Petrobras afunda 6% e bancos caem 4%; dono de small cap entra na lista da Interpol e ação desaba 13%

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bolsa nesta segunda-feira

Paula Barra

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12h42: Gol (GOLL4, R$ 3,30, -8,33%)
As ações da Gol desabam nesta segunda-feira, atingindo na mínima queda de 13,06%, a R$ 3,13. Essa é a primeira queda da ação depois de cinco altas nos últimos seis pregões, sendo que na sexta-feira (único dia que não subiu) fechou estável. Nesse período, o papel disparou 47%. 

A companhia passa por um processo de renegociação de dívida e, na semana passada, adiou pela quarta vez o prazo para que detentores da dívida em moeda estrangeira possam aderir ao programa de troca. 

12h36: Estácio (ESTC3, R$ 16,14, -1,94%)
A família Zaher está considerando a possibilidade, embora ainda não tenha certeza de sua efetivação, de o Clube TCA lançar uma oferta pública para aquisição de controle, informou a Estácio em nota enviada ao mercado.

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A oferta, se lançada, seria por no mínimo uma quantidade de ações representativas aproximadamente de 36% do capital social da Estácio. A família Zaher detém, atualmente, cerca de 14,13% da empresa. “Caso seja lançada e bem sucedida, a oferta resultará na elevação da participação da Família Zaher para, no mínimo, 50% mais uma ação”, diz a correspondência do TCA, segundo o comunicado da Estácio. Mais cedo, a Folha de São Paulo informou que a família Zaher queria se tornar sócia majoritária da Estácio.

12h28: Bancos
Seguindo o mau humor da Bolsa, os bancos afundam nesta segunda-feira, pressionados também por dados mostrarem que o mercado de crédito continuou desacelerando no mês de maio. Apareciam entre as maiores quedas do Ibovespa as ações do Bradesco (BBDC3, R$ 25,40, -3,46%; BBDC4, R$ 23,84, -4,03%), Santander (SANB11, R$ 17,04, -3,13%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,06, -3,07%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 15,46, -2,71%). 

Tanto o saldo de crédito considerando-se apenas os recursos livres caiu quanto o direcionado caíram mais que no mês anterior (-9,2% ante -8,9% e -4,9% ante -4,2%, respectivamente). Em 12 meses, o saldo total de crédito recuou 7,1% em termos reais, maior queda desde outubro de 2003 (queda de 9,5%). 

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Segundo a Rosenberg Associados, esses são alguns dos muitos números que confirmam o encolhimento do mercado de crédito para o qual temos alertado e que deve se intensificar adicionalmente em 2016, apesar da manutenção da Selic no atual patamar por mais algum tempo. Para a consultoria, a oferta de crédito está sendo restrita pela seletividade, exceto nos casos de rolagem de dívidas, que têm se intensificado a fim de se evitar efeitos muito desastrosos sobre os balanços dos bancos. “Rumamos a crescimento nominal do saldo de crédito em torno de zero ou mesmo ligeiramente negativo em 2016”, destacaram.

11h33: Petrobras (PETR3, R$ 10,77, -5,77%; PETR4, R$ 8,95, -3,24%)
Depois de buscar alta durante a manhã, as ações da Petrobras perderam força e afundam neste momento, em meio ao pessimismo do mercado gerado após o Brexit e seguindo a derrocada dos preços do petróleo no mercado internacional. Neste momento, o contrato Brent registrava queda de 2,17%, a US$ 47,36 o barril, enquanto WTI caía 2,23%, a US$ 46,58 o barril.  

Contribui para a queda do papel a notícia de que o juiz federal, Jed Rakoff, negou pedido da Petrobras para adiar o julgamento dos processos que correm contra a companhia em Nova York, segundo informações de O Estado de S. Paulo. A data prevista para o dia 19 de setembro foi mantida, apesar da solicitação dos advogados da petroleira, de acordo com uma decisão publicada pelo o juiz.

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Além disso, no radar da empresa, a Petrobras vai adotar o modelo de gestão compartilhada na venda de parte da BR Distribuidora, de acordo com a Folha de S. Paulo. A ideia é manter o controle da empresa, mas atrair sócios que possam ter autonomia na gestão de áreas da subsidiária da estatal. A operação será semelhante à modelagem adotada pelo governo na venda de ações do BB Seguridade, braço de seguros do Banco do Brasil.

