Para mim isso é tudo grego: o glossário e os personagens da crise que afeta a Grécia

BCE, ELA, troika... Entenda o que significam as estranhas palavras que permeiam o noticiário sobre a Grécia nos últimos tempos

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – A crise da Grécia ganhou amplo destaque não só no noticiário econômico como também nos telejornais populares. Contudo, uma enxurrada de expressões e siglas deve ter tornado difícil a missão até mesmo do leitor mais experiente de entender o que se passa o país europeu.

Foi pensando nisso que o jornal The Telegraph decidiu fazer um glossário dos termos da crise grega. Inspirados nesta ótima ideia, nós do InfoMoney decidimos também oferecer ao investidor um dicionário com termos essenciais para entender essa crise, e também incluímos os principais personagens de toda essa tragédia grega.

Veja abaixo os principais termos da crise grega:

Continua depois da publicidade

1. Bailout (resgate)
Bailout é o ato de resgatar uma instituição ou um país em crise.  

2. Bank Recovery and Resolution Directive (BRRD)
São leis produzidas pela União Europeia que os países membros devem aplicar em seus territórios. 

3. BCE
É o Banco Central Europeu, o órgão que implementa a política monetária de toda a zona do euro e que tem sede em Frankfurt, na Alemanha.  

Continua depois da publicidade

4. Bridge financing (“empréstimo ponte”)
Uma maneira não provisória de pegar dinheiro emprestado depois que o seu último empréstimo expirou e o seu novo ainda não começou. A Grécia precisa de um “empréstimo ponte” de aproximadamente 12 bilhões de euros para se manter até agosto. 

5. Comissão Europeia
É o corpo executivo da União Europeia, que prepara a legislação, reforça as leis europeias e gere as políticas da União Europeia.

6. Conselho Europeu
Composto pelos líderes dos 28 estados que compõem a União Europeia junto com o seu próprio presidente, que é Donald Tusk e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Ele não legisla, mas desenvolve as prioridades da Europa. 

Continua depois da publicidade

7. Default
O que ocorreu com a Argentina e mais recentemente com a própria Grécia, em relação a uma parcela de 1,6 bilhão de euros devida ao FMI. É quando o tomador de um empréstimo não consegue pagar as suas dívidas. Costuma ser chamado também de “calote”.

8. Dracma
Moeda que foi trocada pelo euro em 2001 poderia ser a “nova velha” moeda da Grécia se o país tivesse saído da zona do euro. 

9. ELA
Emergency Liquidity Assistance ou Assistência de Liquidez Emergencial. É o programa do BCE que empresta dinheiro emergencialmente aos bancos gregos para impedir que eles tenham uma crise de liquidez, uma vez que nos piores momentos da crise a Grécia quase teve uma corrida bancária que poderia deixar as instituições financeiras sem dinheiro para quem quisesse sacar. 

Continua depois da publicidade

10. ESM
European Stability Mechanism ou Mecanismo de Estabilização Europeu. Ele é o fundo de resgate da zona do euro que pode emprestar recursos para países em dificuldade ou bancos com falta de caixa. O ESM tem sede em Luxemburgo e pega dinheiro nos mercados financeiros para emprestar às instituições “problemáticas”. 

11. FMI
É o Fundo Monetário Internacional, instituição criada em 1945 para impedir uma repetição do que ocorreu na Grande Depressão da década de 1930.  

12. Fundo de privatização
Questão mais controversa do acordo grego. Significa que o país terá que privatizar 50 bilhões em ativos nacionais e deixá-los em um fundo “sequestrados” para pagar parte da sua dívida. Do total, 12 bilhões serão reinvestidos na economia grega. Empresas estatais, portos, estradas e aeroportos estão entre os ativos que podem ser privatizados. 

Continua depois da publicidade

13. Grexit
Junção das palavras “Greece” e “exit”, que significa saída em inglês. É como se chamou uma possível saída da Grécia da zona do euro.

