Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quarta-feira

Confira ao que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário desta quarta-feira é bastante movimentado. Além da intensificação da temporada de resultados, o mercado volta suas atenções para as decisões de política monetária do Copom e do Fomc, além do noticiário sobre uma possível flexibilização da meta fiscal. Confira no que se atentar:

1. Bolsas mundiais

A sessão é de ganhos para os principais índices mundiais, com destaque para o FTSE, após o PIB do Reino Unido  crescer 0,3% no segundo trimestre ante o primeiro e registrar expansão anual de 1,7% no mesmo período, segundo dados preliminares divulgados hoje pelo Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês). Além dos dados do Reino Unido, o rali em commodities como petróleo e cobre mantém suporte para ações europeias, que repercutem ainda resultados corporativos. 

O cobre atinge máxima em 2 anos com expectativa de demanda da China, enquanto o petróleo supera US$ 48 com dado da API que mostrou queda de 10,2 milhões de barris nos estoques nos EUA na semana passada; dados do governo saem hoje e podem replicar números. 

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O mercado também segue atento à decisão do Fomc na tarde desta quarta-feira. Alguma surpresa pode vir de sinalizações sobre cronograma de redução do balanço de US$ 4,5 trilhões do Fed, principalmente em títulos do Tesouro e dívidas relacionadas a hipotecas. 

Às 8h10, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,51%

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*FTSE (Reino Unido) +0,31%

*DAX (Alemanha) +0,24% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,02% (fechado)

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*Xangai (China) (fechado) +0,33% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,48% (fechado)

*Petróleo WTI +0,67%, a US$ 48,21 o barril

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*Petróleo brent +0,42%, a US$ 50,41 o barril

*Minério de ferro 62% spot negociado no porto de Qingdao, na China, +1,37%, a US$ 70,43 por tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,58%, a 518 iuanes

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2. Noticiário político

O noticiário sobre meta fiscal segue no radar dos mercados, após o jornal O Globo noticiar ontem que ela poderia ser flexibilizada, mas que contava com a oposição do ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Segundo informou a Bloomberg no final da tarde, a eventual mudança da meta fiscal ainda é carta fora do baralho para Fazenda e o Palácio do Planalto, que preferem aumentar ou criar um novo imposto a reajustar o déficit de R$ 139 bilhões. 

Ainda sobre a questão fiscal, vale destacar que a AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu ontem ao TRF-1 (Tribunal Regional Federal), sediado em Brasília, para anular a decisão que suspendeu ontem o aumento das alíquotas do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre a gasolina, o diesel e o etanol, anunciado pelo governo na quinta-feira (20). A suspensão foi determinada pelo juiz Renato Borelli, da 20ª Vara Federal no Distrito Federal, a partir da motivação de uma ação popular protocolada por um cidadão. A previsão do governo é arrecadar mais R$ 10,4 bilhões com o aumento do PIS/Cofins sobre os combustíveis, de modo a conseguir cumprir a meta fiscal de déficit primário de R$ 139 bilhões para este ano. Além disso, a polêmica sobre o anúncio de PDV (Programa de Demissão Voluntária) de servidores federais, em estudo pelo Ministério do Planejamento, segue no radar. De acordo com a Folha, a viabilidade do programa gera dúvidas no Planalto. Cálculos iniciais da Fazenda indicam que o programa preparado pelo governo Michel Temer provocaria uma despesa incompatível com as receitas, com o risco de romper o teto de gastos. O programa cortaria despesas no longo prazo, algo em torno de R$ 1 bilhão por ano. O problema é que, hoje, não há dinheiro no Orçamento para arcar com as indenizações —com prêmios— previstas pelo programa.

Em meio a esse cenário de dificuldade fiscal, o Valor Econômico informa que a equipe econômica trabalha para incluir no decreto de programação financeira, que deve ser publicado esta semana, receitas adicionais de R$ 6,9 bilhões. Mesmo com a entrada dos recursos na previsão, não há garantia de reversão de parte do contingenciamento de gastos. Segundo fontes ouvidas pelo Valor, seria possível incluir mais R$ 2,1 bilhões referentes à concessão de aeroportos; R$ 2,1 bilhões de precatórios não sacados há mais de dois anos; entre R$ 1,1 bilhão e R$ 2,2 bilhões da renegociação de dívidas dos agricultores com o Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural); R$ 600 milhões em devolução aos cofres públicos de depósitos feitos em bancos para pessoas que já morreram e R$ 1 bilhão da concessão das Lotex.

