Petrobras pode ter que refazer planos, balanço forte da JBS, recomendações e mais 8 notícias

Confira os destaques desta terça no noticiário corporativo

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – O noticiário é movimentado para as empresas, com o balanço da JBS, a possível retomada do zero de planos da Petrobras,  a CCR explicando os motivos para ficar de fora do leilão de aeroportos, enquanto a Eternit foi processada pelo uso de amianto, além de recomendações. Confira os destaques desta terça:

JBS (JBSS3)
A JBS informou a celebração na última segunda-feira (13), por meio de sua controlada JBS USA, da aquisição da Plumrose nos Estados Unidos. Segundo a companhia, o valor da aquisição foi de US$ 230 milhões e dá continuidade a estratégia da empresa de expandir o seu portfólio de produtos e fortalece a sua base de clientes e distribuição geográfica nos Estados Unidos.

A Plumrose opera no segmento de produtos preparados e de alto valor agregado, incluindo bacon, presunto, carnes fatiadas, e cortes suínos, comercializados através de marcas reconhecidas, explica a JBS. Estão incluídas na operação: (i) cinco fábricas de produtos preparados localizadas nos estados de Indiana, dois em Iowa, Mississippi e Vermont; (ii) dois centros de distribuição localizados em Indiana e Mississippi. A receita líquida anual da Plumrose é de aproximadamente US$ 500 milhões.

Continua depois da publicidade

A companhia também apresentou seu resultado, reportando um lucro líquido de R$ 693,9 milhões no quarto trimestre do ano passado, revertendo o prejuízo de R$ 275,1 milhões de um ano antes. No acumulado de 2016, a JBS apresentou queda de 91,9% no lucro, passando de R$ 4,64 bilhões para R$ 376 milhões.

A receita líquida, por sua vez, recuou 11,7% no quarto trimestre ante o mesmo período de 2015, ficando em R$ 41,63 bilhões entre outubro e dezembro, ao passo que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), ficou praticamente estável, em R$ 3,112 bilhões.

Em 2016, a empresa registrou receita líquida de R$ 170,38 bilhões, leve alta de 4,6% sobre os R$ 162,91 bilhões do ano anterior. Já o Ebitda, recuou 15,1%, passando de R$ 13,30 bilhões para R$ 11,29 bilhões entre 2015 e 2016.

Continua depois da publicidade

De acordo com o Bradesco BBI, o balanço apresentado foi forte, com o Ebitda em linha com a expectativa do mercado. “Nós destacamos a USA Beef, que reportou uma margem Ebitda de 7,3% (ante a estimativa já otimista do banco de 5%)”, aponta o analista Gabriel Lima. O banco ainda destacou que a Seara reportou o mesmo nível de lucratividade da BRF, mas com melhores volumes. A expectativa é de uma alta do Ebitda de 30% na base anual, impulsionada pela operação americana. O banco mantém recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 18,00. 

Por outro lado, o Itaú BBA revisou o preço-alvo para baixo, de R$ 17,00 para R$ 16,00, levando em conta as estimativas macroeconômicas, com o que inclui um dólar a R$ 3,22 (ante R$ 3,27). 

Cemig (CMIG4)

Em resposta à notícia sobre possível IPO de subsidiárias, a Cemig informou que tem estudado alternativas de financiamento nos mercados de capitais, seja doméstico ou internacional, com o objetivo específico de otimizar o perfil de
sua dívida. Até a presente data, entretanto, o conselho de administração
da Cemig não aprovou captações.

Sobre eventual privatização, a companhia informou em comunicado que, até o momento, não tem conhecimento da existência de um processo em andamento.  Em outro comunicado, Cemig diz que estuda possíveis ações para redução da dívida, aumento de produtividade e revisão do portfólio de participações, com foco no core business e priorizando empresas onde se detém o controle acionário.

“Naturalmente, uma privatização destravaria mais valor do que as outras alternativas. As ações PN não possuem direitos tag-along, portanto, quanto melhor o acordo de acionistas e a capacidade do novo parceiro em execução, maior o potencial para destravar valor para os acionistas”, analisa o BTG Pactual.

Petrobras (PETR3;PETR4)

O Tribunal de Contas da União (TCU) poderá obrigar a Petrobras a recomeçar do zero projetos de venda de ativos para corrigir procedimentos considerados irregularidades, informa a Agência Estado. A proposta deve ser apresentada em plenário pelo relator do processo que avalia os desinvestimentos da estatal, José Múcio Monteiro, em julgamento previsto para esta quarta-feira, 15. Um novo voto, com esse entendimento, estava sendo preparado nesta segunda-feira pela equipe do ministro, após discussões com outros integrantes da corte.

