Os 5 assuntos que vão agitar o mercado nesta terça-feira

Mercados operam de forma mista com dados fracos do PMI europeu; no Brasil, os investidores monitoram a votação da Previdência no Senado

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa encerrou o pregão da véspera com leve queda de 0,32%, aos 104.745 pontos, mas confirmou uma alta de 3,6% ao longo de setembro, garantindo o quarto mês consecutivo acima dos 100 mil pontos. A oficialização da viagem de negociadores chineses a Washington marcada para o dia 10 de outubro ajudou a aliviar os investidores em meio à guerra comercial travada com os Estados Unidos.

Hoje, os mercados operam de forma mista, com as bolsas europeias entre perdas e ganhos, logo após a divulgação do índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês), com dados da zona do euro e da Alemanha apontando para um nível abaixo de 50, indicando contração da atividade econômica. Já os futuros de Nova York apontam uma tendência de alta após um porta-voz da Casa Branca negar que os EUA esteja planejando impedir empresas chinesas de listarem suas ações nas bolsas norte-americanas.

No Brasil, o mês de outubro começa com todas as atenções voltadas para o Senado, que vota a partir de hoje a reforma da Previdência. Antes de ir a Plenário, o texto precisará passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), quando serão analisadas 77 emendas apresentadas. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, no entanto, alerta sobre o risco da apresentação de dois destaques, que tratam da aposentadoria especial e do abono salarial, que poderiam desidratar o texto.

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Destaque ainda para a carta do ex-presidente Lula afirmando que não aceitará barganhas para deixar a prisão em Curitiba, onde cumpre pena em julgamento da operação Lava Jato. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o presidente Jair Bolsonaro comentou que Lula tem o “direito” de não querer sair da prisão. “Quer ficar, fica”, disse.

Além disso, a Polícia Federal deflagra a quarta fase da Operação Carne Fraca: sessenta e oito mandados de busca e apreensão são cumpridos na manhã desta terça-feira (1), em nove estados do país. De acordo com a Polícia Federal (PF), esta nova etapa da Carne Fraca apura crimes de corrupção passiva praticados por auditores fiscais agropecuários federais em diversos estados. As irregularidades eram realizadas para beneficiar um grupo empresarial do ramo alimentício, cujo nome ainda não foi informado.

Confira os destaques desta terça-feira:

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1. Bolsas Internacionais

As bolsas europeias abriram em alta por conta de avanços nas negociações comerciais entre os EUA e a China, mas viraram para o negativo e depois passaram a operar entre perdas e ganhos, com dados negativos da produção industrial.

O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da zona do euro atingiu 45,7 em setembro, no menor nível desde outubro de 2012. Na Alemanha, o PMI ficou em 41,7, no menor patamar desde 2009. Medições acima de 50 indicam expansão e abaixo, contração.

Na Europa, destaque ainda para o julgamento na Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, referente a compensações que os EUA buscam por supostos subsídios ilegais concedidos à fabricante de aviões Airbus por governos europeus. Caso seja confirmada uma decisão favorável aos EUA, bilhões de dólares em tarifas podem ser impostas às exportações europeias aos Estados Unidos.

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Na Ásia, com as bolsas da China e de Hong Kong fechadas, os investidores monitoram o Japão, onde começou a vigorar hoje um imposto de 8% a 10% sobre as vendas. Já uma pesquisa do Banco do Japão apontou que as expectativas de grandes fabricantes com a economia piorou e atingiu seu nível mais baixo desde junho de 2013.

Durante comemoração do 70 anos do governo no Partido Comunista, o presidente da China, Xi Jinping, afirmou durante discurso que “não há força que possa abalar os alicerces desta grande nação”.

Xi não mencionou especificamente nenhum outro país pelo nome e enfatizou que a China buscaria o desenvolvimento pacífico. Ele disse ainda que o governo central “manteria a prosperidade e a estabilidade a longo prazo de Hong Kong e Macau”.

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Entre as commodities, os preços operam em alta, após relatos de queda na produção dos EUA, Rússia e países da OPEP.

