Oferta bilionária de ações do Magazine Luiza acirra guerra no e-commerce

Dinheiro será usado para aumentar os investimentos em tecnologia e expansão online em um mercado bastante competitivo

Bloomberg

(Shutterstock)

(Bloomberg) – O Magazine Luiza (MGLU3) está construindo um arsenal de guerra para enfrentar a crescente concorrência no comércio eletrônico brasileiro.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A varejista está aproveitando as ações na máxima histórica para levantar até R$ 4,4 bilhões em oferta primária de ações na terça-feira. O dinheiro será usado para aumentar os investimentos em tecnologia e expansão online – o mais recente de uma série de movimentos de empresas como Amazon.com e Mercado Livre para atrair consumidores ávidos por novidades no ambiente digital em um dos países mais populosos do mundo.

“É um setor muito competitivo e difícil, então é necessário investir muito para vencer a corrida”, disse Leonardo Rufino, gestor de portfólio da Pacífico Gestão de Recursos.

Quatro empresas – B2W Cia Digital (BTOW3), Mercado Livre, Magazine Luiza e Via Varejo (VVAR3) – detêm mais de 60% do mercado de comércio eletrônico no Brasil, segundo dados do Euromonitor International. O mercado de varejo online do país mais do que dobrou nos cinco anos até 2018 e deve quase dobrar novamente, para R$ 128,7 bilhões até 2023, segundo dados da provedora de pesquisas de mercado.

Ações em alta

Os investidores do Magazine Luiza não se abalaram com a expansão da Amazon na maior economia da América Latina. Desde que a empresa americana anunciou a chegada de seu programa Prime ao Brasil em 10 de setembro, Magazine Luiza subiu 38,5%, o melhor desempenho do Ibovespa nesse período. As ações mais que dobraram de valor em 2019 e estão no quarto ano consecutivo de retornos grandiosos.

Mesmo com a economia brasileira lutando para ganhar força após uma longa recessão, o Magazine Luiza tem frequentemente surpreendido os analistas, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O lucro líquido ajustado superou as expectativas a cada trimestre desde o início de 2016 – o último resultado superou até a estimativa mais otimista, com o volume de mercadorias brutas online crescendo 96% ano a ano. As vendas em seu marketplace aumentaram 300% no mesmo período.

“Se a empresa continuar crescendo desse jeito, o valuation não será um problema”, disse William Leite, chefe da mesa de ações da Garde Asset Management.

“A oferta de ações é um movimento estratégico, pois a empresa fortalece seu caixa para poder investir em crescimento”, disse Leite, que possui ações do Magazine Luiza em seu portfólio.

Cenário competitivo

O Mercado Livre, que planeja investir mais de R$ 3 bilhões no Brasil no próximo ano, levantou cerca de US$ 1,85 bilhão (R$ 7,66 bilhões) em uma oferta de ações em março, com o objetivo de acelerar sua expansão na América Latina, um negócio no qual o PayPal investiu US$ 750 milhões. Em setembro, os acionistas da B2W fizeram um aumento de capital de R$ 2,5 bilhões na empresa para investimentos em sua plataforma digital e aceleração do crescimento.

Também há batalhas por nichos específicos. No início deste ano, o Magazine Luiza e o Grupo SBF, da rede Centauro, travaram uma guerra de ofertas pela Netshoes, a maior vendedora online de artigos esportivos no Brasil, que enfrentava dificuldades financeiras. O Magazine Luiza venceu com uma oferta de US$ 115 milhões – 85% a mais do que estava disposta a pagar inicialmente. No final de outubro, o SBF revidou e anunciou parceria com a B2W para “expandir seus negócios online no universo do esporte”.

A forte concorrência e o aumento dos preços das ações assustaram alguns investidores. Fernando Siqueira, gestor de portfólio da MZK Investimentos, não tem exposição a varejistas online. As ações do setor parecem “caras” e a concorrência é “muito forte”, disse ele.

A oferta desta terça-feira do Magazine Luiza vem com uma ressalva que poderia adicionar pressão às ações. Se a demanda pela oferta ficar muito aquecida, os acionistas controladores LTD Administração e Participações e Wagner Garcia Participações estão dispostos a vender por volta de R$ 880 milhões em ações. Embora uma oferta secundária dos fundadores da empresa possa causar apreensão, gestores de fundos como Rufino, da Pacífico, permanecem otimistas. Ele aumentou a posição em Magazine Luiza após o anúncio da venda de ações.

“A pressão da oferta atrapalha, mas a maior parte é primária e é sinal de que eles veem um crescimento forte para frente ainda”, disse ele.

Seja sócio das melhores empresas da Bolsa: abra uma conta gratuita na XP!