O TCU determinou em dezembro do ano passado que a Petrobras suspendesse a assinatura de seus projetos de venda até uma nova deliberação. Permitiu o prosseguimento de apenas cinco negócios, levando em conta a necessidade de caixa da companhia. O principal motivo da paralisação foi a identificação de “riscos” na sistemática adotada para as alienações. O tribunal concluiu que os procedimentos poderiam ferir diretrizes da lei de licitações e favorecer atos ilícitos, como o “direcionamento e o ajuste de preços”. Por isso, determinou uma série de correções à estatal antes de a retomada ser novamente avaliada e autorizada. 

A Petrobras apresentou em janeiro documentação ao TCU informando que todos os ajustes foram feitos e pediu a liberação dos projetos. A companhia se comprometeu a adotar os procedimentos exigidos pela Corte para todos os novos negócios, desde a primeira fase. Mas requereu que, para dez deles, considerados prioritários e que já estavam em curso, as novas práticas fossem adotadas a partir da etapa em que foram suspensos. Caso contrário, poderia haver atraso, em consequência, na entrada de ao menos US$ 6 bilhões em caixa, num contexto de urgente necessidade de captação dos recursos.

Em entrevista ao jornal O Globo, Pedro Parente, presidente da estatal, destacou que o programa de venda de ativos da Petrobras não é uma alternativa, não é uma escolha, é uma necessidade.  O TCU quer melhorar as características do programa para se adequarem melhor aos princípios constitucionais.

A Petrobras mandou convite aos possíveis interessados que possam se adequar às exigências do projeto, mas não fez edital público, o que o TCU avalia não estar de acordo com os princípios da publicidade, diz Parente. Vamos seguir a orientação do Tribunal, continuar escolhendo, mas vamos dar publicidade. Parente diz que demora na venda de ativos pode afastar potenciais interessados e acrescenta que não houve  desistência formal, mas uma das interessadas desmobilizou a equipe, sem revelar o nome. O atraso na venda de ativos pode levar Petrobras a voltar a fazer ajustes em outras três variáveis, que são a política de preços dos combustíveis, investimentos e custos, disse Parente ao jornal.

A Petrobras ainda informou que Pasadena pode reiniciar atividades em 14 de março. A manutenção de refinaria está quase concluída, segundo comunicado às autoridades regulatórias do Texas. “O reinício pode começar ainda nesta terça-feira ou em 17/março, ou depois”, afirmou a estatal. Ainda sobre Pasadena, o TCU detectou um novo prejuízo, de US$ 33,8 milhões, na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), segundo a Coluna do Broad, do Broadcast. Auditores da Corte e o MP apontam pelo menos quatro ex-executivos da Petrobras como responsáveis pelas perdas. Indicam também que a Astra Oil, ex-sócia no negócio, deve responder pelo débito. 

Hypermarcas (HYPE3)

O controlador da Hypermarcas João Alves de Queiroz Filho elevou a sua participação acionária na Igarapava Participações, parte do acordo de acionistas da companhia, o que por consequência ampliou sua fatia no capital da Hypermarcas.

Queiroz Filho passou a deter 487.500 ações ordinárias de emissão da Igarapava, o que equivale a 99,49% do capital social da empresa de participações. Com isso, Queiroz Filho elevou sua fatia no capital social da Hypermarcas de 17,55% detidos anteriormente para 21,44%.  O objetivo da participação acionária é estritamente de investimento, não havendo modificação no controle acionário ou na estrutura administrativa, informou a Hypermarcas.

ABC Brasil (ABCB4) e Banco do Brasil (BBAS3)

A recomendação para o ABC Brasil  foi cortada pelo Bradesco BBI de outperform para neutro com preço-alvo de R$ 21,00, em meio à forte alta das ações. Já o Banco do Brasil segue top pick do setor. O Itaú Unibanco segue com recomendação neutra, enquanto o Santander é underperform. 

Oi (OIBR4)
Segundo o Estadão, o presidente da Oi, Marco Schroeder, vem manifestando o desejo de conduzir a transição de seu cargo após encaminhar as principais diretrizes da reestruturação da tele. A companhia acredita que a aprovação do plano seja possível ainda este ano. Mas dada a quantidade de credores envolvidos na reestruturação do passivo de R$ 65 bilhões e do conflito com os acionistas, pode ser que tudo leve um pouco mais de tempo. 

