Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta sexta-feira

Mercados internacionais operam em alta, em meio à otimismo com avanço nas conversas entre EUA e China; no Brasil, destaque para inflação

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou a sessão da véspera com alta 1,04%, aos 102.252 pontos, acompanhando o movimento de valorização do exterior, em meio ao agendamento para outubro das conversas entre Estados Unidos e China sobre a guerra comercial, assim como pelas falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que haverá uma redução estrutural dos depósitos compulsórios.

Hoje, os mercados internacionais operam majoritariamente em alta, com a manutenção do otimismo em relação aos avanços das negociações sino-americanas. Após os dados positivos sobre emprego da ADP de ontem, os investidores aguardam para hoje, às 9h30, a publicação do payroll – relatório de empregos com grande influência na direção da política monetária nos EUA – e um discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, às 13h30.

No Brasil, destaque para as divulgações, logo cedo, dos índices de inflação de agosto, com a IPCA e o INPC, pelo IBGE, às 9h00, que poderão corroborar as expectativas do mercado de manutenção do ciclo de cortes dos juros, previsto para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Antes, às 8h00, a FGV informará o IGP-DI.

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Ainda no Brasil, destaque para o ministro da Economia, Paulo Guedes, negando que o presidente Jair Bolsonaro tenha mudado de ideia sobre a revisão do teto de gastos. Após o sinal amarelo acender na equipe econômica, Bolsonaro usou o Twitter ontem pela manhã para indicar o recuo na decisão de rever o teto.

Já hoje à tarde, Guedes e o ministro da Produção e do Trabalho da Argentina, Dante Sica, irão reunir a imprensa para detalhar o novo acordo comercial entre os países direcionado ao setor automotivo.

Confirma os destaques desta sexta-feira:

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1. Bolsas Internacionais

As bolsas na Ásia fecharam em alta, refletindo os avanços das conversas entre EUA e China para chegar a um tão aguardado acordo comercial. A expectativa é de que representantes dos dois países se reúnam em outubro.

Na China, o Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) anunciou nesta sexta-feira que vai reduzir os compulsórios bancários em 0,50 ponto porcentual no próximo dia 16. Em comunicado, o PboC também reiterou a promessa de continuar implementando uma política monetária “prudente” e manter um nível de liquidez “razoável”.

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Para bancos menores, o PBoC cortará o compulsório em 1 ponto porcentual, com o objetivo de impulsionar empréstimos para empresas pequenas e do setor privado. A primeira redução, de 0,50 ponto, será em 15 de outubro e a segunda, do mesmo tamanho, está prevista para 15 de novembro.

Ainda no Oriente, a Fitch cortou a nota de crédito de Hong Kong em moeda estrangeira de longo prazo, de AA+ para AA, com perspectiva negativa, citando os meses de protestos e persistentes conflitos no território semiautônomo.

“Os eventos atuais também causaram danos duradouros à percepção internacional da qualidade e da eficácia do sistema de governança e do Estado de direito de Hong Kong, e puseram em dúvida a estabilidade e o dinamismo de seu ambiente de negócios”, comentou a Fitch em comunicado.

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Na Europa, os mercados operam de forma mista nesta manhã, ainda refletindo as incertezas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o que poderá ocorrer em menos de dois meses.

Entre os indicadores, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro cresceu 0,2% no segundo trimestre de 2019 ante os três meses anteriores, segundo a Eurostat. O resultado confirmou leituras anteriores e veio em linha com a previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.

Na comparação anual, o PIB do bloco teve expansão de 1,2% entre abril e junho, um pouco maior do que o acréscimo de 1,1% estimado nas duas primeiras pesquisas. A Eurostat também revisou para cima o avanço anual do PIB da zona do euro no primeiro trimestre, de 1,2% para 1,3%.

