Petrobras e Vale desabam 5%; “revolução dos micos”: duas microcaps vão de queda de 36% à alta de 100%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta segunda-feira

Paula Barra

(Bloomberg)

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SÃO PAULO – O Ibovespa viveu sessão de “sell off” nesta segunda-feira (30), com apenas três de suas 59 ações em alta: Fibria, Suzano e JBS. A Fibria se descolou da queda do dólar frente ao real e teve ligeira alta, em meio à expectativa pelo balanço do 4° trimestre, que será divulgado após o fechamento deste pregão (veja aqui a agenda de resultados). O índice teve hoje sua maior queda diária desde 1° de dezembro, no segundo pregão seguido de perdas. O benchmark da bolsa brasileira fechou em baixa de 2,62%, a 64.301 pontos.

Lideraram as perdas do índice as ações da Vale, Petrobras e siderúrgicas, que afundaram até 5%. Enquanto as ações da Petrobras seguiram o dia negativo do petróleo, a Vale e siderúrgicas passaram por mais um pregão sem referência das cotações do minério de ferro em meio à pausa na China por conta do Ano Novo Lunar. 

Chamou atenção também algumas ações de baixíssima liquidez na Bolsa: enquanto a Tectoy subiu 100%, fechando na máxima do dia, os papéis da Karsten tiveram forte correção, após disparada neste início do ano. Hoje, essas ações caíram até 36%, mas ainda acumulam alta de 240% no ano. 

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Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 16,14, -5,50%; PETR4, R$ 14,84, -4,99%)
As ações da Petrobras acentuaram as perdas nesta tarde, registrando sua terceira queda seguida, em dia de queda dos preços do petróleo no mercado internacional. Lá fora, os contratos WTI fecharam em queda de 1%, a R$ 52,63 o barril, enquanto o Brent recuava 0,56%, a US$ 55,21 o barril. 

Destaque ainda para duas notícias sobre Petrobras. Segundo o jornal O Globo, apesar da estatal ter solicitado autorização à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para contratar no exterior a primeira plataforma (FPSO) de produção da área de Libra, no pré-sal, a companhia disse à publicação ser possível que uma parte dos equipamentos seja fabricada no Brasil. Isso poderia gerar em torno de 25 mil empregos diretos e indiretos, de acordo com estimativas da indústria. 

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Já o jornal O Estado de S. Paulo informa que  o governo prepara um megaleilão de áreas exploratórias do pré-sal em novembro. Será a quarta e a maior licitação no setor de petróleo neste ano, o que, na avaliação do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, pode elevar muito a arrecadação da União com bônus do setor, inicialmente prevista para R$ 4,5 bilhões. Ele ressalta que medidas adotadas pelo governo, como a mudança nas exigências de conteúdo local, visam aumentar a competitividade do País para atrair investidores internacionais para a disputa.  “Para atrair outras empresas, como a ExxonMobil e outras grandes, e eles estão de olho no pré-sal, a ideia seria colocar novas áreas e, em vez de esperar 2018, fazermos em 2017”, disse o ministro. O governo ainda não tem uma estimativa de arrecadação para essa licitação.

Vale (VALE3, R$ 32,25, -4,30%; VALE5, R$ 30,44, -5,17%)
Em mais uma sessão sem referência das cotações do minério de ferro, por conta da pausa na China para o Ano Novo Lunar, as ações da Vale e Bradespar (BRAP4, R$ 20,56, -4,59%) – holding que detém participação na Vale – caíram forte nesta sessão. 

Acompanharam o movimento negativo as ações das siderúrgicas, com CSN (CSNA3, R$ 11,47, -5,21%), Usiminas (USIM5, R$ 5,03, -3,08%), Gerdau (GGBR4, R$ 12,04, -4,22%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 5,45, -5,22%). 

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Braskem (BRKM5, R$ 32,80, -4,09%)
As ações da Braskem tiveram sua maior queda em um mês após seu conselho de administração ter assinado acordo, em 27 de janeiro, para comprar fatia da Odebrecht na Cetrel por R$ 610 milhões. Segundo analistas de mercado, o acordo levanta dúvidas sobre estratégia e governança da Braskem, sugerindo que negócio pode ter sido imposto pelos acionistas controladores. A Odebrecht tem fatia de 23% na Braskem. 

Frigoríficos
O BTG Pactual cortou a recomendação da Marfrig (MRFG3, R$ 6,40, -3,32%) para neutra, em meio à expectativa de que a companhia registre resultados poucos inspiradores, com queda de 17% do Ebitda na comparação anual. O preço-alvo também foi reduzido de R$ 9,00 para R$ 7,60.

Por sua vez, o banco manteve a Minerva (BEEF3, R$ 11,60, -1,28%) como sua “top pick” no setor, projetando um balanço positivo a ser divulgado no dia 21 de fevereiro, com a mais forte margem Ebitda do ano. A BRF (BRFS3, R$ 43,98, -2,89%) seguiu com recomendação de compra, mas a expectativa é de um quarto trimestre negativo. A recomendação da JBS (JBSS3, R$ 11,95, -0,08%), seguiu neutra, apesar dos analistas do BTG esperarem um trimestre mais positivo no segmento de carnes no quarto trimestre, com alta de 6% das margens.

