Pessimista com conflitos? “Guru” aposta no Iraque – e também está otimista com Brasil

Regiões conflituosas não assustam o presidente executivo da Templeton Emerging Markets, que acredita que os emergentes devem voltar a superar os EUA após um 2013 difícil

Lara Rizério

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SÃO PAULO – São nos lugares mais exóticos que se podem encontrar as melhores oportunidades. Pelo menos esse parece ser o mantra do gestor Mark Mobius, presidente executivo da Templeton Emerging Markets considerado o guru dos emergentes e que tem US$ 48 bilhões sob gestão. 

Em entrevista ao portal CNBC, o gestor destacou que há muitas oportunidades na Rússia, apesar das contínuas tensões que rondam o país em relação aos seus conflitos com a Ucrânia. Tanto o rublo – a moeda russa – quando o índice MICEX despencaram em março, no auge dos conflitos, mas logo recuperaram terreno nas últimas semanas. Mobius ressaltou que, apesar da recuperação, a Rússia se mantém como um local com um bom potencial de investimento. 

E a avaliação ainda é de que uma série de instituições voltaram a ser otimistas com a Rússia, como é o caso do JPMorgan, que elevou a recomendação para o mercado do país de “underweight” (desempenho abaixo da média do mercado) para overweight (desempenho acima da média do mercado) na semana passada. 

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Sobre o Iraque, onde a violência continua, Mobius ressaltou que é importante olhar para as regiões do país de uma maneira independente. “É verdade que o Iraque tem um problema, mas se você olhar para as áreas do Curdistão, verá que há um monte de coisas boas que acontecem por lá”, disse ele, como é o caso da produção de petróleo. 

No caso dos emergentes em geral, o cenário é mais positivo ainda se comparado a 2013, avalia. E destaca que está particularmente otimista sobre a China e o Brasil. Em relação à China, Mobius argumenta que o programa de reformas revela que “grandes mudanças” estão a caminho. 

Já as manifestações contra o governo brasileiro, por sua vez, podem resultar em uma mudança no sentido de políticas mais favoráveis ao mercado, de acordo com Mobius. Mas o gestor dá seus conselhos sobre como investir nos emergentes e recomenda cautela: “você tem que ser muito específico – e muito específico em relação à empresa, e não apenas específico em relação ao país”, disse ele. 

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E ainda destacou os frontier markets, mercados estes sem tanta liquidez, mas que vêm tendo um desempenho superior aos grandes emergentes. Esta tese foi reforçada também em entrevista ao Market Watch, em que destacou que os EUA superaram os emergentes no ano passado, mas que agora os emergentes voltarão e serão apostas bem melhores.

Para o Market Watch, Mobius revelou ainda que a Nigéria é um de seus países favoritos para investir, mesmo em meio aos últimos conflitos no país africano. Outros frontier markets que vêm chamando a atenção são Costa do Marfim, África do Sul, Gana e Zimbábue. Ele também reforçou recentemente os seus investimentos no Catar, Kuwait e Dubai.

Mas e os riscos? Os mercados emergentes tiveram uma forte queda no início do ano em face de preocupações sobre o crescimento chinês e as tensões na Turquia, mas já conseguiram recuperar para os níveis observados antes disso. Mobius não está preocupado: “veremos a mesma volatilidade e questões de governança corporativa como no caso dos mercados desenvolvidos”, disse ele.

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Como não poderia deixar de ser nesta época, ele também destacou o seu favorito para ganhar a Copa do Mundo. E, para ele, vai dar Brasil. “Eu acredito em todos, mas especialmente no Brasil”, finalizou. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.