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Já na maior economia europeia, a indústria da Alemanha registrou queda de 0,6% na produção em julho com relação ao mês anterior, segundo dados sazonalmente ajustados publicados pela agência de estatísticas alemã Destatis nesta sexta-feira.

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A leitura frustrou as previsões de consultados pelo Wall Street Journal, que projetavam ganho de 0,1%. Na comparação anual, a produção industrial alemã caiu 4,2% em julho ante o mesmo mês de 2018.

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Entre as commodities, os preços do petróleo e do minério de ferro recuam nesta sexta-feira.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h37 (horário de Brasília):

S&P 500 Futuro (EUA), +0,26%
Nasdaq Futuro (EUA), +0,16%
Dow Jones Futuro (EUA), +0,28%
DAX (Alemanha), +0,29%
FTSE (Reino Unido), -0,11%
CAC-40 (França), -0,04%
FTSE MIB (Itália), -0,03%
Hang Seng (Hong Kong), +0,66% (fechado)
Xangai (China), +0,46% (fechado)
Nikkei (Japão), +0,54% (fechado)
Petróleo WTI, -0,94%, a US$ 55,77 o barril
Petróleo Brent, -0,80%, a US$ 60,46 o barril
Bitcoin, US$ 10.765,75, +1,65%
R$ 43.736, -0,11% (nas últimas 24 horas)
Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian recuavam 3,9%, cotados a 629,00 iuanes, equivalentes a US$ 88,45 (nas últimas 24 horas).

2. Guedes e teto de gastos

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo prefere controlar as despesas a furar o teto de gastos, mecanismo que limita o crescimento das despesas à variação da inflação e que ficou na berlinda após o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, ter dito que o próprio presidente Jair Bolsonaro defendia mudanças. Segundo o ministro, o excesso de gastos não deu certo nos últimos 40 anos.

Guedes destacou que o presidente sempre enquadrou as despesas como o problema, não o limite de gasto. O ministro disse ainda que Bolsonaro “não mudou de ideia”.

“Quando você tem despesas obrigatórias crescendo muito, você vai reduzindo o espaço. Por isso o presidente falou ‘é uma questão aritmética’. Você tem o teto de gastos e as despesas subindo, subindo, subindo, tem uma hora que precisa enfrentar esse problema. Então ele falou ‘é uma questão aritmética, vai ter que resolver isso daí'”, afirmou Guedes após palestra a empresários em Fortaleza.

Bolsonaro disse que o teto era uma “questão matemática” quarta pela manhã, após informações de que a alteração no teto de gastos tinha apoio na Casa Civil e no comando das Forças Armadas. À noite, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que Bolsonaro defendia mudanças no teto.

“O porta-voz deve ter ouvido o presidente dizendo ‘pô, tem um problema aí sério, esse negócio do teto tá criando problema’. Só que o problema não é o teto. O problema é o piso”, disse Guedes, quando questionado sobre o motivo de o porta-voz ter dito que o presidente defendia as mudanças.

A fala do porta-voz caiu na quarta como uma bomba na área técnica do Ministério da Economia, que vem defendendo publicamente a manutenção do instrumento como peça-chave para a recuperação da saúde financeira das contas públicas e recuperação da confiança nos rumos do País.

O momento foi descrito, segundo por fontes ouvidas pelo Estadão, como o mais delicado para a equipe econômica desde o início do governo. Uma eventual mudança no teto poderia provocar baixas na equipe de Guedes.

A saída agora desenhada pela equipe técnica envolve medidas para conter o avanço das despesas obrigatórias, que incluem salários, benefícios previdenciários e outros gastos com servidores.

Guedes disse que o governo não vai furar o teto, mas sim “quebrar o piso”. “Vamos deixar claro o seguinte. O teto de gastos é uma resposta a 40 anos de expansão nos gastos, 40 anos em que os gastos públicos, por não terem um teto, acabaram nos levando à hiperinflação, à moratória, à recessão, à corrupção”, disse o ministro.