No exterior, destaque ainda para a crise no Peru, onde o presidente Martín Vizcarra dissolveu o Congresso por conta de impasses na escolha de membros da Suprema Corte. Então, os parlamentares reagiram, suspendendo Vizcarra e nomeando a vice Mercedes Arázon como interina.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h31 (horário de Brasília):

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*S&P 500 Futuro (EUA), +0,29%
*Nasdaq Futuro (EUA), +0,38%
*Dow Jones Futuro (EUA), +0,29%

*DAX (Alemanha), -0,15%
*FTSE (Reino Unido), -0,37%
*CAC-40 (França), -0,19%
*FTSE MIB (Itália), +0,61%

*Hang Seng (Hong Kong), (fechado por feriado)
*Xangai (China), 0,25% (fechado por feriado)
*Nikkei (Japão), +0,59% (fechado)

*Petróleo WTI, +1,07%, a US$ 54,65 o barril
*Petróleo Brent, +0,96%, a US$ 59,82 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian fechados por feriado

*Bitcoin, US$ 8.367,05, +4,20%
R$ 35.151, +0,92% (nas últimas 24 horas)

2. Agenda Econômica

No Brasil, a FGV informa, às 8h00, o IPC de setembro, enquanto as 9h00 o IBGE publica os dados da produção industrial de agosto. Às 15h00, o Ministério da Economia publica dos dados da balança comercial de setembro.

Nos Estados Unidos, às 10h45, saem os dados da PMI industrial de setembro e, às 11h00, o índice de atividade industrial ISM e os números de investimentos em construção. À tarde, serão publicados os estoques de petróleo.

3. Noticiário Político

O Plenário do Senado deve votar hoje a PEC da reforma da Previdência, que estava marcada para a semana passada, mas foi adiada em razão de uma sessão do Congresso Nacional. O Palácio do Planalto manifestou confiança na aprovação, em primeiro turno, da PEC até a noite desta terça-feira.

“A nossa expectativa é muito positiva e esperamos que, de fato, amanhã nós já tenhamos encerrada essa primeira rodada da Nova Previdência, no âmbito do Senado e, logo em seguida, a segunda e, por fim, a sua aprovação final”, disse o porta-voz do governo federal, Otávio Rêgo Barros.

A reforma da Previdência deve ser o único item na pauta do plenário do Senado. Pela manhã, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) vai votar o parecer do relator da proposta, Tasso Jereissati (PSDB-CE), e a matéria deve chegar ao plenário a partir das 16h, para que a votação seja concluída até a noite ou, no máximo, até a quarta-feira (2).

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que a reforma da Previdência pode ter mais de 60 votos favoráveis na votação em primeiro turno no plenário. Esse número permitiria a aprovação da proposta com folga, já que são necessários 49 votos para que a Casa aprove mudanças constitucionais.

“Há, com certeza, uma folga razoável em torno do limite de votos necessários para aprovação de uma emenda constitucional”, disse Alcolumbre. “A gente pode ter 60 votos, 62, 63 votos, porque há um sentimento dos senadores em aprovar essa matéria.”

O segundo turno da votação em plenário deve ocorrer na terça-feira ou na quarta-feira da semana que vem, segundo o presidente do Senado, que se baseia em um calendário acertado entre lideranças partidárias da Casa.

Já o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), afirmou que base do governo precisa ficar alerta quanto à possibilidade de dois destaques alterarem a proposta de reforma da Previdência amanhã, durante votação da medida na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Segundo o Valor, os dois pontos são os que tratam da aposentadoria especial e do abono salarial, que poderiam desidratar a proposta de reforma.

Ainda no Congresso, Alcolumbre condicionou, após pressão de governos do Norte e Nordeste, a votação do projeto que autoriza o crédito do leilão da cessão onerosa à aprovação pela Câmara do acordo em relação ao rateio do bônus de assinatura entre Estados e municípios.

Na política, o ex-presidente Lula afirmou, em carta, que não pretende trocar sua “dignidade” pela “liberdade”, em resposta a recomendação da força-tarefa da Lava Jato de migrar o seu regime de prisão do fechado para o semiaberto. Lula já cumpriu um sexto da condenação, mas aguarda por um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) para que julgue um pedido de suspeição do ex-juiz Sergio Moro.

