R$ 3,45, na pior posição do Ibovespa. Essa é a sexta queda consecutiva dos papéis. Seguiu o mesmo desempenho negativo os papéis da PDG Realty (PDGR3-2,98%, R$ 1,63), que ficaram com a segunda maior queda do dia. A incorporadora teve prejuízo de R$ 39,8 milhões no primeiro trimestre deste ano, ante perda de R$ 55,5 milhões no mesmo período do ano anterior. Entre cinco estimativas de analistas obtidas pela Reuters, não houve consenso para a linha final do resultado da Gafisa, com as estimativas indo de lucro de R$ 22 milhões de reais a prejuízo de R$ 38 milhões.

Segundo a XP Investimentos, o resultado da empresa foi negativo, com VSO (Velocidade de Vendas) bem baixo, na casa dos 7,5%, e margens reduzidas. O ponto positivo ficou com a geração de caixa, tanto na divisão Gafisa quanto Tenda. Os analistas comentaram que o cenário permanece bastante desafiador ao setor e, por isso, preferem não ter exposição a esses papéis. Enquanto isso, o analistas Marcello Milman, do BTG PActual afirmou que “a lenta virada na rentabilidade na Tenda, assim como a inesperada perda em Alphaville podem prejudicar a confiança dos investidores na tese de investimento”.

Suzano
Já na liderança do índice, os papéis da Suzano (SUZB5) registraram alta de 7,19%, a R$ 7,75, refletindo os números do primeiro trimestre. A fabricante de papel e celulose divulgou nesta segunda-feira um lucro líquido de R$ 201 milhões no primeiro trimestre, quase cinco vezes superior aos R$ 42 milhões registrados em igual período do ano passado. A geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) chegou a R$ 499 milhões , alta de 52,6% na comparação anual.

Continua depois da publicidade

Segundo a equipe da XP Investimentos, o balanço foi interessante, com destaque para o bom controle de custos e das despesas. “Junto a isso, vimos que a paridade Real dólar encontrou certo suporte na casa dos R$ 2,20 – R$ 2,25 o que pode ser considerado ainda um bom patamar para um exportador”, afirmaram em relatório. Além disso, eles ressaltam que o inicio da operação de Maranhão abre espaço para uma reação positiva do papel no curto prazo.

Marfrig
Com fortes ganhos nesta sessão, as ações da Marfrig (MRFG3) fecharam com valorização de 2,35%, a R$ 4,80. A companhia teve prejuízo líquido de R$ 96,4 milhões no primeiro trimestre ante perda de R$ 59,6 milhões em igual período do ano passado, conforme divulgado nesta segunda-feira pela segunda maior processadora de carne bovina do país. Entretanto, entre janeiro e março, a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 392,7 milhões, alta de 7,2% na comparação anual.

Segundo a XP Investimentos, o resultado da Marfrig ficou em linha com o esperado pelo mercado nas principais linhas operacionais. No entanto, o que chamou atenção foi a melhora no fluxo de caixa operacional da empresa, com melhoras na administração de capital de giro. Para os analistas, os resultados da empresa têm mostrado uma consistência importante nos últimos trimestres, reflexo do trabalho da nova administração. Ainda assim, a companhia segue sendo um case complexo, com elevada alavancagem e com sérios desafios operacionais.

Continua depois da publicidade

Em coletiva com a imprensa, o CEO (Chief Executive Officer) da companhia de alimentos, Sergio Rial, deu ênfase a mais um crescimento trimestral nas operações e também à melhora no perfil da dívida do grupo, que tem sido severamente questionada pelos analistas nos últimos anos. Segundo ele, a companhia tem atingido seu objetivo primordial, que é gerar valor ao acionista na forma de dividendos.

Eneva
As ações da Eneva (ENEV3) abriram com forte disparada nesta sessão depois que a empresa confirmou um aumento bilionário de capital. Diante da forte demanda de investidores, os papéis da empresa ficaram parados por cerca de 20 minutos em leilão de abertura para definição de preço. Já no primeiro minuto de negociação, os ativos chegaram a subir 11%, a R$ 1,41. Entretanto, retornaram para leilão após poucos minutos. Após voltarem a ser negociados, os papéis da companhia seguiram com forte alta e fecharam com ganhos de 10,24%, para R$ 1,40.

O movimento ocorre após a empresa do setor elétrico, ex-MPX Energia, ter confirmado nesta manhã que irá promover aumento de capital de até R$ 1,5 bilhão. Uma de suas controladas, a E.ON, comprometeu-se a entrar com até R$ 570 milhões. A operação será realizada em duas etapas. A informação havia sido antecipada pelo InfoMoney na semana passada. 

Continua depois da publicidade

O acordo da alemã E.ON foi realizado com quatro bancos – BTG Pactual, Citibank, HSBC e Itaú Unibanco, visando implementar uma série de medidas visando fortalecer a estrutura de capital da companhia, segundo comunicado enviado hoje à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Autometal
As ações da Autometal (AUTM3) registraram alta de 0,38%, cotadas a R$ 18,58, reagindo a confirmação da OPA (Oferta Pública de Aquisição) das ações da empresa. A CIE Automotive, controladora da Autometal, irá adquirir todos os papéis em circulação da empresa, ao preço de R$ 19,11 por ação, com a finalidade de fechar o capital da empresa. Considerando o último fechamento da bolsa (R$ 18,51), os acionistas da empresa receberão um prêmio de 3,24%. A contagem dos 15 dias para eventual pedido de revisão de preço iniciou-se na última sexta-feira (9) e encerra-se em 26 de maio.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.