“O teto de gastos é um aviso dizendo o seguinte: não pode furar o teto mais. Então nós preferimos propor no pacto federativo o controle das despesas em vez de simplesmente furar o teto. Porque furar o teto é o que fazemos há 40 anos e não deu certo”, acrescentou.

Por trás da tentativa de flexibilizar a regra do teto de gastos, está a “agonia” de Bolsonaro de estar “amarrado à política econômica”, segundo seus auxiliares, destaca o Estadão. Ele afirmou à equipe do ministro da Economia que teme o “risco de o governo morrer por inanição”.

Bolsonaro tem sido pressionado pelos políticos para que atenda as demandas regionais, mas não encontra espaço no Orçamento de nenhum ministério.

3. PGR e abuso de autoridade

O subprocurador-geral da República Augusto Aras foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir Raquel Dodge no comando da Procuradoria Geral da República (PGR). “Já estou apanhando da mídia. Esse é um bom sinal, sinal que a indicação nossa é boa. Acabei de indicar o senhor Augusto Aras para chefiar o Ministério Público Federal”, disse o presidente.

Bolsonaro afirmou que Aras terá “respeito” ao produtor rural e irá casar “preservação” e o trabalho no campo. “Uma das coisas conversadas com ele, já era sua prática também, é na questão ambiental. O respeito ao produtor rural e também o casamento da preservação do meio ambiente com o produtor”, afirmou.

A escolha gera polêmica, já que Aras não fazia parte da lista tríplice de nomes sugeridos pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) à Presidência da República para assumir a PGR. Por outro lado, Bolsonaro não era obrigado a escolher algum dos nomes da lista.

Nos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva e nos governos Dilma Rousseff, o escolhido para comandar a PGR foi o primeiro nome da lista, enquanto na presidência de Michel Temer, a escolhida, Raquel Dodge, era a segunda da lista.

O advogado está no Ministério Público Federal (MPF) desde 1987 e define-se como conservador. Em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Aras criticou a existência da lista tríplice dizendo que isso acaba reproduzindo os vícios da política partidária.

Procuradores não podem atuar como advogados, mas no caso de Aras, como ele entrou para o MPF antes da promulgação da Constituição, ele teve o direito de escolher manter sua atuação nas duas áreas. Se o Senado aprovar sua escolha, porém, ele terá de deixar suas funções como advogado.

A Coluna Painel da Folha aponta que, apesar das oposições, o nome de Aras foi bem digerido pelas cúpulas do Congresso e do Judiciário. Nomes que torciam pela recondução de Raquel Dodge avaliaram que Aras está longe de ser, para eles, uma escolha ruim. Segundo a coluna, os aliados do subprocurador já começam a se articular no Senado para pedir os votos necessários para a sua aprovação na Casa.

Sobre os vetos de Bolsonaro ao projeto de Abuso de Autoridade, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, disse que não há sessão do Congresso prevista para a próxima semana, mas se houver um consenso, os vetos poderão ser analisados. É na sessão do Congresso, quando deputados e senadores se reúnem, que vetos presidenciais a leis aprovadas no parlamento podem ser acolhidos ou derrubados pelos parlamentares.

“Vou me organizar com os líderes na terça-feira [10], não tem previsão de marcar sessão do Congresso na semana que vem mas, se os líderes concordarem que temos que convocar, a gente convoca para quarta-feira [11]”, disse Alcolumbre.

Bolsonaro sancionou ontem um total de 19 vetos. Dos 45 artigos do projeto de lei, vetou 14 integralmente e mais 5 de forma parcial, totalizando 36 itens vetados. Nesta quinta, pelo Twitter, o presidente disse que “ouvindo ministros da Justiça, CGU [Controladoria-Geral da União], AGU [Advocacia-Geral da União], Secretaria-Geral e a sociedade”, vetou 36 itens, “preservando a essência do PL sem inviabilizar o trabalho das autoridades”.