Especialistas consultados pelo Estadão divergem quanto à legalidade da manobra de Lula. O criminalista Conrado Gontijo afirmou que um preso não tem escolha de acatar ou não a progressão da pena. Já Fernando Castelo Branco, outro especialista, acredita que o ex-presidente tem o direito de recusar

O presidente Jair Bolsonaro comentou o caso Lula ao Estadão, afirmando ser um “direito” não sair da prisão, em Curitiba. “Quer ficar, fica”, disse. Em seguida, o presidente acrescentou que “graças a Deus” o projeto de poder do PT não deu certo. “O cara meteu a mão e entregou a amigos dele.”

Ainda na política, o ministro Gilmar Mendes do STF suspendeu processos envolvendo a quebra do sigilo do senador Flávio Bolsonaro no caso Queiroz. A investigação se refere a suposta “rachadinha” do salário de servidores do gabinete na Assembleia do Rio do filho do presidente.

4. Noticiário Econômico

O Valor traz reportagem ressaltando que a queda dos juros tem favorecido os investimentos em ações. Segundo a publicação, com taxas tão baixas, as aplicações em renda fixa perderam a atratividade em relação ao Ibovespa, que já avançou 19% este ano. O Valor acrescenta que, indicadores como relação entre preço e lucro das companhias listadas, dão sustentação à previsão de que a bolsa possa atingir os 120 mil pontos até o final deste ano.

O Estadão traz que, enquanto nos últimos cinco anos as industrial globais avançaram 10%, a atividade nas fábricas brasileiras recuou 15%, o que faz com que o país corra o risco de deixar o grupo dos dez maiores parques fabris do mundo. Segundo estudo da economista Laura Karpuska, da BlueLine Asset, as explicações estão na quedas exportações à Argentina e na tragédia de Brumadinho, com barragem da Vale. A baixa demanda interna e problemas estruturais agravam o problema.

O governo deve diminuir as exigências e facilitar o acesso de caminhoneiros a linhas de crédito voltadas para manutenção da frota com juros mais baixos e prazos maiores. Segundo o Estadão, o Executivo deve editar uma medida provisória para atender às reivindicações da categoria, que ameaçou deflagrar uma greve no início deste ano.

O Estadão destaca que, após o Itaú anunciar a redução dos juros nos financiamentos imobiliários, o Bradesco seguiu o mesmo caminho. Os dois bancos privados disputam a vice-liderança do mercado. Em uma semana, a taxa caiu 0,33 ponto porcentual. Em julho, o Santander, que não descarta nova redução, já havia reduzido suas taxas.

5. Noticiário Corporativo

A Petrobras fechou com a empresa Central Resources do Brasil Produção de Petróleo Ltda contratos para a venda da totalidade de sua participação nos campos terrestres de Ponta do Mel e Redonda, localizados no Estado do Rio Grande do Norte. O valor da venda é de US$ 7,2 milhões, a serem pagos integralmente no fechamento da transação, sem considerar os ajustes devidos.

A petroleira comunicou ainda ter concluído a devolução das concessões da distribuidora de gás que a estatal brasileira mantinha no Uruguai ao governo uruguaio. Segundo nota, a subsidiária Petrobras Uruguay Sociedad Anónima de Inversiones (Pusai) transferiu suas ações nas empresas Distribuidora de Gas de Montevideo S.A. (DGM) e Conecta S.A. ao Estado uruguaio. Com isso, a Petrobras sai do segmento de distribuição de gás natural no Uruguai.

O Ministério Público Federal informou que recorreu da decisão em que a Justiça Federal excluiu oito integrantes da alta cúpula da mineradora Samarco do julgamento sobre a tragédia de Mariana (MG). Eles eram acusados de ter participado de decisões que culminaram no rompimento da barragem em novembro de 2015. No episódio, 39 milhões de metros cúbicos de lama vazaram, provocando 19 mortes e a poluição na bacia do Rio Doce.

Por fim, o empresário Eike Batista foi condenado a 8 anos e 7 meses de prisão pelos crimes de uso de informação privilegiada e manipulação de mercado. A sentença também estabelece multa de R$ 31,5 milhões. O empresário deverá ainda reparar os prejuízos causados a investidores, no valor de R$ 82,8 milhões acrescido das devidas atualizações e correções monetárias.

(Com Agência Estado, Agência Brasil, Agência Senado e Bloomberg)

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