11h30: Vale (VALE3, R$ 14,84, -2,43%; VALE5, R$ 12,04, -1,31%)
Descoladas da disparada do minério de ferro, as ações da Vale afundam em sessão marcada pela aversão ao risco após o “Brexit”. Nesta sessão, o minério de ferro saltou 6,42% no porto de Qingdao, na China, indo para US$ 53,86 a tonelada seca. Acompanham o movimento negativo da mineradora as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 8,26, -0,36%) – holding que detém participação na Vale. 

11h28: Siderúrgicas
As ações da Gerdau (GGBR4, R$ 5,79, -1,19%) caem após um relatório da Polícia Federal na Operação Zelotes apontar que o senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) alterou o conteúdo da Medida Provisória 627 de 2013 para favorecer o Grupo Gerdau, segundo o jornal Folha de S. Paulo. As demais ações do setor também operam no negativo, com Usiminas e CSN. 

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A MP trazia mudanças em regras de tributação de lucros de empresas no exterior e Jucá era o relatpr. Segundo a matéria, o projeto foi aprovado com pelo menos uma alteração sugerida pela Gerdau. Também estariam envolvidos os deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE).

Segundo a PF, houve uma troca de e-mails entre Jucá e Gerdau dois meses antes de a MP ser aprovada pelo Congresso. Naquela data, o gabinete do senador enviou a Gerdau uma mensagem com um trecho da MP. O executivo encaminhou o e-mail ao seu consultor jurídico e recebeu o que seria a minuta da resposta a Jucá. Nela, o assessor acrescentou outro parágrafo e disse que o texto do senador, como foi enviado, “não atende plenamente”, já que apenas uma das emendas de interesse do grupo havia sido incluída. O parágrafo acrescido pelo consultor jurídico da Gerdau consta na versão final do texto da lei.

Para a PF, o material “indica possíveis práticas consubstanciadas na negociação ilegal de emendas a medidas provisórias […], tendo como contraprestação doações eleitorais, com elementos que apontam para a participação de condutas (em tese, criminosas)” de Jucá e dos deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE). Ambos negaram quaisquer irregularidades.

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10h49: Cyrela (CYRE3, R$ 9,87, -0,50%)
A construtora e incorporadora Cyrela deverá se tornar a segunda maior acionista da Tecnisa após a conclusão do processo de aumento de capital da empresa concorrente, além de ganhar o direito de indicar um membro para o conselho de administração.

De acordo com estimativa da equipe de análise de construção do banco JP Morgan, a Cyrela deve alcançar uma fatia de 13% a 18% do capital da Tecnisa. Já a equipe do Credit Suisse projeta uma participação na faixa de 13,4% a 19,3%. Em qualquer um dos casos, será a segunda maior fatia, atrás apenas do fundador e controlador da Tecnisa, Meyer Joseph Nigri, que ocupa o posto de diretor-presidente. 

O Conselho de Administração da Tecnisa aprovou acordo de subscrição pelo qual fará um aumento de capital de R$ 200 milhões, com emissão de 100 milhões de ações. Pelo acordo, a Cyrela se comprometeu com um aporte mínimo de R$ 73,3 milhões e máximo de R$ 100 milhões, ou seja, entre 36,6% e 50% do total. 

O compromisso é maior que o do próprio controlador. Pelo acordo, Nigri fará um aporte mínimo de R$ 51,3 milhões e máximo R$ 70 milhões, o equivalente a 25,6% a 35,0% do total. O executivo tem participação na incorporadora como acionista direto e por meio da sociedade JAR Participações. 

Na opinião dos analistas do JP Morgan, o movimento não é positivo para a Cyrela, uma vez que a Tecnisa tem apresentado resultados ruins devido ao endividamento elevado. “Não acreditamos que essa é a estratégia correta para a Cyrela devido à baixa lucratividade da Tecnisa”, afirmam os analistas em relatório. “Além disso, os investidores de Cyrela estão mais propensos a obter dividendos maiores. Já essa decisão indica um desejo da administração da Cyrela em investir em fusões e aquisições, reduzindo o potencial dos dividendos neste momento.”

 A Tecnisa é uma das empresas de construção listadas na bolsa mais endividadas. Sua alavancagem (relação entre dívida e patrimônio líquido) estava em 77,5% ao fim do primeiro trimestre. No período, a companhia contava com R$ 188 milhões no caixa. A incorporadora tem pela frente neste ano R$ 205 milhões em vencimento de dívidas corporativas e R$ 433 milhões de recebíveis de clientes.

