Petrobras dispara 5% após Ibope; TIM sobe 11% com “estranho” interesse da Oi

Cosan toma o posto de novo personagem do rali eleitoral e sobe quase 4% com avanço de Marina Silva nas pesquisas; Vale segue em decadência e cai pelo 5º pregão seguido

Marina Neves

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SÃO PAULO – O Ibovespa finalmente superou os 61 mil pontos – o que não acontecia desde janeiro de 2013 – após subir mais de 2% nesta quarta-feira (27). Repercutindo as pesquisas eleitorais Ibope e CNT/MDA, as tradicionais estatais e bancos dividiram com a Cosan – nova personagem do “rali eleitoral” – o posto de grandes vencedoras do pregão. Mas as primeiras posições ficaram com duas companhias de telecomunicação, após um surpreendente anúncio de interesse da Oi em comprar a TIM.

Entre as 61 ações que registraram altas hoje no Ibovespa, os maiores ganhos ficaram com TIM Participações (+11,19%) e Oi (+8,21%), após a segunda companhia anunciar que contratou o BTG Pactual para assessorar uma eventual compra da participação da primeira empresa que está pertencente na Telecom ItaliaJá a Telefônica Brasil reage ao anúncio da espanhola Telefónica, controladora da brasileira, de que irá melhorar a oferta pela unidade de banda larga da GVT, depois que a Telecom Italia comunicou que também queria comprar a GVT, do grupo francês Vivendi. 

Dentre os poucos papéis que caíram nesta quarta-feira, destaque para Natura – que teve sua recomendação rebaixada pelo Santander – e mineradora MMX Mineração, que segue firme e forte no posto de pior ação da Bolsa em 2014.

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Confira os principais destaques da Bolsa:

Rali eleitoral 1: estatais e Bancos
As ações das estatais e bancos subiram forte, reagindo ao cenário político com a divulgação ontem da pesquisa eleitoral Ibope e à pesquisa CNT/MDA revelada hoje de manhã. Na CNT/MDA, Dilma Rousseff (PT) teria 34,2% no primeiro turno, à frente de Marina Silva (PSB), com 28,2% e de Aécio Neves (PSDB), com 16% dos votos. No segundo turno, Marina Silva ganharia de Dilma Rousseff por 43,7% a 37,8%

Destaque para os papéis das estatais – Petrobras (PETR3, R$ 21,62, +4,70%; PETR4, R$ 22,84, +4,58%), Eletrobras (ELET3, R$ 8,00, +6,52% ; ELET6, R$ 12,53, +4,85%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 32,90, +4,68%) e dos bancos – Bradesco (BBDC3, R$ 39,85, +3,16%; BBDC4, R$ 39,91, +2,65%), Itaú (ITUB4, R$ 39,84, +3,03%).

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Já o Ibope mostrou Marina Silva à frente de Aécio Neves em 10 pontos percentuais, enquanto em um provável 2º turno, a candidata do PSB seria eleita com 45% dos votos e Dilma ficaria com 36%.

Destaque ainda hoje para os debates entre presidenciáveis na noite de ontem, na TV Bandeirantes; hoje à noite, no Jornal Nacional da TV Globo, Marina será entrevistada por William Bonner e Patrícia Poeta. Vale mencionar que as ações das estatais foram as que mais reagiram ao “rali eleitoral”, que tem esse nome por ter iniciado em março com as pesquisas de intenções de votos para presidente.

Rali eleitoral 2: Cosan e São Martinho
Unindo-se às estatais e aos bancos, as ações do setor sucroalcooleiro aparecem como novas protagonistas do rali eleitoral: Cosan (CSAN3, R$ 43,95, +4,34%) e São Martinho (SMTO3, R$ 44,25, +6,14%). A primeira bateu a máxima do ano e acumula ganhos de 20% nas duas últimas semanas; já a segunda já subiu cerca de 20% no mês e opera atualmente na sua máxima histórica.