Por outro lado, a Folha informa que a volta do recesso parlamentar pode ser relativamente “tranquila” para Temer, de acordo com informações da coluna Painel, da Folha. Para aliados, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que, mantidas as condições atuais, haverá quórum para votar a denúncia oferecida pelo procurador-geral Rodrigo Janot contra Temer já no dia 2 de agosto. Maia prevê uma vitória de Temer com relativa folga, enquanto a oposição também reconhece que o presidente venceu o “primeiro round”. Aliados na Câmara falam em algo entre 230 e 250 votos pró-Temer, somando declarações de apoio ao peemedebista e abstenções — que, na prática, também serão favoráveis a ele.

3. Fomc e Copom

Em destaque nesta quarta-feira, estão no radar duas reuniões de política monetária. Às 15h (horário de Brasília), os diretores do Federal Reserve publicam a nota do encontro sobre sua política monetária. Segundo a equipe de analistas do Bank of America, “é provável que o Fomc faça pequenos ajustes na declaração, mas é improvável que altere significativamente a mensagem”. Por não contar com divulgação de projeções nem coletiva de Janet Yellen, o encontro perde força, mas não deixa de ser importante.

Já no Brasil, atenção para o Copom (Comitê de Política Monetária). A expectativa é praticamente unânime de manutenção do ritmo, com um corte de 100 pontos-base na Selic, que iria para 9,25% ao ano, sendo a primeira vez que a taxa chegaria a um dígito desde outubro de 2013 (veja mais clicando aqui). 

Além das decisões de política monetária, o Brasil revelará o dado de fluxo cambial semanal às 12h30, enquanto os EUA divulgarão os dados de vendas de moradias novas às 11h e os estoques semanais de petróleo às 11h30.

4. Especial IMTV

O InfoMoney dá continuidade nesta quarta-feira ao “Especial Setores” do 2º semestre, com análises das empresas de educação e frigoríficos. Os convidados de hoje são a analista Catarina Pedrosa, da WhatsCall Research, e Adeodato Volpi Netto, da Eleven Financial. A transmissão ao vivo começa a partir das 14h na InfoMoneyTV.

Ontem, foram analisadas as ações de programas de fidelidade – Smiles e Multiplus -, as seguradas e empresas ligadas ao setor de saúde. Clique aqui e assista a todo o conteúdo desse especial.

5. Noticiário corporativo

Com a intensificação da temporada de balanços, o noticiário corporativo é bastante movimentado. O Grupo Pão de Açúcar teve lucro líquido consolidado de R$ 169 milhões no segundo trimestre, ante prejuízo de R$ 583 milhões. O resultado foi apoiado em desempenho da bandeira de atacarejo Assaí e contabilização de créditos fiscais. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado consolidado do segundo trimestre saltou 73,4% sobre um ano antes, para R$ 967 milhões. Já a Lojas Renner registrou lucro líquido de R$ 193,6 milhões, o que representa uma alta de 10,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda, por sua vez, fechou em R$ 374,4 milhões, expansão de 7,2% em um ano. Entre as companhias telefônicas, o lucro líquido da TIM Participações triplicou no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 219 milhões, em meio à queda nos custos de operação e nas despesas financeiras e por ganhos proporcionados pelo segmento de dados móveis. Já a Telefônica Brasil lucrou R$ 872,9 milhões, alta de 24,8% na base de comparação anual.

No radar de recomendações, a Light teve a recomendação reduzida de overweight para neutra pelo JPMorgan. Atenção ainda para o anúncio da véspera sobre o novo código de mineração. De acordo com o Bradesco BBI, o novo código tem impactado limitado na Vale. “A maioria dos investidores já esperava que o Brasil estabelecesse royalties no minério de ferro na faixa de 2% a 4%”, apontaram os analistas.

(Com Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.