Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta terça-feira

Confira em que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário segue movimentado nesta terça-feira, em meio ao novo dia de alívio para os mercados globais com o recuo da Coreia do Norte sobre um possível ataque à ilha de Guam, enquanto as incertezas fiscais ainda rondam o Brasil. Por aqui, atenção ainda à intensa temporada de balanços. Confira os destaques:

1. Bolsas mundiais

As bolsas europeias sobem pelo segundo dia de alívio da tensão geopolítica que afetou mercados até semana passada, embora os ganhos sejam mais discretos nesta terça-feira, enquanto os ganhos são maiores na Ásia. O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, anunciou nesta terça-feira, noite de segunda-feira no Brasil, o adiamento do plano de um teste de mísseis mirando a ilha americana de Guam, no Pacífico, anunciado na quinta (10). O adiamento é decorrente do aumento da pressão chinesa, que anunciou horas antes a suspensão das importações de carvão, ferro, chumbo, minério e pescado, o que impacta fortemente a economia da Coreia do Norte.  A agência de notícias estatal norte-coreana KCNA afirmou que as declarações foram dadas por Kim Jong-un após receber relatório de seu Exército sobre planos para atacar a área em torno de Guam. Ele voltou a exigir aos EUA que “parem de vez com provocações arrogantes”.

Já o dólar sobre ante maioria dos pares após William Dudley, diretor do Federal de Nova York, sinalizar nova alta de juros do Fed este ano. Na agenda econômica da zona do euro, a economia da Alemanha teve uma inesperada desaceleração no segundo trimestre, ainda que discreta e após exibir desempenho mais forte do que inicialmente estimado no início do ano. Dados da agência de estatísticas da maior economia europeia, a Destatis, mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) alemão cresceu 0,6% entre abril e junho em relação aos três meses anteriores, ou 2,5% em termos anualizados. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal previam avanço um pouco maior, de 0,7%, o que se traduziria numa taxa anualizada de 2,8%.

Entre as commodities, o petróleo tem leve baixa e segue abaixo de US$ 48 após mergulhar 2,5% ontem; a queda é desacelerada por expectativa com dado que pode mostrar baixa de estoques. Já os metais têm desempenho misto em Londres; Axiom diz que minério corre risco de reversão, com queda aguda

Às 8h10, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,45%

*FTSE (Reino Unido) +0,49%

*DAX (Alemanha) +0,28% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,28% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,44% (fechado)

*Nikkei (Japão) +1,11% (fechado)

*Petróleo WTI -0,46%, a US$ 47,37 o barril

*Petróleo brent -0,63%, a US$ 50,41 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,93%, a 530 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% -1,38%, a US$ 73,68 a tonelada 

 

2. Noticiário de Brasília

Entre toda movimentação em Brasília, três grandes eventos chamam a atenção dos investidores. Em primeiro lugar, está a perspectiva do anúncio da revisão da meta fiscal para 2017 e 2018, após o anúncio não ter sido feito na véspera. O presidente Michel Temer e os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, tiveram reunião na segunda para definir em quanto vai aumentar a meta de déficit primário. A expectativa era de que ela fosse alterada de um déficit de R$ 139 bilhões para um rombo de R$ 159 bilhões em 2017. Para 2018 o dado deveria ser revisado para R$ 159 bilhões negativos, ante o déficit de R$ 129 bilhões anunciado anteriormente. Por outro lado, o jornal O Globo ressaltou ontem que a ala política do governo decidiu insistir com o presidente Michel Temer que o rombo precisa ser maior, de R$ 170 bilhões, o que adiou o anúncio da decisão. Já nesta manhã, o mesmo jornal informou que Temer autorizou a meta de déficit de R$ 159 bilhões, mas sem propor aumento de impostos. “Com essa missão quase impossível nas mãos, Meirelles e Dyogo Oliveira voltaram a suas equipes na noite de segunda-feira para refazer contas e entregá-las ao Palácio do Planalto nesta terça”, afirma a publicação.

Nesta terça, Meirelles e Dyogo reúnem-se pela manhã para discutir a situação fiscal do país com líderes de partidos da base aliada e com o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Segundo o parlamentar, o encontro, na residência oficial da presidência da Câmara, tem o objetivo de esclarecer como aumentam as despesas e como o governo federal buscará as receitas.