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Ambas empresas reagem à disparada de Marina Silva nas pesquisas eleitorais, com o discurso de sustentabilidade da ex-senadora. A gestora de recursos da Coinvalores Corretora, Tatiane Cruz, esclarece que a alta dos papéis se deu por uma reação tardia do mercado ao “rali eleitoral”, já que os candidatos à presidência estão se aproximando cada vez mais do agronegócio. (leia mais em: Perdeu a alta de 90% da Petrobras? Veja a ação cujo “rali eleitoral” apenas começou).

“O mercado estava um pouco esquecido da Cosan, e neste cenário de rali eleitoral, a companhia pode começar a se beneficiar das razões que impulsionaram a Petrobras por exemplo”, complementa o gestor da Ujay Capital, Antonio Bueno. Para ele, este pode ser o início de um rali mais forte de uma companhia que “ficou para trás”, já que desde março a Petrobras viu suas ações preferenciais subirem praticamente 90%, enquanto que no mesmo período os papéis da Cosan subiram 32%.

Oi (OIBR4, R$ 1,43, +6,72%) e TIM (TIMP3, R$ 12,72, +11,19%)
Ontem à noite, a Oi informou que assinou contrato com o BTG Pactual (BBTG11) para intermediar a proposta de compra da participação indireta pela Telecom Italia na TIM. Segundo informações da Bloomberg, a Oi trabalha na aquisição de uma fatia de U$S 8 bilhões na Tim, já que a Telecom Italia detém cerca de 67% da TIM, que tem valor de mercado próximo de US$ 12 bilhões. O que chama atenção é o o baixo valor de mercado da Oi, que é de aproximadamente US$ 5 bilhões, disse a Guide Investimentos. 

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Além disso, há no radar a notícia do jornal Valor que apontou que a espanhola Telefónica e Telecom Italia irão apresentar hoje à noite oferta pelos ativos da GVT, que pertence à Vivendi. De acordo com a Guide, a vitória da Telecom Italia significaria mais uma vez adiar a sua consolidação no setor, além do risco de perder esse ativo ou gastar mais no futuro, enquanto, para a Telefónica, seria a chance de expandir pacotes completos de telefonia para além do estado de São Paulo. “No caso da Telecom Italia ser vencida, a expectativa é que os ativos da TIM Brasil acabem sendo realmente vendidos”, comentaram os analistas da corretora.

O conselheiro jurídico da Telecom Italia, Sérgio Erede, disse que a iniciativa da brasileira Oi parece ser apenas uma tática para atrapalhar.

Telefônica Brasil (VIVT4, R$ 44,77, +2,73%)
O conselho da espanhola Telefónica, controladora da brasileira, vai estudar nesta quarta-feira uma melhora da sua oferta pela unidade de banda larga brasileira da Vivendi, a GVT, disse uma fonte familiarizada com a situação nesta quarta-feira. “Vai ser mais alta do que (a original), de 6,7 bilhões de euros, mas não vai chegar a 8 bilhões de euros”, disse a fonte à Reuters, referindo-se a reportagens de jornais que apontam para esse preço. 

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A Telefónica está competindo com outra oferta esperada da Telecom Italia de cerca de 7 bilhões de euros, de acordo com fontes.

Segundo apurou o Valor, as propostas à Vivendi pela GVT, da Telefónica e Telecom Italia, são esperadas para hoje, após o fechamento do mercado americano, às 17h (horário de Brasília). Os executivos do grupo francês e também da GVT estão em Paris desde domingo. De acordo com a publicação, o mais alto colegiado da Vivendi se reúne na quinta-feira, a partir das 11h (horário de Paris).

De acordo com a Guide Investimentos, a vitória da Telecom Italia significaria mais uma vez adiar a sua consolidação no setor, além do risco de perder esse ativo ou gastar mais no futuro, enquanto, para a Telefónica, seria a chance de expandir pacotes completos de telefonia para além do estado de São Paulo. “No caso da Telecom Italia ser vencida, a expectativa é que os ativos da TIM Brasil acabem sendo realmente vendidos”, comentaram os analistas da corretora.

