Para Via (VIIA3), brasileiro é apegado a varejo físico e online não deve ter forte aceleração no curto prazo

Companhia viu suas lojas físicas impulsionarem resultado, ao contrário de outras varejistas, com força da marca e carnê

Vitor Azevedo

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A Via (VIIA3) realizou nesta sexta-feira (12) uma teleconferência com analistas e investidores após ter divulgado seu balanço do segundo trimestre de 2022 na véspera. A companhia, que teve boa performance das vendas físicas, vê os brasileiros ainda muito apegados a frequentar as lojas da empresa.

A receita proveniente das lojas físicas da Via, que englobam a Casas Bahia, por exemplo, saltou 13,4% no ano, para R$ 5,4 bilhões – isso enquanto a maioria dos concorrentes viu o faturamento desta frente recuar.

“O Brasil ainda é muito físico. O consumidor ainda gosta da loja física e vemos que o futuro será híbrido”, abriu Roberto Fulcherberguer diretor executivo da varejista.

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A companhia, segundo o executivo, não vê uma rápida aceleração para o online, o que justifica a presença maior da Via nas lojas físicas, com planos de expansão em andamento. A saída, para a diretoria, é apostar no omnichanel.

“Sempre acreditamos que a relação com o cliente é omnicannal. Atenderemos onde o consumidor quiser, não apenas no físico ou no digital”, comentou Fulcherberguer. “A loja física ganhou prioridade porque temos mais assets nela. Exemplo disso é o nosso crediário, uma ferramenta que permite, no cenário econômico mais difícil, o consumidor fazer uma aquisição com parcelas que cabem no seu bolso”, contextualizou.

O ganho recente de market share da Via, para os executivos, é explicado por esses diferenciais. Para eles, a companhia está “lidando bem com o cenário mais difícil por conta das ferramentas que possui”.

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A carteira do crediário fechou em R$ 5,6 bilhões em junho, e os executivos veem a possibilidade dela avançar até R$ 6 bilhões para o final do ano.

“Quando olhamos a loja física, vimos que crescemos em participação mas sem aumentar risco e sem aumentar inadimplência. A mesma coisa acontece no digital. Estamos contentes nos atuais patamares”, completou André Calabro, CEO do banQi. “A dívida média está aumentando e a nossa, caindo. Estamos muito tranquilos com nossos indicadores e estamos destoando do mercado porque usamos muita tecnologia e porque temos muita informação histórica do consumidor. Nossa relação com clientes é especial, eles acreditam na nossa linha de crédito. É uma troca histórica”.

Mesmo em um cenário macroeconômico mais desafiador e com carteira de crédito crescendo, a Via viu a porcentagem de perda ficar praticamente estável, em 4,7% no crediário.

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“No quarto trimestre de 2021 tivemos uma série de melhorias e ajustes na nossa estratégia de crédito, com foco em crescimento de produção e queda de inadimplência”, explica Calabro.

Market place da Via trouxe resultados dentro do esperado

Do lado digital, a Via viu seu volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) recuar – o que, para alguns analistas, acendeu um sinal de alerta.

Os diretores da companhia, no entanto, afirmam que a queda era esperada. “O que está acontecendo com o marketplace está dentro do que planejamos”, defendeu o CEO da Varejista. “Nossa ideia é massificar o número de pedidos, apesar da queda de ticket médio. Queremos ganhar frequência, o que acelera a plataforma, melhora a logística, e reduz o custo de aquisição de clientes”.

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O GMV, de acordo com a fala do diretor, não é a prioridade no primeiro momento e sua alta será consequência no futuro. A Via busca otimizar a plataforma, aumentando o uso para fortalecer a cauda longa.

Se no 3P, com suas parcerias, a Via busca aumentar a disponibilidade de produtos, o comportamento no 1P e nas lojas físicas, por outro lado, foi totalmente o contrário.

A Via, já há algum tempo, atuou para enxugar seus estoques, usando a tecnologia para otimizar seu capital de giro. A companhia gerou R$ 1,3 bilhão em caixa operacional no segundo trimestre.

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“Fizemos um excelente trabalho em termos de geração de caixa, estamos olhando com atenção para isso”, pontuou Fulcherberguer. O executivo destacou que, desde o ano passado, a varejista vinha fazendo uma série de investimentos buscando melhorar a dinâmica entre estoque e pedidos a fornecedores.

O segundo trimestre, porém, teve um comportamento anormal em geração de capital pelo fato de a companhia estar se desfazendo de estoques de segurança, montados durante a pandemia por temores com problemas na cadeia de produção global.

“Vemos um movimento no terceiro trimestre de equilíbrio, no quarto, teremos caixa, por conta das vendas, e depois no primeiro trimestre de 2023 voltamos a normalidade”, explica Orivaldo Padilha, vice presidente de finanças.

“A gente começou movimento de limpeza. Trabalhamos na pandemia com estoque de segurança, por conta do problema de cadeia de suprimento. Agora estamos normalizando”, contextualiza o executivo. “Porém, investimos muito também em tecnologia para colocar o produto certo, no lugar certo, no tempo certo. Há muita inteligência por trás e traz muita produtividade. Parte das despesas não devem voltar”.

Por fim, a Via, como o restante das companhias, afirma estar “cautelosamente otimista” para o segundo semestre. Copa, Black Friday, Natal, todos esses eventos devem fortalecer os resultados nos próximos seis meses.

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