Pague Menos salta, TIM e Serena caem forte: as reações das ações após balanços do 3T

Companhia elétrica divulgou resultados na véspera

Felipe Moreira Lara Rizério

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As ações das empresas que divulgaram resultados do terceiro trimestre de 2024 (3T24) repercutem com fortes ganhos ou baixas na sessão seguinte após balanço.

Nesta terça-feira (5), as ações da Neogrid (NGRD3, R$ 24,80, 0%) zeraram as perdas e fecharam estáveis, enquanto Serena (SRNA3, R$ 7,26, -6,20%) e TIM Brasil (TIMS3, R$ 16,13, -3,93%) caíram forte. Já Pague Menos (PGMN3, R$ 3,34, +8,09%) e Tegma Logística (TGMA3, R$ 31,55, +3,78%) tiveram ganhos expressivos.

Confira as visões sobre balanços do 3T24:

Baixas das ações

Serena (SRNA3)

A Serena (SRNA3) divulgou seus números trimestrais na véspera, com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 472 milhões em linha com as estimativas do BBA, principalmente devido à entrada em operação de novos ativos em geração centralizada (Assuruá 5 e Goodnight 1) e distribuída de energia. Às 12h07, o papel da companhia elétrica caía 6,07%, a R$ 7,27.

O lucro líquido ajustado, por sua vez, atingiu R$ 46,6 milhões no terceiro trimestre, uma retração de 55% na comparação com igual etapa do ano passado.

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Para a XP, os resultados foram resilientes no 3T24, apesar da geração de energia abaixo das expectativas. A produção de energia aumentou 19% ano a ano, com novos ativos entrando em operação, embora a produção dos mesmos ativos tenha reduzido quase 4% ante o 3T23. “Apesar desses desafios, o Ebitda ajustado ficou 8% acima de nossa estimativa, principalmente explicado por um lucro bruto melhor do que o esperado (+9% vs XPe). Acreditamos que a empresa está sendo negociada com um valuation descontado e, à medida que a empresa reduz sua alavancagem, deverá atrair mais atenção dos investidores”, aponta.

De acordo com a Serena, o resultado ficou abaixo das expectativas principalmente devido a recursos mais fracos (8,5% abaixo no acumulado do ano), atrasos
de conexão por parte das distribuidoras dos novos projetos de geração distribuída (0,8% da nossa produção consolidada), preços spot mais baixos do que o esperado no Texas devido a temperaturas mais amenas na região, e incidência anômala de curtailment (2,6% no portfólio total).

Já a alavancagem permaneceu estável no trimestre, atingindo 4,9 vezes Dívida Líquida/Ebitda, de 4,8 vezes no 2T24 e 6,2 vezes no 3T23. O BBA espera que a empresa continue se desalavancando nos próximos trimestres devido ao seu portfólio altamente contratado, que é um dos menos expostos a flutuações de preço de energia de curto prazo sob cobertura do banco.

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O BBA comenta ainda que o principal gatilho para a Serena continua sendo seu braço de negócios nos EUA. A Serena reiterou sua meta de diversificar tanto sua base de ativos quanto sua estrutura de capital como uma forte possibilidade para o futuro próximo.

Por fim, o Itaú BBA reiterou recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 14,55, pois vê um retorno muito atraente após a desvalorização de 21% no acumualdo do ano.

Já o Santander disse que os resultados foram levemente melhores que suas estimativas, com Ebitda ajustado (excluindo participação acionária e efeitos não recorrentes) 3,5% acima da sua projeção (+32,8% na comparação anual).

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O lucro bruto ajustado ficou estável em relação à estimativa do Santander (+0,7%), devido à contribuição dos projetos Assuruá 5, Goodnight 1 e geração distribuída, mas parcialmente compensado por (i) maiores níveis de curtailment (5,6% da produção); (ii) desempenho mais fraco no trading; e (iii) pior mix de portfólio de energia. Por outro lado, os custos controláveis foram 7,5% menores que o previsto.

O Santander ainda destacou que o índice Dívida líquida/Ebitda pro forma atingiu 2,8 vezes (comparável ao limite de 4,5 vezes dos covenants). O lucro líquido foi 316% maior (+R$ 29 milhões) em relação à estimativa do Santander, refletindo principalmente os impactos não recorrentes mencionados.

Neogrid (NGRD3)

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A Neogrid (NGRD3) divulgou os resultados financeiros do terceiro trimestre de 2024; em termos ajustados, a empresa registrou prejuízo de R$ 37 mil. Esse resultado foi influenciado pelo aumento das despesas operacionais e pela ampliação de investimentos estratégicos pela administração.