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O Santander também fez um relatório de análise sobre o setor de alimentos e bebidas, continuando a ver oportunidades de longo prazo em Minerva, JBS e BRF, mas esta última continua lutando com dinâmicas desafiadoras de curto prazo. “Apesar de esperarmos que o ‘momentum’ se acentue em 2017 (melhora do ciclo da carne bovina, menores custos de grãos/insumos e perspectiva de moeda mais fraca), acreditamos que os investidores podem esperar um pouco mais para aumentar suas participações no setor”. 

Eles ainda destacam a crescente convicção em JBS, devido a um ano forte em todos os seus negócios, declínio do endividamento com geração consistente de caixa e uma potencial reclassificação após a listagem da JBS Food International (esperada para o primeiro semestre. “Em contrapartida, a BRF parece estar pronta para mais um trimestre fraco à frente e a recuperação no Brasil pode levar mais tempo do que inicialmente esperado”, apontam.

Ainda sobre JBS, a JBS Foods informou que John Boehner será membro independente do conselho. Boehner foi o 53º líder do Congresso dos Estados Unidos e será membro independente do conselho de administração da JBS Foods International, segundo comunicado ao mercado. Além dele, os outros membros independentes serão Greg Heckman, Charles Macaluso, Steven Mills e Dimitri Panayotopoulos. Os indicados deverão iniciar suas atividades na JBS Foods após a sua listagem na Nyse, “A JBS manterá o mercado informado quanto aos próximos passos associados à listagem da JBSFI”, diz o comunicado.

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Além disso, segundo a Bloomberg, a profileração de focos da gripe aviária na Ásia e na Europa pode levar a um aumento das exportações de frango do Brasil. O maior exportador mundial de frango, o Brasil segue sem registrar casos da doença, que está levando ao abate em massa de aves – mais de 30 milhões somente na Coreia do Sul – em outras partes do mundo. Assim, a expectativa da indústria é que Brasil preencha lacuna deixada por países que tiveram suas exportações banidas após registros da doença. EUA, que já registraram casos de gripe aviária no passado, também poderiam se beneficiar. “A situação global piorou desde o meio de dezembro”, diz Nan-Dirk Mulder, analista da Rabobank International em Utrecht, Holanda. “Países como o Brasil e os EUA irão capturar market share da União Europeia em mercados internacionais”.

Bancos
Duas notícias sobre bancos devem agitar o pregão. O jornal Folha de S. Paulo informa que, depois da pressão para a queda nos juros do cartão de crédito, com a imposição de prazo máximo para que um cliente fique no rotativo, o governo agora cobra dos bancos a redução das taxas do cheque especial. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) montou um grupo de trabalho para buscar alternativas que possam diminuir o custo da linha, hoje em 328,6% ao ano.  Até então, bancos não discutiam medidas para reduzir o juro do cheque especial, destaca o jornal. 

Além disso, em relatório, o Santander destacou ver recuperação mais rápida dos bancos no quarto trimestre.  “Nesta temporada de balanços, deve se tornar evidente que os bancos estão se recuperando mais rapidamente do pobre ciclo macroeconômico do que as financeiras não-bancárias”, segundo relatório assinado por Henrique Navarro, Olavo Arthuzo e Bruno Mendonca.

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“Em geral, esperamos que os ROAEs dos bancos cresçam na comparação trimestral, enquanto que as margens e ‘ratios’ combinados se contraiam – e, em média, esperamos que isso continue nos próximos trimestres”, “Consequentemente, dado o nosso potencial de retorno médio para bancos (16%) e não-bancos (9%), vemos os últimos como uma forma menos custosa de obter exposição a seguros, aquisição, fidelidade e outros segmentos”. 
“Acreditamos que as melhores oportunidades de negociação de curto prazo para os resultados do quarto trimestre são: comprado SULA X PSSA; comprado BBDC X CIEL; e comprado em SMLE e bancos”, apontam. 

Sobre bancos, os analistas preveem bons resultados para o Bradesco com o impacto líquido do HSBC Brasil e outra rodada de melhoria da qualidade dos ativos no balanço do Itaú. “Para o Banco do Brasil (BBAS3, R$ 30,52, -2,77%), damos o benefício da dúvida e não descartamos um viés positivo para correção, pois acreditamos que o mercado tenha reagido exageradamente quando a mudança de guidance foi divulgada. Recomendamos que os investidores mantenham posições compradas (long) em bancos para os resultados do quarto trimestre”, destacam.  

Log-In (LOGN3, R$ 4,30, +16,85%)
Depois de rali de 30% do dia 11 a 19 de janeiro, as ações da Log-In voltaram a chamar atenção na Bovespa, fechando na máxima do dia, sem nenhuma notícia sobre a empresa no radar do mercado. O volume financeiro movimentado com os papéis atingiu R$ 5,6 milhões, contra média diária de R$ 879,7 mil.

