Os 5 eventos que explicam mais um dia de volatilidade no Ibovespa

Mercado não encontra uma direção definida, com diferentes eventos colocando compradores e vendedores em conflito aguerrido

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa novamente apresenta uma forte volatilidade nesta quinta-feira (29). Às 11h16 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira tinha leve queda de 0,07%, a 59.307 pontos, depois de já ter apresentado ganhos de 0,45% e queda de 0,24% neste intraday. 

Apesar da pressão por uma correção dos ganhos de ontem, o índice brasileiro busca um desempenho positivo seguindo as bolsas mundiais, que registram alta ainda em reflexo do acordo para limitar a produção de petróleo dos países membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Também no radar, os investidores repercutem levemente a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos relativo ao segundo trimestre, que veio acima do esperado. Por aqui, o mercado se mostra otimista com a possibilidade de aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 241/2016 do teto dos gastos mantendo os pontos essenciais do texto.  

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Já o dólar comercial avança 0,17% a R$ 3,2274 na venda, enquanto o dólar futuro para outubro tem alta de 0,25% a R$ 3,225. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2018 opera estável a 12,18%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra perdas de 5 pontos-base a 11,51%.

Veja os motivos que explicam o dia de volatilidade na Bolsa:

Acordo da Opep
Ontem, a organização informou que vai reduzir a produção de 33,2 milhões de barris por dia para um intervalo entre 32,5 milhões e 33 milhões diários. Após a notícia, os contratos dispararam mais de 5%, atingindo a maior valorização diária desde abril. De acordo com o Goldman Sachs, o corte na produção poderá elevar o preço do petróleo em até $10, mas o banco, assim como outros analistas, está cético quanto a implementação da medida. Este foi o primeiro corte anunciado de produção em 8 anos. A decisão da OPEP ao menos indica um piso no preço do petróleo. Para alguns especialistas, sem um acordo da Opep, a tendência era de os preços atingirem US$ 40,00 ou até furarem esse patamar.

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Hoje, o petróleo WTI (West Texas Intermediate) cai 0,21% a US$ 46,91 o barril, enquanto o contrato futuro para dezembro do barril do Brent recua 0,55% a US$ 48,97. 

PIB dos EUA
No segundo trimestre de 2016, a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos foi de 1,4% na comparação anual, de acordo com o dado final divulgado nesta quinta-feira. O número veio acima da mediana das expectativas do mercado, que eram de que o crescimento fosse de 1,3% segundo o consenso da Bloomberg. A segunda prévia havia apontado que o crescimento anualizado tinha sido de 1,1%, enquanto a primeira tinha mostrado um avanço de 1,2%.

Discurso do BoJ
O presidente do banco central japonês, Haruhiko Kuroda, disse hoje que poderá cortar novamente o juro básico, atualmente em -0,1%, se avaliar que é preciso mais relaxamento monetário. Também comentou que poderia elevar o programa de compra de ativos.

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Não é só o Deutsche
O Commerzbank, segundo maior banco alemão, anunciou hoje corte de 9.600 empregos e suspensão do pagamento de dividendos. O anúncio elevou as dúvidas sobre a saúde do sistema bancário na Europa.

Arrecadação
A arrecadação de impostos teve uma queda de 10%, para R$ 91,8 bilhões em agosto, fazendo seu pior mês em sete anos. O recuo é é quase o dobro da redução de 5,8% verificada em julho deste ano. Na comparação com igual mês do ano anterior, a queda é a maior desde fevereiro de 2016 – quando foi de 11,53%.   

Ações em destaque
As ações da Braskem (BRKM5, R$ 25,94, +2,09%) seguem em alta após seu Conselho de Administração aprovar o pagamento de dividendos no valor de R$ 1 bilhão aos seus acionistas, o que corresponde a R$ 1,25715870797455 por ação (seja ela ordinária ou preferencial classe “A”) e R$ 2,5143174159491 por ADR (American Depositary Receipt). Só vai ter direito ao provento o investidor que detiver ações da Braskem em carteira no fechamento do pregão da segunda-feira, 3 de outubro. O pagamento dos dividendos será realizado a partir do dia 11 de outubro. 

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Ontem, durante o programa “Tendências”, da InfoMoneyTV, o analista técnico Bo Williams, da Clear Corretora, recomendou a compra das ações da petroquímica nos R$ 25,33 – um pouco abaixo do fechamento de ontem. O alvo da operação é nos R$ 32,30, dando um potencial de valorização de 27%. O stop loss está nos R$ 22,30 (confira a análise clicando aqui). 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 CPLE6 COPEL PNB 35,39 +2,67
 GGBR4 GERDAU PN 9,25 +2,32
 BRKM5 BRASKEM PNA 25,98 +2,24
 GOAU4 GERDAU MET PN 3,61 +1,98
 USIM5 USIMINAS PNA 3,72 +1,92

Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes operam entre perdas e ganhos. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 36,53, +0,03%), Bradesco (BBDC3, R$ 28,83, -0,03%; BBDC4, R$ 30,10, -0,17%) não mostram uma direção definida. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

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Tentam subir os papéis da Vale (VALE3, R$ 18,30, +0,60%; VALE5, R$ 15,86, +0,38%), junto com o desempenho positivo do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve leve alta de 0,35% a US$ 56,68 a tonelada métrica.  

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 QUAL3 QUALICORP ON 19,10 -1,29
 EMBR3 EMBRAER ON EJ 14,54 -1,22
 MRFG3 MARFRIG ON 5,14 -0,96
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 30,59 -0,75
 JBSS3 JBS ON 12,00 -0,74

Já as ações da Petrobras (PETR3, R$ 15,32, -0,07%; PETR4, R$ 13,81, -0,29%) operam entre perdas e ganhos depois de subirem forte ontem. No radar, a Petrobras informou que seu Conselho de Administração aprovou, em reunião realizada na quarta, a Política de Dividendos e a Política de Indicação de membros da Diretoria Executiva, do Conselho Fiscal, do Conselho de Administração da Petrobras e dos participantes externos que integram seus comitês de assessoramento.

Bancos centrais
No dia dos dados do PIB dos EUA, os mercados também se voltam para a fala da chaiwoman do Federal Reserve – o banco central dos EUA – Janet Yellen, às 17h. Ao longo do dia, dirigentes do Fed como Dennis Lockhart (Atlanta), Jerome Powell e Neel Kashkari discursam. Já o presidente do Bank of Japan, Haruhiko Kuroda, falará hoje às 21h. 

Agenda doméstica
A agenda doméstica também é movimentada, com destaque para o resultado do governo central que, segundo estimativa mediana da pesquisa Bloomberg, deve ter tido déficit primário de R$ 18,8 bilhões em agosto. Dado será divulgado às 14h30. A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, comenta o resultado em coletiva de imprensa às 15h00 em Brasília. Já o Conselho Monetário Nacional, CMN, se reúne e pode decidir a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) para o quarto trimestre; a estimativa mediana em pesquisa Bloomberg é que ela seja mantida em 7,50%.