14. Grupo de Bruxelas
É um novo nome para a antiga e famosa troika, composta por BCE (Banco Central Europeu), Comissão Europeia e FMI (Fundo Monetário Internacional). A alcunha se dá por conta do lugar em que a Grécia tem se reunido com seus credores, justamente na cidade de Bruxelas, capital da União Europeia e que fica na Bélgica.

15. Haircut (corte de cabelo)
Ocorre quando a dívida de um país ou instituição é reduzida. A chanceler alemã Angela Merkel já disse que um haircut clássico da dívida grega está fora de questão. 

16. Liquidez
Conceito econômico que significa a capacidade de trocar um ativo, de modo que o dinheiro vivo é considerado o ativo mais líquido que existe, já que você pode trocá-lo com extrema facilidade e a qualquer momento. Ações, por exemplo, são menos líquidas. 

17. Oxi
Palavra grega que significa “não”. Ficou em voga na época do referendo grego que decidiu pelo “não” às medidas de austeridade.  

18. Perdão de dívida
Auto-explicativo, é o cancelamento de uma dívida que o tomador de empréstimo não terá mais que pagar. A Alemanha recebeu o perdão de suas dívidas após a Segunda Guerra Mundial, por exemplo.  

19. Reestruturação de dívida
Uma mudança nos termos de um empréstimo para fazê-lo mais fácil de pagar para o tomador.

20. Syriza
Partido de extrema esquerda anti-austeridade que ganhou as últimas eleições gregas. É a legenda à qual pertence o primeiro-ministro Alexis Tsipras. 

21. Troika
Como dito anteriormente, é o termo usado para designar os credores gregos, com os quais o país renegocia as suas dívidas. A troika é composta por BCE, Comissão Europeia e FMI.  

Os personagens da crise grega:

1. Alexis Tsipras
O primeiro-ministro grego eleito este ano. Tsipras faz parte do partido de extrema esquerda Syriza, que se elegeu com base em propostas anti-austeridade. No entanto, o premiê acabou capitulando aos ajustes propostos pelos credores da Grécia e lutou pela aprovação do acordo de resgate de 86 bilhões de euros condicionado à austeridade que foi proposto pelas autoridades europeias. 

2. Angela Merkel
A chanceler alemã protagonizou diversas discussões com Tsipras, tendo sido contra diversas propostas de Tsipras pela renegociação de sua dívida. Por fim acabou aceitando o acordo e também articulou a sua aprovação no parlamento alemão.

3. Christine Lagarde
É a presidente do FMI. Também teve atritos com a nova administração grega, sendo que em um dos pontos altos da crise deixou a mesa de negociações com os gregos e disse que os gestores do país tinham que “se comportar como adultos na negociação”. 

4. Donald Tusk
O político polonês é o presidente do Conselho Europeu e possivelmente o homem responsável pela Grécia ainda fazer parte da zona do euro. Tusk não deixou que Tsipras e Merkel deixassem a sala de negociações no dia 13 de julho quando ambos acreditavam ter chegado a um impasse e que um acordo não seria possível. 

5. Yanis Varoufakis
Ex-ministro das Finanças grego foi substituído por Euclid Tsakalotos porque Tsipras acreditava que ele estava prejudicando as negociações. Varoufakis teve vários bate-bocas com o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, por ser essencialmente contra a austeridade, tendo se tornado notório ao defender um sistema de redistribuição entre os estados europeus em seu livro “Europa e o Minotauro – Grécia e o futuro da economia global”. 

6. Wolfgang Schauble
Oposto polar às ideias de Varoufakis, Schauble defendeu por diversas vezes a saída da Grécia da zona do euro por conta da não adaptação do país às regras de austeridade propostas pelos alemães. Ele tentou colocar uma cláusula que abrisse a possibilidade de uma saída temporária da Grécia da zona do euro no acordo aprovado, mas foi vencido pela intervenção do presidente da França, François Hollande, que se pôs ao lado dos gregos.