Ouro, dividendos e expansão: por que Itaú BBA e Credit estão otimistas com os BDRs da canadense Aura Minerals na B3

Analistas iniciaram cobertura com recomendação equivalente à compra para os ativos AURA32, da mineradora que realizou IPO em julho na Bolsa brasileira

Lara Rizério

Aura Minerals (Divulgação/Aura Minerals)

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SÃO PAULO – Em meio à alta das cotações do ouro, que avança 28% no acumulado do ano apesar da queda nos últimos pregões, os analistas de mercado estão vendo com bons olhos a entrada no Brasil de uma alternativa de investimento bastante relacionada à cotação do metal, unida ainda às outras indicações de crescimento nos próximos meses.

Trata-se da Aura Minerals (AURA32), companhia canadense que tem como foco a exploração de ouro e commodities metálicas nas Américas, sendo que Brasil, México e Honduras são os principais países de atuação. Ela destaca ter 31,8 milhões de toneladas em reservas provadas de ouro e 1,5 milhão de toneladas de cobre.

A companhia estreou na B3 no último 6 de julho, após realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) que movimentou mais de R$ 790 milhões. Os Brazilian Depositary Receipts (BDRs, ou seja, ativos que permitem que investidores brasileiros tenham acesso a empresas estrangeiras) AURA32 da empresa foram precificados a R$ 820 na ocasião.

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O valor é alto mas, vale destacar, a Aura anunciou no início de agosto o desdobramento dos ativos, na proporção de 1 para 15, o que diminuirá o valor de face dos ativos e pode elevar a liquidez dos papéis. Contudo, ainda não foi informada uma data de corte e crédito para os papéis.

Um pouco mais de um mês após a Aura estrear os seus papéis na Bolsa brasileira, as casas de análise dão início à cobertura das ações – nesta semana, o Itaú BBA e o Credit Suisse começaram a cobrir os ativos, ambos com recomendação outperform (ou seja, desempenho acima da média do mercado).

Os analistas do Credit Suisse apontam que a Aura teve um desempenho bem acima do Ibovespa desde que estreou na Bolsa e pode ser considerada uma das melhores ofertas da última safra. Até a sessão da última terça-feira (18), enquanto os ativos AURA32 subiram 17,93%, para R$ 967, o benchmark da Bolsa teve alta de 5,48% entre os pregões de 6 de julho e 18 de agosto.

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Conforme ressaltam Caio Ribeiro e Gabriel Galvão, analistas do Credit, a empresa reportou bons números pós-IPO – e a performance do ouro também ajudou. E, para frente, os analistas seguem otimistas, com um preço-alvo de R$ 1.250 para os ativos, o que corresponde a um potencial de valorização de 29%.

Eles destacam que a empresa pode ser considerada uma empresa de médio porte de ouro e cobre, atualmente operando em três minas, estando programados para os próximos anos mais dois investimentos greenfields (construídos a partir do zero) na Colômbia e o Brasil, enquanto há um projeto brownfield (em construção) nos Estados Unidos.

“A diversificação geográfica tem um fator positivo e a empresa tem uma vantagem interessante de ter boa parte dos custos em moedas emergentes e uma receita em moeda forte. Enxergamos a Aura como um case tanto de crescimento quanto de dividendos”, avaliam Ribeiro e Galvão.

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De acordo com eles, além do crescimento orgânico substancial que estão esperando, de 74% até fim de 2024 na comparação com o fim de 2020, há oportunidades para a Aura buscar crescimento via fusões e aquisições, dada a sua baixa alavancagem e a geração de fluxo de caixa positiva ao longo de seu ciclo de investimento.

Segundo o Credit, a ação está atrativa e uma das explicações para isso é de que a Aura é o único player quase ouro puro listado na Bolsa Brasileira. A boa exposição à commodity também leva à indicação de compra, visto que, de acordo com os analistas, os preços do ouro têm espaço para novas altas com a queda da taxa de juros, o possível acúmulo de pressões inflacionárias e a perspectiva de um dólar mais fraco no futuro.

Na avaliação do banco, os próximos meses serão de considerável crescimento para a capacidade de produção da Aura, graças aos três principais projetos: Gold Road (nos EUA), Almas (Tocantins, Brasil) e expansão da mina Aranzazu (México).

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Os três ativos operacionais no momento são Aranzazu, San Andrés (em Honduras) e EPP (Mato Grosso, Brasil), sendo que Gold Road e Almas estão em etapa avançada para início de produção em 2020 e 2022, respectivamente.

“A produção deve crescer de 201 mil onças equivalentes de ouro em 2020 para algo próximo de 355 mil onças equivalentes em 2024 e também deve entregar um fluxo de caixa livre médio de 15% no período”, apontam os analistas, que ressaltam ainda que a gestão da companhia parece bastante focada na redução de custos. A projeção é de que haja um aumento da receita líquida nos próximos anos, atingindo US$ 527 milhões em 2024.

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Ainda em destaque, eles avaliam que a opcionalidade de fusões e aquisições está na mesa levando em conta que esta é uma empresa que tem um múltiplo entre dívida líquida e Ebitda de 0,6 vez e perspectiva de fluxo de caixa positivo pela frente.

“Esta posição deve ajudar a diferenciar a Aura de algumas mineradoras júnior que não possuem caixa para buscar fusões e aquisições e das grandes que muitas vezes não fazem questão de ir atrás de ativos pequenos ou médios”, afirmam.

O Itaú BBA, por sua vez, tem preço-alvo para 2021 de R$ 1.200 para o BDR da companhia, configurando um potencial de valorização de 24%.

“Nós não só gostamos da dinâmica atual dos preços do ouro, mas também acreditamos que a Aura oferece uma maneira alavancada, econômica e boa pagadora de dividendos diante desse cenário. A empresa está prestes a colher os primeiros frutos dos projetos que resultarão em maiores volumes de produção (alta de 42% na base de comparação anual em 2021) e menores custos. Ela também possui um cronograma de projetos de médio a longo prazo que podem sustentar seus volumes de produção à frente”, afirma a equipe de analistas formada por Daniel Sasson, Ricardo Monegaglia e Edgard Pinto de Souza.

Assumindo projeções conservadoras, o trio de analistas estima um preço médio do ouro em US$ 1.750 a onça em 2021 e de US$ 1.650 a onça no longo prazo (em termos reais). “Cada US$ 100 de valorização do ouro ante nossas premissas iniciais elevaria a perspectiva de aumento do valor patrimonial em US$ 100 milhões”, avaliam.

Também avaliando que a empresa é bem administrada e com projetos atraentes de crescimento de curto e longo prazo, os analistas projetam um dividend yield (indicador calculado pelo dividendo pago por ação dividido pela cotação do papel) de 5% entre 2021 e 2023, reforçando a visão do Credit de que a companhia é um bom player pagador de dividendos.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.