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Gol (GOLL4, R$ 13,94, -0,43%)
As ações da Gol fecharam entre as perdas do Ibovespa nesta sessão, mas no ano elas acumulam alta de 32,54%. No radar da empresa, houve o anúncio da assinatura de um acordo interline com a Royal Air Maroc, permitindo que a companhia aérea do Marrocos comercialize trechos aéreos da Gol por meio de um único bilhete. Com o acordo, os passageiros da Royal Air Maroc poderão escolher entre 52 destinos nacionais atendidos pela Gol, além de destinos 15 internacionais, com trânsito pelo Aeroporto de Guarulhos, de São Paulo.

Os passageiros brasileiros também poderão ser beneficiados com malha da Royal Air Maroc na África, Europa e Oriente Médio, por meio de seu centro de conexões (hub) em Casablanca (Marrocos). 

Ainda no radar da companhia está o anúncio, realizado ontem, que a companhia irá realizar oferta pública de aquisição das notas com vencimento em 2017, 2020 e 2023, que pode ser entendido pelo mercado como sinalização de que a empresa está passando por bons momentos.

Vale (VALE3, R$ 30,68, -1,10%; VALE5, R$ 27,25, -1,41%)
As ações da Vale caíram pelo quinto pregão consecutivo nesta quarta-feira e acumulam perdas de quase 4% no período. O movimento segue a queda do preço do minério de ferro, que atigiu hoje US$ 89 a tonelada, menor nível desde setembro de 2012.

Os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 21,34, -0,70%), holding que detém participação na mineradora, também caíram.

Natura (NATU3, R$ 41,90, -0,36%)
As ações da Natura chegaram a ficar entre as maiores perdas do índice, mas viraram para a alta e fecharam o pregão próximas à estabilidade, após serem rebaixadas de “neutro” para “underperform” (desempenho abaixo da média do mercado) pelo Santander. Segundo relatório do banco, as ações da Natura tem como preço-alvo de R$ 43 para o final de 2014. Esse é o terceiro pregão consecutivo de queda dos papéis, depois do rali do início de agosto até semana passada, quando as ações da companhia subiram quase 20%. (Para saber mais sobre essa arrancada, confira a entrevista exclusiva do diretor de governança corporativa da Natura no InfoMoney TV)

JBS (JBSS3, R$ 10,35, +5,18%) e Marfrig (MRFG3, R$ 7,30, +4,73%)
Esst foi o terceiro pregão consecutivo de ganhos dos papéis o JBS e o sétimo da Marfrig. O mercado doméstico de carnes já registra os impactos causados pelo embargo russo a produtos agropecuários de países como Estados Unidos e da União Europeia. O suíno teve o maior destaque, com alta de 20% nos preços do atacado, e deve embarcar até 100 mil toneladas para a Rússia só nos próximos quatro meses.

O presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Francisco Turra, conta que a notícia sobre o posicionamento do Brasil como um dos principais países que irá suprir a demanda russa foi o suficiente para um aumento progressivo nos preços, apesar das exportações ainda estarem no processo burocrático. 

MMX (MMXM3, R$ 0,86, -5,49%)
As ações da MMX chegaram a cair mais de 7% no pregão desta quarta, já figurando como a pior ação de 2014, com perdas no ano de quase 80%. A companhia vive um mau momento na Bolsa, com noticiário negativo envolvendo possível pedido de recuperação judicial, além de constantes tentativas do grupo de dar fôlego à empresa. Contribuem também para o período constante de queda da empresa a prolongada queda do minério de ferro e restrições operacionais que a fizeram interromper suas atividades em Serra Azul nesta semana. Em meio à maré negativa, o mercado já espera que a mineradora tenha o mesmo desfecho de outras companhias de Eike Batista como a OGX Petróleo – que se tornou Óleo e Gás Participações (OGXP3).