Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta quinta-feira

Vitória folgada na Previdência deve empolgar investidores, em meio ao bom humor externo; preocupação fica por conta de potencial de desidratação com destaques 

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou a sessão da véspera com alta 1,23%, atingindo uma nova máxima histórica, aos 105.817 pontos, diante da expectativa de aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência. Como esperado, pouco depois das 20h00, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da proposta de emenda à Constituição (PEC) com 379 votos favoráveis e 131 contrários – uma elevada margem frente aos 308 que eram necessários.

Hoje, a partir das 9h00, os deputados seguem com a votação, em primeiro turno, apreciando os destaques, o que dará o indicativo aos investidores sobre o fim da votação ou não, ainda esta semana, em dois turnos. Ontem à noite, apenas um deles foi votado – o que pretendia retirar os professores das mudanças impostas pela PEC, mantendo-os nas regras atuais –, mas a emenda acabou sendo rejeitada, por 265 a 184.

Essa rejeição acabou levando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a encerrar a sessão, por volta das 21h00, pelos riscos de uma maior desidratação da proposta, caso a votação dos destaques seguisse. Uma articulação entre os partidos do Centrão e da Oposição buscava impor uma série de derrotas ao governo, na tentativa de amenizar as regras de pensão e aposentadoria para algumas categorias. Cerca de 20 destaques precisam ser apreciados ainda no primeiro turno.

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Pelo Twitter, o presidente Jair Bolsonaro destacou o papel de Maia na aprovação e afirmou que “o Brasil está cada vez mais próximo de entrar no caminho do emprego e da prosperidade”. Após os vários atritos entre o Executivo e o Legislativo ao longo do processo de tramitação da PEC, ficou evidente que a aprovação, com folga, foi marcada pela articulação de Maia, marcando um maior protagonismo da Câmara frente ao Palácio do Planalto.

Tal cenário pode levar a uma reação positiva da bolsa e dólar nesta sessão.  “O ambiente de otimismo já está permeando os últimos pregões. Há mais uma reunião marcada para hoje e o objetivo é ter uma votação para o segundo turno até sábado ou início da semana que vem. Se isso ocorrer, o clima é muito positivo e o otimismo deve continuar”, destaca Karel Luketic, estrategista-chefe da XP Research. 

Já Pablo Spyer, diretor da mesa de trade da corretora Mirae Asset, avalia que “a vitória bem folgada” deve refletir numa abertura bem positiva para os mercados de bolsa, dólar e juros.

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Ainda no Brasil, começam os debates para o “day after” da Previdência. O ministro da Economia, Paulo Guedes, marcou reunião com seus secretários hoje para a definição de medidas de estímulo à economia, que poderão ser anunciadas nas próximas semanas. Entre os indicadores de atividade, destaque para as vendas do varejo medidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

1. Bolsas Internacionais

No exterior, os mercados operam em alta generalizada, após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizar na véspera que o banco central dos EUA poderia cortar as taxas de juros em breve.

Em depoimento ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, Powell, comentou que os participantes do FOMC viram que o argumento para uma política monetária um pouco mais acomodatícia havia se fortalecido. Hoje, Powell irá se pronunciar novamente, desta vez no Senado, às 11h00, quando irá apresentar o relatório de política monetária.

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Os mercados europeus aguardam ainda a publicação da ata da última reunião de política monetária do Banco Central Europeu, no início de junho, às 8h30.

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Ainda na Europa, o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco da Inglaterra divulgado hoje sugeriu que os bancos britânicos são resilientes para enfrentar os riscos simultâneos de um não-acordo Brexit e uma guerra comercial global.
Entretanto, o relatório apontou que uma queda no investimento estrangeiro em alguns ativos britânicos devido a Brexit representa um risco para a economia em geral.