Rumo (RAIL3)

Segundo o Valor, a Rumo, vai avaliar propostas de investidores para fazer uma injeção de capital na América Latina Logística Malha Sul. Uma de suas empresas, na qual detém 100% das ações, a ALL Malha Sul tem operações nos estados da região Sul do país. Conforme apurou o Valor, o plano de capitalização em estudo prevê um montante de R$ 2 bilhões. 

CCR (CCRO3)
Quatro grupos entregaram na segunda documentação para o leilão de quatro aeroportos do país na quinta-feira, um número menor de interessados que o sinalizado no final da semana passada por fontes do governo federal. O governo federal leiloará na quinta-feira as concessões para os aeroportos de Salvador (BA), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC), no primeiro teste importante da confiança dos investidores no país sob o comando do presidente Michel Temer.

Em entrevista para a Bloomberg, Leonardo Vianna, diretor de Novos Negócios da CCR explicou os motivos para a companhia não participar da concorrência. “Os projetos não se enquadram dentro de perfil de resultados que nossos acionistas estipulam e da nossa disciplina de capital”, afirmou.

Ele explicou que o principal motivo para a empresa ter ficado de fora do leilão foi “o problema da demanda”. “Na hora que a gente simula a demanda (de passageiros) projetada com os estudos apresentados pelo governo a defasagem é muito grande”, disse Vianna, acrescentando que no caso de Salvador a diferença chegava a cerca de 20%.

Segundo ele, os três principais elementos que inviabilizaram uma proposta do grupo foram: (i) comparação entre cálculos feitos pelo governo do tráfego dos aeroportos que estão sendo leiloados e cálculos da empresa apontaram defasagem de até 25%; (ii) estimativa de Capex da CCR também foi superior à prevista nos editais; e (iii) condições de financiamento do BNDES diminuíram enquanto o custo de mercado está muito alto.

Um dos grupos é a francesa Vinci Airports, que submeteu proposta para disputar o leilão de pelo menos dois dos quatro aeroportos, disse uma fonte com conhecimento do assunto nesta segunda-feira, sem detalhar quais terminais. A Vinci foi a primeira a entregar os documentos nesta segunda-feira. O prazo para apresentar a documentação acabou às 16h.

Suzano (SUZB5)
A Suzano Papel e Celulose anunciou na segunda um fundo em parceria com o banco Rabobank para financiar clientes locais da companhia. O instrumento, estruturado como Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), “permitirá uma oferta adicional de crédito a clientes locais da Suzano no valor de até 100 milhões de reais”.

“A partir dessa operação, a Suzano se torna a primeira empresa brasileira do setor de papel e celulose a viabilizar uma nova linha de crédito nesses moldes”, afirmou a companhia em comunicado ao mercado.

Eternit (ETER3)
A Eternit informou que foi notificada na tarde de sexta-feira (10) de uma ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho contra a companhia. O processo se encontra em curso na 1ª. Vara do Trabalho de Colombo, Estado do Paraná.

Na ação, o MPT acusa a Eternit de expor os empregados da sua fábrica em Colombo ao amianto e pede que a companhia substitua o produto por fibras alternativas em até 90 dias, sob pena de multa diária de R$ 500 mil. Solicita ainda a condenação da empresa a pagar uma indenização de R$ 85 milhões por dano moral coletivo.

A companhia informou que “foram pleiteados diversos pedidos em caráter liminar, dentre eles a substituição da matéria prima dentro do prazo de 90 dias, tendo sido indeferidos pelo Juízo de 1ª. instância”.

Por fim, a Eternit disse que “cumpre as normas e procedimentos de segurança estabelecidos pela lei […] Oportunamente a empresa apresentará sua defesa e espera que sejam consideradas as evidências técnicas e científicas no julgamento desta ação”.

Atualmente, a companhia tem valor de mercado de R$ 254 milhões, ou seja, a multa pedida no processo representa 33,5% do que a empresa vale. Além disso, segundo o site Fundamentos, a Eternit tem um ativo hoje de R$ 871,7 milhões, com disponibilidade de R$ 8,87 milhões. Ou seja, a companhia não tem hoje capital suficiente para pagar esta multa se for condenada.

Metal Frio (FRIO3)

A Metal Frio informou que o Conselho de Administração da companhia aprovou o grupamento de ações na proporção de 15 para 1. A proposta de grupamento depende de aprovação em assembleia geral dos acionistas a ser convocada oportunamente pela administração. 

(Com Reuters, Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.