Na metade de janeiro, William Castro Alves, diretor da Valor Gestora de Recursos e blogueiro do InfoMoney, comentou o porquê considera esse – a Log-In – um case interessante na Bovespa (ação que ele tem em carteira e corresponde a 2% do seu capital). Segundo ele, a companhia poderia valer hoje entre duas e três vezes mais do que vale. “O desconto de mais de 60% ao seu valor de patrimônio e a mudança decorrente do novo management da empresa me fazem acreditar que há espaço para o ativo ser reprecificado em bolsa”, escreveu em seu blog no InfoMoney  

Naquela época, contudo, a empresa foi procurada pela BM&FBovespa para esclarecer o motivo da alta atípica das ações. A empresa informou que não tinha conhecimento do motivo da alta. “A Log-In vem esclarecer que não tem conhecimento de quaisquer fatos, relacionados ou não aos seus negócios, que possam justificar as oscilações atípicas relativas ao número de negócios e quantidade negociada de ações de emissão da companhia”, disse a empresa em comunicado enviado ao mercado. 

M.Dias Branco (MDIA3, R$ 124,97, -1,92%)
Em relatório de prévia dos resultados do 4° trimestre, o BTG comentou que espera por mais um trimestre forte da M.Dias Branco, que reforçará como a empresa conseguiu se desvencilhar da desaceleração econômica brasileira em 2016, com crescimento de Ebitda de 116% na comparação anual, o que deverá levar a margem Ebitda da companhia para o maior patamar histórico no 4° trimestre. O banco manteve recomendação neutra para a empresa.  

Helbor (HBOR3, R$ 2,36, -4,07%)
As ações da Helbor tiveram pregão de correção após disparada na última sexta-feira, quando os papéis subiram até 23%, mas fecharam em alta de 13,36%. Hoje, a companhia informou sua prévia operacional do 4° trimestre. As vendas contratadas da empresa subiram 82% frente aos três trimestres anteriores, no melhor desempenho desde o fim de 2014. Já a velocidade de vendas subiu para 11,1% no trimestre e 24,3% em doze meses, o maior nível em mais de dois anos, indicando que os projetos que estavam em estoque também estão sendo comercializados. 

Na última sexta-feira, o InfoMoney divulgou uma matéria mostrando as construtoras como as melhores pagadoras de dividendos de 2017. No ranking do Santander, os maiores dividend yield (dividendos sobre a preço da ação) projetado para 2017 eram da Helbor (21%) e Direcional (13%).

CLIQUE AQUI e veja: Um dos setores mais arriscados da Bolsa pode ser um dos melhores pagadores de dividendos de 2017

Sanepar (SAPR4, R$ 13,64, +0,74%)
A Sanepar teve a cobertura iniciada pelo Bradesco BBI com recomendação de compra. Os analistas destacam que o case de investimento da companhia é um dos mais atrativos da última década entre as utilities brasileiras. A estimativa é de uma alta de 38% do Ebitda na base anual em 2017 em meio às novas regras tarifárias em abril deste ano. “Isso também explica por que, apesar do recente rali de 47% desde o ‘re-IPO’, nós ainda vemos upside para os papéis”, apontam. O preço-alvo para os ativos é de R$ 20,00.

Oi (OIBR3, R$ 3,63, -1,89%; OIBR4, R$ 3,06, -1,92%)
A Oi confirmou em comunicado que realizará uma reunião ordinária do seu conselho de administração convocada para o dia 1 de fevereiro e que, entre outros temas, vai atualizar o andamento de recuperação judicial e de discussões com credores e potenciais investidores. No final da semana passada, uma reportagem do Valor apontava que o conselho da empresa avalia novo plano do fundo americano Elliot, que estaria disposto a colocar R$ 9,2 bilhões no negócio.

Em comunicado, a Oi disse que, até o momento, não há decisão definitiva com relação a qualquer alteração no plano de recuperação apresentado pela companhia em 5 de setembro. 

Revolução dos micos
As ações de baixíssima liquidez da Tectoy (TOYB3, R$ 5,33, +64,00%; TOYB4, R$ 7,10, +100,00%) disparam nesta sessão, com forte volume financeiro. Os papéis TOYB4 – que possuem uma liquidez maior na Bovespa – fecharam na máxima do dia, com giro financeiro de R$ 1,3 milhão, contra média diária de R$ 27 mil. 

Do outro lado, destaque para as ações da Karsten (CTKA4, R$ 6,01, -33,22%), que tiveram um pregão de forte correção após disparada neste início do ano. Na mínima do dia, os papéis caíram até 35,56%, a R$ 5,80. O volume financeiro movimentado com o papel foi de R$ 2,5 milhões, contra média diária de R$ 1,2 milhão dos últimos 21 pregões. Apesar da derrocada de hoje, os papéis da Karsten ainda acumulam alta de 240% no ano. Questionada nos últimos dias pela Bovespa sobre o rali do início de ano, a Karsten disse que “não tem conhecimento de qualquer fato ou ato ocorrido” que pudesse explicar as oscilações.