Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta quarta-feira

Bolsas da Europa sobem após fala do Fed, mas Ásia cai; no Brasil, IPCA-15, Eletrobras, balanço da Petrobras após o fechamento e mais destaques

Equipe InfoMoney

Foto: reprodução

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SÃO PAULO – O noticiário desta quarta-feira (24) é bastante movimentado tanto no Brasil quanto no exterior. Por aqui, os investidores repercutem a entrega pelo governo do presidente Jair Bolsonaro na noite da véspera de uma medida provisória associada a seus planos de privatização da elétrica federal Eletrobras. A MP permite que o BNDES inicie estudos sobre a desestatização da companhia e foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

A temporada de balanços também ganha destaque, com especial atenção para os números da Petrobras após o fechamento do mercado em meio às últimas sessões bastante turbulentas para a companhia com o anúncio da indicação de novo CEO pelo governo e críticas sobre reajuste de combustíveis. Também no radar, está a expectativa pelo IPCA-15.

Lá fora, a abertura na Europa é positiva e os futuros dos EUA abrem em alta, com a fala mais “dovish” do presidente do Fed, Jerome Powell. Já na Ásia, os mercados tiveram quedas generalizadas, com o testemunho de Powell sendo observado com cautela e com realização de lucros. Confira os destaques:

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1.Bolsas mundiais

Os índices futuros americanos e as bolsas europeias sobem nesta quarta após o presidente do Fed Jerome Powell tranquilizar investidores quanto à política da instituição. As bolsas asiáticas, por sua vez, registraram fortes quedas.

Na terça (23), as bolsas americanas iniciaram a atividade em queda, mas passaram a se recuperar após o presidente do Fed Jerome Powell realizar sua fala semianual ao Comitê Bancário do Senado americano sobre a política da instituição. Ele buscou reduzir preocupações, afirmando que a economia americana ainda está longe das metas para inflação e emprego da instituição que comanda.

Os índices Dow e S&P 500 tiveram altas, enquanto o Nasdaq fechou em leve queda, interrompendo a tendência mais clara de retração nos índices dos dias anteriores.

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Os juros dos títulos do Tesouro americano com vencimento em dez e 30 anos têm subido, e parlamentares continuam a debater uma nova rodada de auxílio econômico, no valor de US$ 1,9 trilhão. O temor de investidores é de que esses fatores se correlacionem a uma alta da inflação que poderia levar o Fed a alterar sua política e elevar os juros de curto prazo, uma possibilidade que foi parcialmente afastada por Powell ao afirmar que a instituição ainda aguarda sinais mais claros de recuperação.

Na terça, ações dos setores de energia e finanças tiveram os melhores desempenhos nas bolsas americanas.

Apesar da fala tranquilizadora de Powell e da tendência aparentemente mais positiva dos mercados americanos na terça, as bolsas asiáticas tiveram fortes baixas na quarta, com os investidores ainda cautelosos. As bolsas japonesas recuaram na volta à atividade após um feriado no dia anterior.

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O mercado acionário da China fechou em baixa nesta quarta-feira, e o índice referencial registrou a maior queda diária em sete meses, com os investidores preocupados com os altos valores em meio a crescentes temores de aperto da política monetária.

O índice referencial chinês perdeu 3,6% até agora esta semana devido a preocupações com o aperto da política monetária, depois de avançar para uma máxima de mais de 13 anos em fevereiro devido ao otimismo em torno da recuperação econômica do país.

O índice Nikkei, do Japão, caiu 1,61%; o Hang Seng Index, de Hong Kong, recuou 2,99%; o Kospi, da Coreia do Sul, caiu 2,45%; e o índice de Shanghai, da China, caiu 1,99%.

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Nesta quarta, o presidente do Fed deve falar ao Comitê de Serviços da Câmara, o que também pode gerar reações de investidores.

Na Europa, além da fala de Powell, as ações europeias também subiram sustentadas por um crescimento mais forte do que o esperado na economia alemã, embora as preocupações com um possível aumento na inflação e altas valorizações dos ativos mantivessem os ganhos sob controle. Dados mostraram que as exportações e a atividade de construção sólida ajudou a maior economia da Europa a crescer 0,3% no quarto trimestre, acima do esperado.