Questionado sobre o investimento, o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Cyrela, Eric Alencar, afirmou que companhias mantêm cordialidade e uma relação grande entre seus controladores. “A Tecnisa nos informou que gostaria de readequar o seu fluxo de caixa e nos convidou a avaliar. Nós entendemos que, com a readequação, seria interessante”, explicou Alencar. “Gostamos das pessoas que trabalham lá e suas competências, olhamos os números e enxergamos um bom valuation. É puramente uma operação de oportunidade”, complementa.

Alencar projeta um aporte próximo do piso anunciado, em R$ 73,3 milhões, mas ressaltou que há disposição em atingir o teto de R$ 100 milhões caso os demais acionistas não acompanhem a subscrição. No entanto, a compra de ações da Tecnisa vai parar por aí, disse o diretor. O estatuto da concorrente tem uma cláusula (poison pill) que obriga os acionistas que chegarem a uma participação de 20% a fazer uma oferta pelo controle da companhia, a um preço diferenciado.

O executivo ponderou que o aporte não representa uma iniciativa para consolidação do setor. “Não é uma aquisição, não é uma consolidação. Seremos minoritários com assento no conselho. O papel será de ajudar, e não mudar a agenda da Tecnisa”, disse Alencar.

10h40: Refinaria Manguinhos (RPMG3, R$ 3,97, -9,57%) 
As ações da Refinaria Manguinhos afundaram até 13,44%, a R$ 3,80, nesta manhã após notícias de que Ricardo Andrade Magro, dono do grupo que controla a Refinaria Manguinhos e uma rede de distribuidoras de combustíveis, é considerado foragido da Justiça e está na lista da Interpol, segundo informações do jornal O Globo. Ele comanda um dos maiores esquemas de sonegação fiscal do país, acreditam as autoridades que já o investigaram e por onde passou, deixou dívidas milionárias em tributos. Manteve conexões com o PMDB, o PT e o PCdoB, provavelmente em busca de blindagem. E agora aparece ligado a fraudes nos fundos de pensão de estatais.

A 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro autorizou a prisão do empresário, junto com outras seis pessoas, por desvio de R$ 90 milhões em recursos dos fundos de pensão Petros, da Petrobras, e Postalis, dos Correios, na aquisição de debêntures (títulos mobiliários) do Grupo Galileo. Dos sete, quatro ainda não foram presos. Dois deles, Ricardo Magro e Márcio André Mendes Costa, ambos do Galileo, tiveram os nomes lançados na difusão vermelha da Interpol por suspeita de estarem no exterior — Magro, nos Estados Unidos; e Márcio, em Portugal.

10h26: M.Dias Branco (MDIA3, R$ 97,00, -0,51%)
O empresário Ivens Dias Branco (presidente do Conselho da M.Dias Branco faleceu no último final de semana, aos 81 anos. De acordo com o BTG, mesmo não estando mais como CEO (seu filho assumiu esta posição há 2 anos), ele ainda era bastante presente no dia-a-dia da companhia e nas tomadas de decisão mais estratégicas. A sucessão propriamente dita já foi encaminhada quando ele saiu do posto de CEO e seu filho assumiu em 2014. Segundo o BTG, o falecimento dele não deve significar nenhuma ruptura imediata para a companhia.

“Mesmo com ele bastante presente, o processo de ‘profissionalização’ já estava encaminhado, com toda a diretoria formada por profissionais de fora da família. Os filhos ocupam cargos de vice-presidência mas sempre entendemos que tem sido mais uma questão burocrática do que executiva propriamente dita”, disseram os analistas do BTG. Segundo eles, há alguns pontos ainda importantes e questões pendentes: 1) o fundo Dibra que detém 63% das ações da MDias Branco e de outras empresas da família ainda era controlado por ele diretamente. Para eles, é importante ainda entender como fica a questão da herança (outros membros da família em conjunto tem os outros 12%; 2) quem assumirá o conselho ainda é incógnita; 3) a real intenção dos filhos em tocar o negócio daqui em diante precisa ser 100% esclarecida; 4) o real grau de consonância dos filhos também é incógnita. Eles ressaltam o o risco de algum tipo de dispersão.

Em suma, os analistas do banco acreditam que não há ruptura, mas que o risco de uma eventual venda do negócio a médio prazo aumenta. “Achamos que o mercado pode caminhar nessa direção”, disseram.