Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta quarta-feira

Bolsas mundiais sobem com chegada a acordo entre governo e Senado dos EUA para pacote trilionário; repercussão do discurso de Bolsonaro também no radar

Equipe InfoMoney

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Os mercados respiram com alívio na manhã desta quarta-feira, após o Senado e o governo dos Estados Unidos terem aprovado na madrugada um acordo para o pacote de US$ 2 trilhões de socorro à economia americana, combalida pelo avanço do coronavírus. Senadores democratas e republicanos aprovaram um conjunto de medidas fiscais e incentivos diretos a empresas e cidadãos. O acordo só será votado mais tarde nesta quarta-feira.

Na Europa, o Eurogrupo fracassou em reativar o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês) mas as bolsas de valores avançam impulsionadas pelo pacote americano.

No Brasil, destaque para a repercussão do pronunciamento de Bolsonaro, que retomou o tom agressivo que parecia ter abandonado recentemente. Ele defendeu reabertura do comércio e escolas e voltou a criticar governadores pelo que chama de política de “terra arrasada”, sendo criticado por líderes políticos.

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Na manhã de hoje, o IBGE publica o IPCA-15 de março, e à tarde o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, farão uma teleconferência.

1. Bolsas mundiais

O Senado dos Estados Unidos chegou a um acordo para aprovar pacote de US$ 2 trilhões, de forma a socorrer a economia do país, abalada pela epidemia do coronavírus. Os futuros de Nova York, que estavam em terreno negativo na madrugada, se recuperaram após o anúncio, mas agora voltam a operar com leves perdas. As bolsas de valores da Ásia tiveram um rali após a notícia; Tóquio avançou 8%, informa a CNN.

“Este não é um momento de comemoração, mas de necessidade”, disse o senador Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado, à CNBC. “No final, temos um acordo. Este é um nível de investimentos de tempos de guerra na nossa nação”, disse o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell. Mesmo com o acordo para a aprovação do pacote, muitos ressaltam a incerteza que ainda paira sobre a economia americana e mundial.

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A Bolsa de Nova York teve ontem um dia de “bull market”, com o índice Dow Jones fechando em alta superior a 11%, maior ganho em porcentual desde 1933.

O acordo, que ainda é preliminar e deve seguir para votação no Senado e na Câmara dos Representantes já nesta quarta, acontece após dias de divergências que deixaram os mercados financeiros em suspense. Só depois irá à sanção de Donald Trump.

Os detalhes do pacote serão revelados mais tarde nesta quarta-feira. Alguns pontos conhecidos: cada adulto receberá um cheque de US$ 1,2 mil, cada casal US$ 2,4 mil e cada criança um de US$ 500. Se o cidadão recebe mais de US$ 75 mil por ano e o casal mais de US$ 150 mil por ano, terão direito a um cheque de menor valor.

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Pequenas empresas terão US$ 350 bilhões para mitigar os efeitos da recessão. McConnell disse que o pacote estabilizará “setores-chave na economia americana”. As empresas aéreas haviam pedido US$ 58 bilhões.

O senador Chuck Schumer disse que os US$ 2 trilhões vão cobrir as necessidades de cada americano por quatro meses. O país se prepara para uma onda de demissões. Um relatório do banco Goldman Sachs projetou que só nesta semana 2,2 milhões de trabalhadores perderiam o emprego.

Na Europa, as bolsas de valores abriram em alta por causa do pacote americano. Na noite de ontem, ministros do Eurogrupo fracassaram em chegar a um acordo para reativar o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês) bastante usado na crise da Grécia em 2009.

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Veja o desempenho dos mercados, às 7h37*

Nova York
*S&P 500 Futuro (EUA), -0,93%
*Nasdaq Futuro (EUA), -1,81%
*Dow Jones Futuro (EUA), -1,57%

Europa
*Dax (Alemanha), -1,99%
*FTSE (Reino Unido), +0,24%
*CAC 40 (França), +0,01%
*FTSE MIB (Itália), -0,85%

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Ásia
*Nikkei (Japão), +8,04% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), +5,89% (fechado)
*Hang Seng (Hong Kong), +3,81% (fechado)
*Xangai (China), +2,17% (fechado)

*Petróleo WTI, +2,64% a US$ 24,62 o barril
*Petróleo Brent, +1,33%, a US$ 27,51 o barril

**Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian fecharam em alta de 5,06% cotados a 665.000 iuanes, equivalentes a US$ 93,69 (nas últimas 24 horas). USD/CNY= 7,0972 (-0,29%)

*Bitcoin, US$ 6.907,71 +1,53%

2. Agenda de indicadores

O IBGE publica na manhã de hoje o IPCA-15 de março. A inflação deve ter registrado alta de 0,06% em março na comparação mensal, segundo estimativa mediana em pesquisa Bloomberg, depois de ter avançado 0,22% na medição anterior.

No mesmo horário, o instituto publicará sua pesquisa sobre o setor de serviços em janeiro, após vendas do varejo ontem abaixo do previsto ajudarem a derrubar juros futuros curtos

Um pouco mais tarde, às 9h30, o Banco Central deve divulgar o saldo em conta corrente e o investimento estrangeiro direto em fevereiro. O BC também realiza leilão de linha de US$ 3,3 bilhões para rolagem a partir das 10h20

Nos Estados Unidos, serão divulgados os pedidos dos bens de capital em fevereiro, também às 9h30.

3. Discurso polêmico de Bolsonaro

O discurso do presidente Jair Bolsonaro, feito na noite de ontem em cadeia nacional de televisão, foi elaborado com a ajuda do seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro, e do chamado “gabinete do ódio” que funcionaria dentro do Palácio do Planalto, informa reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. No discurso, o presidente criticou o fechamento de escolas e do comércio no Brasil por causa da epidemia do coronavírus. “Sem pânico ou histeria venceremos o vírus”, que chegou e brevemente passará, disse o presidente.

Moradores de pelo menos nove capitais fizeram panelaço enquanto a TV exibia o discurso, pedindo a renúncia do mandatário. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que o pronunciamento foi “grave” e cobrou uma liderança “séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou “equivocado” o pronunciamento e criticou o fato de Bolsonaro usar a estrutura de transmissão para distribuir ataques. “Desde o início desta crise venho pedindo sensatez, equilíbrio e união. O pronunciamento do presidente foi equivocado ao atacar a imprensa, os governadores e especialistas em saúde pública”, escreveu o presidente da Câmara em uma rede social.

4. Coronavírus avança no Brasil 

O Ministério da Saúde informou que pretende aplicar 22,9 milhões de testes do coronavírus no Brasil. A promessa envolve a produção acima da capacidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, a compra de kits no mercado internacional. O Brasil já registra 47 mortes – na noite deste terça-feira, de um paciente no Amazonas – e pelo menos 2.201 casos confirmados da doença.

5. Noticiário corporativo 

A Petrobras informou na noite de ontem que fechou um contrato de R$ 350 milhões para a compra e venda de asfalto com a Stratura, sua coligada e subsidiária da BR Distribuidora em Paulínia (SP). O acordo tem validade de seis meses. Já a Sul América adiou a sua Assembleia Geral Ordinária, que deveria ocorrer amanhã no Rio de Janeiro, para o final de abril, por causa da epidemia do coronavírus. A Usiminas vai receber R$ 393,9 milhões em acordo com fundo de pensão.

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