Petrobras (PETR4) deve fazer anúncios sobre política de preços na próxima semana e reajustes não estão descartados, diz CEO

De acordo com o novo executivo, petroleira estatal irá priorizar estabilidades de preço e tentará amenizar a volatilidade do mercado

Vitor Azevedo

Jean Paul Prates (Waldemir Barreto/Agência Senado)

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O presidente da Petrobras (PETR3;PETR4) Jean Paul Prates afirmou que a companhia deve fazer anúncios sobre a política de preços de combustíveis na próxima semana, mas sem falar de uma data específica. Segundo o CEO, há possibilidade ainda de anunciar também reajustes nos preços.

“Já demos indicações, porém, de como será essa mudança. O critério a ser utilizado será o de estabilidade contra a volatilidade. Não precisamos voltar a um tempo que não tínhamos reajustes, como em 2006, que não teve nenhum, mas também não precisamos fazer igual a 2017, quando tivemos mais de 100 reajustes”, explicou o executivo em coletiva com jornalistas após a publicação, na véspera, do resultado do primeiro trimestre de 2023.

Prates disse ainda que a Petrobras seguirá uma referência internacional, mas prezará pela competitividade no mercado interno, sem “perder vendas”.

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” Nossos clientes são as distribuidoras de combustíveis e de GLP. Após a venda da Vibra VBBR3, não entregamos direto ao consumidor”, contextualizou. “Nós, como empresa, assumiremos os critérios de estabilidade e de atratividade. Antes, a Petrobras estava abdicando das vantagens nacionais que possui. Nós temos, por exemplo, refinarias ao lado do nosso cliente principal. Tudo isso faz parte de um modelo de preço empresarial e nós o apresentaremos melhor na semana que vem. Podermos ter reajuste de preços? Podemos”.

O presidente da estatal ainda mencionou que a política nacional de preços é algo que “vai além das portas da Petrobras”. Segundo ele, o governo pode, por exemplo, agir controlando estoques, com um fundo de estabilidade ou observando o comportamento das distribuidoras.

Quanto à política de proventos, Sergio Caetano Leite, novo diretor financeiro da estatal, falou que a companhia acompanhará o comportamento dos principais players do setor de petróleo. “Somos uma empresa global, apesar da sede ser no Brasil. Há ADRs listados na Bolsa de Nova York. Se estamos no stand global, é natural que o nível de dividendos se assemelhe a empresas as outras majores de petróleo”.

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Reconsideração de acordos, Braskem e indústria naval

Os executivos da Petrobras ainda abrangeram, na coletiva, outros assuntos que estão gerando polêmicas em volta da empresa.

Quanto à revisão de contratos de vendas, em meio ao processo de desinvestimento da estatal, Prates afirmou que a Petrobras não irá descumprir acordos. Mais cedo, em teleconferência com analistas, diretores já haviam afirmado que os contratos assinados e processos que caminham para o final serão honrados.

“Não iremos descumprir acordos, mas iremos reavaliar alguns. No caso das refinarias, a Petrobras se voluntariou ao Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] para vende-las, sem maiores estudos de mercado. Queremos, contudo, colocar novas perspectivas”, defendeu o presidente.

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Quanto à Braskem (BRKM5), companhia na qual a Petrobras é uma das controladoras, os diretores afirmaram que, até então, não foram comunicados sobre nada.

“Braskem tem sido foco de muita especulação. Nós, até o momento, sabemos que o consórcio de bancos ligado a Novonor recebeu uma proposta não vinculante, que só será firme se algumas coisas saírem do papel”, explicou o CFO. “Nós não recebemos até então nenhuma proposta oficial para nos manifestarmos. Como sócios cuidadosos, estamos acompanhando o caso. Se a oferta sair do papel, nós nos manifestaremos”.

Jean Paul Prates ainda tratou de afirmar que não existem rixas entre a Petrobras, o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente no que tange a exploração de petróleo na Foz do Amazonas. Recentemente, surgiu no noticiário que a questão havia se tornado uma rusga entre as partes envolvidas.

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“A questão está se tornando uma decisão do estado brasileiro. Estamos conversando com o Ibama, com a ministra Marina. Ela falou da diferença de política entre o governo anterior e o atual. Nós estamos em um diálogo”, expôs o executivo. “O Estado brasileiro, em algum momento lá atrás, licitou esse bloco. As empresa pagaram o bônus e agora há um embate interno entre autoridades. Houve licitação mas, em outro momento, outro órgão contestou. Nós vamos respeitar qualquer decisão a ser tomada”.

Por fim, Carlos Travassos, diretor de Engenharia da Petrobras, defendeu que a empresa voltará a impulsionar a indústria naval brasileira.

“A Petrobras reconhece a importância de desenvolver uma indústria local. Vários países fazem isso”, defendeu o diretor. “É natural, esperado e correto que façamos isso. Seja para desenvolver uma indústria, seja para estabelecer uma proteção para a atividade econômica que é importante para o país”.