TIM (TIMS3)

A TIM Brasil apresentou resultados operacionais no 3T24 em linha com as expectativas, segundo projeções do Safra e do consenso, apesar de ter relatado lucros mais fracos decorrentes de resultados financeiros mais fracos.

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A receita da TIM continua a crescer acima da inflação, embora o impulso do crescimento esteja diminuindo devido ao desempenho mais fraco no segmento pré-pago – uma tendência que precisa ser monitorada de perto. No entanto, a empresa manteve ganhos de margem Ebitda através de uma estratégia eficaz de controle de custos. “Mantemos compra para a empresa, principalmente por valuation”, avalia o Safra.

Para o Itaú BBA, o resultado foi visto como neutro. Os números do 3T24 da TIM estavam amplamente alinhados com as suas projeções e estimativas de consenso no nível operacional, refletindo tendências positivas (embora em desaceleração) em termos de crescimento do ARPU (receita média por usuário). Graças ao rigoroso controle de opex, a TIM continuou a entregar expansão da margem Ebitda, que, juntamente com um capex menor, se traduziu em maior geração de FCF (fluxo de caixa livre).

Alta das ações

Pague Menos (PGMN3)

A Pague Menos registrou crescimento de 14% na base anual na receita (+2% versus a projeção do banco Safra) e ganho de margem Ebitda de 76 pontos-base (bps) ano a ano em função de: (i) sinergias da aquisição da Extrafarma (“EF”); (ii) alavancagem operacional; e (iii) melhoria da margem bruta (+7 bps ante o 3T23), após três trimestres de pressão das perdas de estoque da EF.

“No geral, vemos resultados positivos para a PGMN no 3T24, pois as sinergias da aquisição estão dando frutos. Além disso, a empresa foi capaz de entregar um ritmo sólido de crescimento (+14% anualmente), expansão da margem Ebitda (+76 bps) e uma menor relação de alavancagem (-0,3 vez dívida líquida para Ebitda ante o 2T24)”, avalia o Safra, que reitera recomendação de compra para ação e preço alvo de R$ 3,70 por ação.

O Itaú BBA também aponta que a Pague Menos apresentou resultados positivos no terceiro trimestre, com uma dinâmica de vendas robusta e expansão de rentabilidade superior às expectativas.

As vendas mesmas lojas (lojas abertas há um ano ou mais) cresceram 13,6%, com as lojas maduras registrando um aumento de 12,7%, bem acima da inflação de medicamentos do período (de 4,5%). Isso permitiu à empresa ganhar market share (participação) em todas as regiões, mesmo com um plano de expansão mais modesto. As vendas acima da inflação também geraram efeitos de alavancagem operacional, resultando em uma expansão de 0,7 ponto porcentual (pp) na margem Ebitda (rentabilidade operacional), valor 0,3 pp acima das estimativas do banco. Além disso, a empresa demonstrou uma boa dinâmica de geração de caixa, o que levou a uma redução sequencial da alavancagem financeira, um ponto chave na tese da companhia.

Tegma (TGMA3)

A Tegma relatou resultados sólidos no 3T24, aponta o BBA, com um crescimento de 20% na base anual em veículos transportados, pois a demanda doméstica permanece forte, com tendências positivas nas vendas de veículos novos. Este desempenho levou a uma margem Ebitda robusta de 21% (+2,2 pp versus 3T23) e um resultado final de R$ 84 milhões, representando um aumento de 50% ano a ano.

A forte lucratividade resultou em um nível de ROIC (retorno sobre o capital investido) de 35%, uma expansão de 4,6 pp trimestre a trimestre devido aos melhores resultados da divisão de logística automotiva. Além disso, a Tegma anunciou um dividendo de R$ 0,77 por ativo TGMA3 para o 3T24, refletindo um pagamento de 60% e um rendimento de dividendos de 2,5%.

O Santander vê também um bom conjunto de resultados no 3T24, com o Ebitda superando as estimativas de consenso em 39%. A superação foi principalmente atribuída aos ganhos de escala, à medida que a participação de mercado e a distância percorrida se expandiram na logística automotiva, levando a uma impressionante expansão de margem bruta.

A receita aumentou significativamente ano a ano, apoiada por um cenário macroeconômico favorável e pela retomada do financiamento automotivo. As receitas líquidas consolidadas da Tegma aumentaram significativos 41% em uma base anual, apoiadas principalmente pelo desempenho impressionante no transporte automotivo.