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Entre as commodities, os preços do petróleo atingiram a máxima em seis semanas, após plataformas petrolíferas no Golfo do México terem sido evacuadas antes de uma tempestade e por um incidente com um petroleiro britânico no Oriente Médio, evidenciando tensões na região.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h17 (horário de Brasília):

S&P 500 Futuro (EUA), +0,26%
Nasdaq Futuro (EUA), +0,36%
Dow Jones Futuro (EUA), +0,26%
DAX (Alemanha), +0,14%
FTSE (Reino Unido), +0,20%
CAC-40 (França), +0,28%
FTSE MIB (Itália), +0,75%
Hang Seng (Hong Kong), +0,81% (fechado)
Xangai (China), +0,08% (fechado)
Nikkei (Japão), +0,51% (fechado)
Petróleo WTI, +2,13%, a US$ 59,08 o barril
Petróleo Brent, +1,95%, a US$ 65,41 o barril
Bitcoin, US$ 11.501,76, -11,35%
R$ 45.000, -7,59% (nas últimas 24 horas)
Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian recuavam 1,20%, a 866,50 iuanes, equivalentes a US$ 126,18 (nas últimas 24 horas).

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2. Agenda Econômica

No Brasil, a Fipe divulgou o IPC referente à primeira quadrissemana de julho, com alta de 0,17%, representando leve aceleração frente ao resultado do mês de junho, que ficou em 0,15%.

O IBGE informa, às 9h00, as vendas do varejo restrito e ampliado do mês de maio e as estimativas para a safra de grãos.

Nos Estados Unidos, às 9h30, o departamento do trabalho informa o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de junho e o número de pedidos de auxílio-desemprego. Já às 15h00, será a vez do departamento do Tesouro divulgar o resultado fiscal de junho.

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Ainda no exterior, está prevista para a noite de hoje a divulgação da balança comercial chinesa.

3. Previdência

O texto-base da da Previdência aprovado estabelece uma idade mínima para aposentadoria (65 anos para homens e 62 anos para mulheres), limita o benefício à média de todos os salários, eleva as alíquotas de contribuição para quem ganha acima do teto do INSS e estabelece regras de transição para os atuais assalariados. Frente à proposta original do governo, ficaram de fora a capitalização e mudanças na aposentadoria de pequenos produtores e trabalhadores rurais.

Os investidores devem ficar atentos, porém, a pontos importantes do texto que ainda precisam ser votados para a determinação do total de economia ao longo dos próximos dez anos, que, pela proposta aprovada, soma R$ 933,9 bilhões. Entre os destaques estão a transição para os policiais e o salário das trabalhadoras que se aposentarem com contribuição mínima de 15 anos permitida pela PEC.

Outros destaques da oposição pretendem retirar do texto regras sobre valores das pensões, cálculo da aposentadoria com percentual sobre a média das contribuições e mudanças no pedágio cobrado para se aposentar segundo as regras de transição para os atuais segurados.

Entre eles, o que demonstra mais acordo é o que foi negociado pela bancada feminina e aumenta o salário final da aposentadoria de mulheres com tempo de contribuição acima do limite mínimo de 15 anos. Pelo texto do substitutivo, o aumento somente pode ocorrer para o que passar de 20 anos de contribuição.

Um dos pontos importante da reforma, que ficou de fora, foi o do ingresso dos Estados e dos municípios na proposta, o que poderá ser feito por meio de um texto paralelo no Senado Federal, para evitar que a proposta tenha que voltar por completo à Câmara novamente. A estratégia, assim, seria alterar somente este trecho da inclusão de Estados e municípios, que voltaria à Câmara. Com o fatiamento, destaca o Estadão, as regras em comum entre as Casas entrariam em vigor mais cedo.

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, afirmou que o placar da votação do texto principal da reforma da Previdência surpreendeu positivamente a equipe econômica, que projetava 132 votos contra. “Erramos por um”, disse.

Segundo Marinho, os próximos dias serão ainda de negociações para que haja compensações no texto diante das alterações já acordadas – tempo de contribuição de mulheres e regras de aposentadoria para policiais. De acordo com Marinho, a ideia é que, ao final, o impacto seja nulo “ou próximo a nulo”.

