Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quinta-feira

Confira em que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Marcos Mortari

Publicidade

SÃO PAULO – Após o Ibovespa renovar seu maior fechamento da história pela terceira vez, com os investidores atentos à possível candidatura do ministro da Fazenda Henrique Meirelles à presidência nas eleições de 2018, aos desdobramentos do noticiário político e ao pregão levemente positivo nas principais bolsas mundiais, a quinta-feira (14) começa com novos eventos da política e agenda econômica no radar do mercado. Entre os destaques, merecem atenção a possível nova denúncia contra o presidente Michel Temer — a ser apresentada pelo procurador-geral Rodrigo Janot — os dados do IBC-Br e o mergulho do minério de ferro no mercado internacional, após a divulgação de dados econômicos abaixo do esperado na China.

Confira ao que se atentar neste pregão:

1. Bolsas mundiais

O dia é de ressaca para as principais bolsas internacionais, com os investidores digerindo dados ruim da economia chinesa para o varejo e investimentos abaixo do previsto. Com isso, o dólar avança contra a maioria de seus principais pares, também em meio ao leve aumento nas expectativas de alta nos juros pelo Federal Reserve e após o presidente Donald Trump pedir apoio bipartidário para seu programa de reforma tributária. O minério de ferro despenca no mercado internacional e deverá pesar sobre as ações brasileiras.

Às 8h10 (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) 0,00%

*FTSE (Reino Unido) -0,33%

*DAX (Alemanha) -0,23% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,42% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) -0,38% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,29% (fechado)

*Petróleo WTI +1,03%, a US$ 49,81 o barril

*Petróleo brent +1,02%, a US$ 55,72 o barril

*Minério de ferro spot (à vista) no porto de Qingdao, na China, -3,36%, a US$ 73,99 a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -5,90%, a 510 iuanes

2. Economia: IBC-Br acima do esperado

O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) de julho apontou crescimento de 0,41% em comparação ao mês anterior, enquanto os analistas de mercado esperavam avanço de 0,1% na passagem mensal.

No exterior, destaque para os dados da inflação dos Estados Unidos para o mês de agosto, a serem apresentados às 9h30 (horário de Brasília). Na China, a produção industrial na China em agosto cresceu 6% frente ao mesmo período do ano passado, enquanto o mercado esperava avanço de 6,6%. Além disso, as vendas do varejo também decepcionaram, com crescimento de 10,1% no mesmo período, abaixo da previsão de 10,5%.

3. Noticiário político

Enquanto os investidores ainda digerem a possível candidatura de Meirelles (pelo Twitter, o ministro negou) para a presidência, além do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz federal Sérgio Moro, os investidores acompanham com atenção os últimos passos de Rodrigo Janot à frente da Procuradoria-Geral da República. Conforme noticia a imprensa, ele deverá apresentar hoje nova denúncia contra o presidente Michel Temer pelos crimes de obstrução à Justiça e organização criminosa, com base em delações de executivos do grupo J&F e do operador de valores mobiliários Lúcio Funaro. O PGR esperou o plenário do Supremo Tribunal Federal decidir que ele não era suspeito de conduzir a denúncia contra Temer e suspender julgamento de ação que pretendia impedi-lo de oferecer nova denúncia — situações que o fortalecem em meio às derrotas recentes. Apesar disso, os investidores não esperam uma reação negativa do mercado.

Também merece destaque o fracasso dos deputados em avançar nas discussões sobre a PEC que altera o sistema de eleição de deputados e vereadores e cria um fundo público para custear as campanhas eleitorais. Esse adiamento compromete o calendário para a votação de mudanças eleitorais que possam ser aplicadas em 2018, já que as novas regras precisam estar em vigor um ano antes do pleito. O texto, discutido por mais de seis horas, colocou em lados opostos partidos médios e pequenos e grandes legendas. A sessão acabou encerrada no início da madrugada sem quórum. 

4. “Spoiler” de Ilan sobre o próximo Copom?

Em entrevista concedida pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ao jornal Valor Econômico, reitera mensagem da ata de que corte da taxa Selic em outubro será moderadamente menor, reforçando a expectativa de um corte de 75 pontos-base na próxima reunião, não de 50 pontos-base. Ele reiterou que o BC fará um encerramento gradual do ciclo de afrouxamento monetário, mencionando um processo de “escadinha”, como sugeriu que juro poderá permanecer baixo por longo tempo devido à grande ociosidade da economia.

5. Radar corporativo

No noticiário das empresas, a JBS avalia candidatos internos para substituir Wesley Batista para o cargo de CEO, após a prisão do executivo. Entre os potenciais nomes, aparece André Nogueira, atual presidente da companhia nos Estados Unidos, Gilberto Tomazoni, chefe global de operações, e Tarek Farahat, presidente do conselho. Ainda no noticiário do grupo, destaque para a suspensão de compra de gado em algumas unidades e o pedido de revogação de prisão feito pela defesa de Joesley Batista junto ao Supremo Tribunal Federal. A Petrobras aprovou acordo para encerrar ação individual nos Estados Unidos. Já a Paranapanema levantará R$ 352,4 milhões com oferta de ações. Do lado das recomendações, a Ambev foi iniciada com recomendação “equalweight” pelo Morgan Stanley, a BRF foi elevada de “neutra” para “overweight” e a Marfrig foi rebaixada de “neutra” para “underweight” — pelo JP Morgan.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.