2. Agenda de indicadores

Às 8h, a FGV divulga indicadores sobre os custos da construção e a confiança do consumidor em fevereiro no Brasil. Às 9h, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga o índice de inflação IPCA-15, relativo a fevereiro; a expectativa é de alta de 0,50% frente janeiro, segundo o consenso Bloomberg.

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Às 9h30 são divulgados dados sobre saldo em conta corrente em janeiro no Brasil. No mesmo horário, são divulgados dados sobre investimento estrangeiro direto, também relativos a janeiro. Às 14h, serão revelados os dados da dívida pública federal de janeiro.

Às 9h, a Associação de Banqueiros Hipotecários divulgou dados sobre solicitações de empréstimos em fevereiro nos Estados Unidos. Às 12h são divulgados dados sobre vendas de casas novas, relativos a janeiro.

3. Eletrobras em pauta e repercussão de mudança na Petrobras

Na terça, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entregou ao Congresso uma medida provisória sobre a  Eletrobras. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) afirmou que “a Câmara iniciará com muita rapidez a discussão dessa medida provisória, já com pauta para a próxima semana no plenário da Câmara dos Deputados”.

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Após entregar a MP, Bolsonaro disse que “nossa agenda de privatização continua a todo o vapor e nós queremos sim enxugar o Estado”. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que a MP da Eletrobras terá a devida atenção e encaminhamento e contará com uma “avaliação crítica” da maioria da Câmara e do Senado.

Além disso, o conselho de administração da Petrobras autorizou a convocação de uma assembleia geral extraordinária para avaliar a destituição do presidente Roberto Castello Branco do cargo de membro do colegiado, e delegou ao líder do conselho a definição de uma data para a reunião de acionistas, informou a petroleira em fato relevante nesta terça-feira.

Na sexta-feira (19), o presidente Bolsonaro anunciou a troca de Castello Branco pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna, no que foi interpretado por diversos analistas como um esforço para interferir na política de preços de combustíveis praticada pela empresa. O governo vem sendo pressionado por caminhoneiros, que ameaçam greve, insatisfeitos com as altas dos preços implementadas pela petroleira.

O anúncio da mudança levou a forte recuo nas ações da Petrobras, que chegou a perder mais do que R$ 100 bilhões em valor de mercado antes de se recuperar parcialmente na terça.

De acordo com a petroleira, a destituição de Castello Branco do cargo de membro do conselho, uma vez efetivada, acarretará a destituição dos demais sete membros do colegiado, eleitos pelo processo do voto múltiplo em 2020, conforme está previsto na lei.

Segundo duas fontes ouvidas pela agência internacional de notícias Reuters, cujos nomes não foram identificados, a Petrobras poderá ser comandada por um interino durante a transição de Castello Branco para o general da reserva Silva e Luna.

Desde o anúncio da troca no comando da estatal, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não deu declarações públicas. Em discurso durante solenidade com prefeitos na terça no Palácio do Planalto, o presidente Bolsonaro afagou o ministro da Economia, afirmando que ele é um “bom” gestor, que tem sido importante para lidar com a pandemia. O presidente também afirmou que o general Silva e Luna será “excelente” no comando da Petrobras, com a qual não tem uma briga.

Na terça, o mercado continuou a digerir a notícia sobre a intervenção. A Fitch Ratings afirmou em comunicado que entende que “qualquer potencial mudança na política de preços da Petrobras que desvie da paridade de importação, como já ocorreu anteriormente, provavelmente colocaria em risco a esperada recuperação do setor de etanol”, que é usado como combustível no Brasil.

A empresa afirmou que a manutenção da política de paridade de importação da Petrobras é importante para a recuperação do setor doméstico de etanol, que tem passado por quedas devido aos efeitos da pandemia.

4. Terceira maior média de mortes por covid e medidas pró-vacina

O consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil divulgou, às 20h de terça (23), o avanço da pandemia em 24 h no país. A média móvel de mortes em 7 dias foi de 1.095, marcando 34 dias com a média acima da marca de mil mortes, e alta de 4% em relação ao patamar registrado 14 dias antes. É a terceira maior média registrada até o momento. Em apenas um dia houve 1.370 mortes.