4. Economia

Com o encaminhamento da reforma da Previdência, o governo começa a delinear estratégias para a recuperação da atividade econômica.

Hoje o ministro da Economia, Paulo Guedes, a partir das 9h00, se reunirá ao longo do dia com os secretários de desburocratização, gestão e governo digital; desestatização, desinvestimento e mercados; comércio exterior e assuntos internacionais; produtividade, emprego e competitividade; Receita Federal; Previdência e Trabalho; e Procurador-Geral da Fazenda Nacional.

O encontro foi batizado Integra, Programa de Integração, Governança e Estratégia. Para tentar fazer a economia deslanchar, a equipe econômica cogita desde a desoneração de alguns setores até a utilização de recursos de privatizações para fomentar o programa Minha Casa Minha Vida.

Outra ação que já foi anunciada informalmente e deverá estar no plano do governo é a liberação de R$ 20 bilhões do PIS/Pasep, além de regras para facilitar a utilização do FGTS. Há uma discussão dentro do governo para que os recursos do PIS/Pasep que não forem sacados possam ser utilizados para melhorar o resultado fiscal do Tesouro, disse a pessoa.

A avaliação interna na Economia é de que é preciso apresentar uma agenda própria logo na sequência da aprovação da reforma da Previdência, especialmente depois de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ter feito críticas às ações do governo e tentado atrair para si o protagonismo da pauta econômica, o que deixou Guedes irritado.

Até por isso, Guedes cogita realizar o anúncio dessa agenda durante o recesso parlamentar, como forma de mostrar que equipe econômica está trabalhado enquanto parlamentares estão de férias, uma forma de responder ao Maia, disse a pessoa. A reforma tributária do governo, que difere da adotada pelo Congresso, também pode integrar o anúncio.

No cardápio estudado está ainda um dos alvos preferidos de Guedes, o Sistema S. Técnicos do ministério avaliam a possibilidade de enviar uma Medida Provisória ao Congresso cortando recursos do sistema. Isso poderia liberar recursos no caixa das empresas, o que poderia contribuir para a recuperação da atividade. Outros pontos discutidos são regras para a melhorar a recuperação da dívida ativa.

Já o secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, disse que o governo anunciará medidas na área de privatização em cerca de 15 dias. “Teremos muitas notícias daqui a duas semanas”, afirmou. O governo esperava a reforma da Previdência ser aprovada para anunciar medidas para aquecer a economia e na área de privatizações.

5. Noticiário Corporativo

A S&P projeta que a Vale somente conseguirá retomar os seus níveis de produção de 2018, anteriores à tragédia de Brumadinho, em 2021, mantendo a oferta apertada até lá. Desta forma, a agência de classificação de risco, elevou suas expectativas em relação aos preços médios, para US$ 90 a tonelada em 2019, US$ 80/t em 2020 e US$ 70/t em 2021, ante projeções anteriores de US$ 75/t, US$ 70/t e US$ 65/t, respectivamente. A forte demanda das siderúrgicas chinesas tem ajudado a sustentar essa alta, acrescenta a S&P.

Em recuperação judicial, a Avianca arrecadou US$ 147,3 milhões, equivalente a R$ 558 milhões, ontem, em seu leilão de ativos. Valor que poderá ser usado para abater parte das dívidas, que somam cerca de R$ 2,7 bilhões. O resultado, porém, poderá ser anulado, já que vendeu posições de voos e decolagens (slots), nos aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Santos Dumont, que não são de sua propriedade. A Gol ficou com três lotes e a Latam com outros dois, pagando respectivamente, US$ 77,3 milhões e US$ 70 milhões.

A petroleira boliviana YPFB quer ficar com a fatia da Petrobras no gasoduto Brasil-Bolívia, que interliga os países e cujo controle precisará ser desfeito pela estatal brasileira, segundo o Estadão.

(Agência Estado, Agência Câmara e Bloomberg)