Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quarta-feira

Confira em que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Anúncio de Donald Trump, leilões da ANP e de hidrelétricas testando o governo e a tramitação da segunda denúncia contra Michel Temer após o revés na noite de ontem. A quarta-feira (27) é agitada nos mercados. Confira os principais destaques clicando aqui:

1. Bolsas mundiais

Os mercados mundiais esperam pelo anúncio do presidente americano Donald Trump sobre a reforma tributária, que poderá aliviar o peso dos impostos para as famílias e empresas. O anúncio acontece às 16h00 (horário de Brasília), com Trump podendo cortar imposto sobre empresas para 20%. Enquanto isso não acontece, os índices mundiais ainda digerem a fala da véspera da chairwoman do Federal Reserve, Janet Yellen, ao dizer que o Fed não deveria se mover muito gradualmente, reforçando a percepção de que a autoridade monetária promoverá nova alta dos juros na reunião de dezembro.

Com esse cenário desenhado, as bolsas da Ásia fecharam sem direção única, apesar dos dados positivos de lucros industriais na China, que subiram 24% em agosto, maior alta desde 2013, sugerindo resiliência da 2ª maior economia do mundo. Entre as commodities, o petróleo recua, mas se sustenta perto de US$ 52, após API indicar queda dos estoques; cobre e níquel sobem em Londres, enquanto o minério de ferro registrou leve queda na China. 

Às 8h20 (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,19%

*FTSE (Reino Unido) +0,31%

*DAX (Alemanha) +0,50% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,47% (fechado)

*Xangai (China) +0,06% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,31% (fechado)

*Petróleo WTI -0,39%, a US$ 58,21 o barril

*Petróleo brent +0,08%, a US$ 51,92 o barril

*Minério de ferro spot (à vista) no porto de Qingdao, na China, -1,23%, a US$ 64,15 a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +1,07%, a 473 iuanes

2. Confiança testada

A confiança do investidor estrangeiro com a recuperação do Brasil será colocada à prova nesta quarta-feira. A partir das 10h00, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) faz hoje o leilão de quatro usinas hidrelétricas operadas pela Cemig. No pregão, marcado por disputas judiciais, serão negociadas as outorgas de concessões das hidrelétricas São Simão (GO/MG), Jaguara (MG/SP), Miranda (MG) e Volta Grande (MG/SP). O governo espera arrecadar cerca de R$ 11 bilhões com a venda e esse montante será fundamental para tentar fechar as contas públicas deste ano, com o déficit previsto de R$159 bilhões.

Antes disso, às 9h00, a ANP (Agência Nacional de Petróleo) realiza no Rio de Janeiro a 14ª rodada de leilões de petróleo pelo regime de concessão, com expectativa de arrecadação de R$ 500 milhões. “Não temos expectativa de que todos os blocos de todas as bacias serão vendidos no leilão desta quarta-feira; nossa expectativa é da ordem de 20% a 30% dos blocos”, disse Décio Oddone, diretor-geral da ANP.

3. Agenda de indicadores e do governo

O destaque da agenda doméstica da semana será a divulgação dos indicadores sobre o desempenho do mercado de crédito em agosto, a ser revelado às 10h30. Segundo a LCA Consultores, a expectativa é de que a distensão da política monetária tenha contribuído para nova redução nos custos de financiamento.

Na agenda do Congresso, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou para hoje a votação no plenário da Casa da Medida Provisória que cria o novo Refis, programa de parcelamento para contribuintes com dívida com a União. Também ontem, o deputado Newton Cardoso Júnior (PMDB-MG), relator da MP do Refis, afirmou que o texto será votado mesmo com a resistência da equipe econômica, que, de acordo com ele, quer que a proposta caduque sem ser votada, por considerar que a arrecadação com programa até agora já é satisfatória. Pelas contas do deputado mineiro, as mudanças negociadas devem reduzir a arrecadação prevista com o programa de R$ 13 bilhões para R$ 10 bilhões.

Já no exterior, além da fala de Trump, destaque para o indicador de atividade norte-americano que poderá influenciar as projeções de mercado para o desempenho do PIB dos EUA neste 3º trimestre: o resultado de agosto das encomendas de bens duráveis, às 9h30. Às 11h30, atenção para os dados de estoque de petróleo semanal nos EUA.

4. Cenário político

A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) na noite da última de afastar o senador Aécio Neves (MG) foi vista como uma surpreendente “pancada” contra o parlamentar e também contra Michel Temer. Conforme ressalta a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, o Supremo acabou por deixar sem líder a ala do PSDB que prega o suporte ao presidente e deu mais poder a Tasso Jereissati, que defendeu o desembarque da legenda do governo quando Temer foi denunciado pela primeira vez. Assim, somados, esses fatores podem reacender a crise existencial no PSDB em um momento em que se inicia a tramitação da segunda denúncia contra Temer na Câmara. 

Outro sinal de alerta e de surpresa do governo ocorreu com a votação na Câmara da Medida Provisória 782/17, que promove alterações na organização administrativa do Executivo Federal, entre as quais a garantia de status de ministério para a Secretaria-Geral da Presidência da República e a criação do Ministério dos Direitos Humanos. Por 203 votos favoráveis, 198 contrários e sete abstenções, ou seja, apenas cinco votos de diferença, a aprovação assegurou foro privilegiado ao atual ocupante da pasta, o ministro Moreira Franco, que está incluído na segunda denúncia apresentada contra o presidente.

Falando sobre a denúncia, após ela ser lida ontem na Câmara, o presidente e os ministros deverão ser notificados nesta quarta-feira, no Palácio do Planalto, pelo primeiro-secretário da Câmara, deputado Giacobo (PR-PR). Depois disso, a denúncia passará a tramitar na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania), onde Temer terá prazo de dez sessões do Plenário para apresentar sua defesa. Vale ressaltar que a CCJ deve decidir nesta quarta o relator e o rito para segunda denúncia contra Michel Temer.

Se o governo sofreu alguns baques, a oposição petista também não tem o que comemorar. Em especial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme aponta Vera Magalhães. De acordo com a colunista, a decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, que confirmou ontem a condenação de José Dirceu e elevou em 10 anos a pena imposta a ele pelo juiz Sérgio Moro, é um mau sinal para o ex-presidente. Além disso, em destaque nos jornais, está a dura carta de desfiliação do ex-ministro Antonio Palocci do PT, em que acusa Lula de “sucumbir ao pior da política”, entre outros ataques ao ex-presidente. Veja mais clicando aqui. 

5. Noticiário corporativo

Além do leilão das usinas que antes estavam sob concessão da Cemig, outras notícias do radar corporativo devem agitar o mercado. Em destaque, o Itaú afirmou que a distribuição de dividendos pode aumentar, enquanto a Copel, estatal de energia do Paraná, informou que reduziu investimento em 2017 de R$ 2,87 bilhões para R$ 2,33 bilhões. Já o conselho da Oi analisa hoje novo plano de R$ 9 bilhões, segundo o Valor Econômico.

Por fim, no InfoTrade de hoje, uma recomendação de compra para RD (ex-Raia Drogasil; RADL3(confira clicando aqui). 

(Com Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.