A média móvel de casos confirmados em 7 dias foi de 48.469, alta de 5% frente ao período encerrado 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 63.090 casos.

Até o momento, 5.811.528 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid no Brasil, o equivalente a 2,76% da população. A segunda dose foi aplicada em 1.172.208 pessoas, ou 0,55% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

Também na terça, a Anvisa informou que concedeu o registro definitivo para a vacina contra a Covid desenvolvida pelo laboratório Pfizer em parceria com a BioNTech, o que permite a aplicação em toda a população e sua comercialização. A eficácia global da vacina é de 95%.

As conversas para a venda do imunizante ao governo brasileiro não têm, no entanto, avançado, pois o governo critica a exigência de isenção de responsabilidade sobre potenciais efeitos colaterais. As farmacêuticas afirmam que as condições são as mesmas oferecidas para outros países, inclusive da América Latina, que já fecharam a compra.

Mesmo com a dificuldade do governo em fazer avançar as negociações, a aprovação ganha relevância porque, na terça, o Supremo Tribunal Federal formou maioria para permitir que estados e municípios comprem vacinas caso o governo descumpra o plano nacional, ou caso a programação não seja suficiente. O STF também reafirmou a possibilidade de importação de doses com aval de determinadas agências reguladoras estrangeiras, mesmo sem a autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), caso a agência não se manifeste em até 72 horas.

Além disso, a Câmara dos Deputados aprovou na terça uma medida provisória que dá à Anvisa até sete dias úteis para decidir sobre a aprovação temporária de vacinas contra a Covid, caso elas tenham sido autorizadas por ao menos uma dentre 11 autoridades sanitárias estrangeiras específicas. Este prazo pode ser estendido para até 30 dias, caso faltem informações por parte da autoridade internacional em questão. O texto ainda precisa passar pelo Senado.

Na manhã de terça, chegaram ao Rio de Janeiro 2 milhões de doses da vacina desenvolvida em parceria entre Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, produzidas na Índia. O imunizante está sendo avaliado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), parceiro brasileiro das instituições. Também na terça, o Instituto Butantan entregou ao governo federal 1,2 milhão de doses do imunizante CoronaVac, desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac. Outras 2,7 milhões de doses devem ser entregues ao Ministério da Saúde nos próximos dias.

5. Radar corporativo

O noticiário corporativo é bastante movimentado, com atenção, além do noticiário agitado para a Petrobras, o resultado do quarto trimestre da petroleira depois do fechamento do mercado.

A Telefônica Brasil (dona da Vivo) fechou o quarto trimestre de 2020 com lucro líquido de R$ 1,293 bilhão, o que representa uma ligeira alta de 1,5% em relação ao mesmo período de 2019, em função da menor despesa com impostos, conforme explicou a companhia. Já no acumulado do ano inteiro, a operadora apresentou lucro de R$ 4,771 bilhões, queda de 4,6% em relação ao ano anterior.

O Grupo Pão de Açúcar (GPA), por sua vez, teve lucro de R$ 1,59 bilhão no quarto trimestre, ante lucro de R$ 94 milhões em igual período de 2019. A Unidas, por sua vez, informou que o seu lucro líquido de outubro a dezembro somou R$ 197,1 milhões, alta de 105,3% no comparativo com igual etapa de 2019.

Já a Vale anunciou nesta terça-feira a retirada do nível de emergência da barragem Itabiruçu, localizada no complexo de minério de ferro de Itabira (MG), para o qual mira uma “solução definitiva” na filtragem de rejeitos para 2022.

A fabricante de motores, componentes elétricos e tintas WEG vai propor na próxima Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária do dia 27 de abril o desdobramento de suas ações na razão de duas para uma. Além do desdobramento, a WEG também fez outro comunicado de muito interesse para seus acionistas, o pagamento de dividendos no valor total de R$ 732,8 milhões, o que corresponde a R$ 0,349357703 por ação.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)