Para Alcolumbre, estão fazendo “um cavalo de batalha” em cima de um procedimento corriqueiro, que são os vetos presidenciais. “Estão fazendo um cavalo de batalha de uma coisa que é natural. Vários projetos de lei votados no parlamento são sancionados ou vetados. Ainda bem que temos um sistema de pesos e contrapesos. Legitimidade total do presidente vetar as matérias e o Parlamento brasileiro tem legitimidade de manter ou derrubar”.

4. Argentina

Os governo do Brasil e da Argentina assinam hoje “contrato comercial automotivo”, que prevê a liberalização do comércio de veículos entre os dois países em dez anos, de acordo com fontes. Segundo o Estadão, os termos preveem aumento imediato da cota exportada pelo Brasil sem tarifa. Essa cota subirá gradualmente até que os dois países alcancem o livre comércio, em 2029.

Atualmente, Brasil e Argentina têm um acordo para o setor que permite que, para cada US$ 1 que o Brasil importa da Argentina, US$ 1,5 seja exportado sem tributação. O entendimento atual venceria em junho de 2020, mas o governo quer fechar um novo antes das eleições argentinas, que poderão eleger a chapa de oposição ao atual governo do país vizinho. Além disso, a avaliação é que é preciso dar uma previsibilidade para a indústria dos dois países, por isso a antecedência.

O prazo de dez anos foi definido para que o livre comércio entre os dois parceiros já estivesse ocorrendo alguns anos antes do fim das taxas para importação de veículos da Europa pelo Mercosul. Pelo acordo com a União Europeia, o bloco sul-americano vai reduzir o imposto cobrado para importação de veículos da União Europeia gradualmente, até zerar em um prazo de 15 anos a partir da entrada em vigor do entendimento.

Os novos termos para o comércio no setor automotivo vêm sendo negociados “desde o primeiro dia do governo Jair Bolsonaro”, disse uma fonte. O fechamento do acordo com a União Europeia acabou sendo um “estímulo externo” para que os dois países entrassem em acordo sobre o tema.

Ontem, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, disse que o acordo deverá ser anunciado nesta sexta. “E o objetivo é que se chegue ao livre comércio”, disse o executivo.

Moraes afirmou não ver riscos para o acordo mesmo que a oposição vença a eleição presidencial na Argentina, que ocorrerá em algumas semanas. “O governo que entrar vai olhar para o Brasil como um parceiro”, disse o presidente da Anfavea.

5. Noticiário Corporativo

A Petrobras elevou o preço médio da gasolina nas refinarias em 1,33%, para R$ 1,701 por litro. O novo valor representa uma alta de R$ 0,02 por litro. O combustível permanecia sem alteração desde o último dia 28 de agosto. Desta vez, a estatal também elevou o preço do diesel, que estava estável desde o dia 1º de agosto. A alta foi de 2,5%, para o preço médio de R$ 2,159/litro. O novo valor representa alta de R$ 0,0525 por litro.

O Valor traz que a Vale e a BSGR, do magnata israelense Beny Steinmetz, vão se enfrentar em um tribunal de Londres por causa de uma indenização de US$ 1,25 bilhão. A BSGR foi condenada ao pagamento em abril por uma corte que a considerou culpada de falsidade ideológica, em um processo que envolveu propinas. A Vale tenta executar a decisão, que está relacionada a uma joint venture criada para explorar minério de ferro em Guiné, mas a BSGR recorreu à Justiça.

Já sobre a retomada da Samarco, joint venture entre Vale e BHP, prevista para 2020, há riscos de que isso não ocorra em meio a atrasos na liberação de uma licença ambiental e questionamentos sobre o financiamento. Segundo a Bloomberg, a Samarco esperava que essa liberação acontecesse em semanas, mas mais de três meses já se passaram. O atraso é obstáculo também aos detentores de US$ 3,5 bilhões em dívidas que deixaram de ser pagas depois da quebra da barragem em Mariana (MG).

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)