Outro evento bastante importante é o debate sobre a TLP, a nova taxa de juros para empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Segundo fontes disseram à Bloomberg, o governo mantém projeto da TLP,  após rumores sobre futuro da proposta levarem dólar a disparar e testar R$ 3,20 na sexta.  Vale destacar ainda que, por falta de quórum, a comissão especial que analisa a reforma política não conseguiu concluir a votação do parecer do relator, deputado Vicente Cândido (PT-SP), faltando votar três destaques. O colegiado volta a se reunir na terça-feira. A versão que for aprovada na comissão especial ainda terá que passar por dois turnos de votação no Plenário da Câmara dos Deputados e depois segue para o Senado. 

3. Entrevista exclusiva

A revisão da meta fiscal tem trazido uma dose adicional de nervosismo ao mercado, mas o déficit anual de R$ 159 bilhões ou mais pode não ser a pior notícia aos investidores. As sucessivas frustrações de receitas e o incontrolável crescimento das despesas obrigatórias evidenciam um ambiente persistente de dificuldades para equilibrar as contas públicas. Na avaliação do economista Felipe Rezende, em breve o governo terá de reverter parte da emenda constitucional do teto de gastos, promulgada há menos de um ano. Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, o especialista chama atenção para um cenário preocupante, no qual as possibilidades de cortes discricionários no orçamento estão chegando ao limite e a crescente disputa por recursos públicos entre os mais diversos setores em um momento de vacas magras para a economia cria um ambiente praticamente ingovernável.

Professor associado do Bard College e Levy Economics Institute, Rezende vislumbra um fracasso na estratégia política da equipe econômica do governo de promover maior eficiência na alocação de recursos públicos ao explicitar as disputas por nacos do orçamento, com os lobbies e corporações triunfando sobre áreas sensíveis para o desenvolvimento nacional. De um lado, reajustes salariais generosos e vultosos repasses para emendas parlamentares, enquanto de outro, carências de recursos em áreas como ciência e tecnologia, saúde, educação e infraestrutura. “O cenário de investimento hoje para o Brasil é muito ruim. Não há uma saída viável”, lamenta. [Para ler a entrevista completa, clique aqui].

4. Agenda de indicadores

No Brasil, o destaque fica para as vendas no varejo referente ao mês de junho, a ser revelada às 9h. As vendas do varejo devem ter crescido 0,4% em junho na comparação mês a mês, de acordo com estimativa mediana em pesquisa Bloomberg, depois da queda de 0,1% na medição anterior. Nos EUA, atenção para os dados de vendas no varejo, além de preços de importação e exportação. No mesmo horário, será revelado o New York Empire State de agosto. Já às 11h, atenção para o Business Inventories: o indicador mostra o nível de vendas e de estoques das indústrias e dos setores de atacado e varejo com base no mês vigente.

5. Noticiário corporativo

O noticiário corporativo tem como grande destaque a reta final da temporada de resultados. Em destaque, a JBS fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 309 milhões, o que representa uma queda de 79,8% frente ao mesmo período do ano passado. A receita líquida consolidada da empresa ficou em R$ 41,67 bilhões, 4,6% inferior ao 2º trimestre de 2016. A Marfrig, por sua vez, registrou um prejuízo líquido atribuído ao acionista controlador no segundo trimestre de 2017 de R$ 167 milhões, valor 26% maior do que as perdas de R$ 132 milhões de igual período do ano passado. Já a Sabesp registrou lucro líquido de R$ 331,8 milhões no segundo trimestre do ano, queda de 58,4% frente ao mesmo período de 2016. A empresa de concessões de infraestrutura CCR, por sua vez, teve um salto de 357,9% no lucro líquido do segundo trimestre ante mesmo período do ano passado, para R$ 667,1 milhões. Outras empresas também divulgaram balanços, como você pode conferir clicando aqui

Já no InfoTrade de hoje, destaque para a expectativa de recuperação para as ações ordinárias da Vale (VALE3) (confira a análise clicando aqui).

(Com Bloomberg, Agência Brasil e Agência Estado) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.