O que Dilma e Aécio vão fazer para não se afogarem na “onda Marina”

Marina ameaça deixar o candidato tucano fora do segundo turno e vencer a atual presidente em novembro, o que levou os adversários da candidata do PSB a se mobilizarem

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Preocupação. Desde que Marina Silva teve o seu nome ganhou forças para assumir a candidatura na chapa do PSB após a morte trágica de Eduardo Campos e sendo oficializado na semana passada, esta é a palavra de ordem para o PT e o PSDB. 

Com Marina ganhando pontos nas últimas pesquisas Datafolha, Ibope e CNT/MDA, o sinal de alerta foi ligado tanto para a campanha de Aécio Neves (PSDB) quanto de Dilma. Para o tucano, a entrada de Marina representa uma ameaça real de ele não estar no segundo turno enquanto as pesquisas mostram que a petista pode ser superada na segunda etapa pela ex-senadora. 

Neste cenário, como Aécio e Dilma vão reagir? O candidato do PSDB vai intensificar o discurso de que é a única escolha segura para fazer as mudanças que o país precisa e que a nova candidata é um “salto no escuro”, sem deixar de lado as críticas ao governo.

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Na terça, durante o debate na Band, o tucano já deu a linha da nova estratégia da campanha ao dizer que o Brasil não suporta “novas aventuras, o improviso”. Assim, Aécio muda a estratégia que era fazer uma campanha polarizando com o PT e a presidente Dilma Rousseff. O alvo agora é duplo: os erros do governo e Marina.

Na próxima semana, o tucano também já deve ingressar numa nova fase da propaganda na TV, atualmente focada na sua biografia e na sua gestão no governo de Minas Gerais.

Na visão dos tucanos, será possível nessa nova fase mostrar claramente as contradições de Marina, com posição radical contra o agronegócio no passado e agora uma visão mais amigável do campo, e sua falta de consistência para superar dificuldades econômicas e até mesmo governar, já que dificilmente faria um governo de coalizão com os partidos que ela classifica como “velha política”. 

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Os tucanos avaliam também que a campanha ainda está sob impacto do acidente aéreo que matou o ex-candidato do PSB Eduardo Campos, em 13 de agosto, em Santos (SP). “Temos que tirar a campanha do emocional e trazer para o racional”, disse um estrategista da campanha para a agência de notícias Reuters.

Além de apontar as contradições da candidata do PSB, Aécio também colocará mais força em segmentos eleitorais que poderia ter melhor desempenho e setores que Marina está tentando conseguir a liderança. E um movimento claro foi feito em relação ao mercado financeiro e investidores quando anunciou, ao final do debate de terça, que nomeará o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga como ministro da Fazenda, caso seja eleito.

Aécio não tinha Campos, e muito menos a presidente Dilma Rousseff, como rivais na arena do mercado financeiro. Mas um dos primeiros acenos de Marina feitos após ser oficializada como candidata do PSB foi para esse setor. Colaboradores de Marina têm procurado construir pontes com o mercado, consolidando nesse segmento a ideia de que ela adotaria uma postura pró-mercado, caso eleita.

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Aécio também vai reforçar suas atividades de campanha em Estados governados pelos tucanos e cujo bom desempenho eleitoral dos governadores não está sendo transferido para a candidatura nacional. Em São Paulo, por exemplo, o candidato à reeleição Geraldo Alckmin tem um desempenho muito acima do que o de Aécio no Estado. “Temos que aproximar esses desempenhos”, disse a fonte, que mencionou também Minas Gerais e Paraná. Segundo o estrategista ouvido pela Reuters, a tarefa também é torná-lo mais conhecido no Nordeste.

Dilma: desconstruindo “Marina”
Já o comando da campanha da presidente Dilma Rousseff se reuniu ontem, em Brasília, para mudar a estratégia de campanha à reeleição da petista e, apesar de considerar uma tarefa difícil, tentará desconstruir a imagem de Marina Silva como candidata da terceira via, de acordo com uma fonte  do governo próxima aos coordenadores de campanha da petista ouvida pela Reuters.  

O questionamento de Marina como a candidata da terceira via vai apontar para “contradições”, explorando os acenos de Marina e sua campanha a nomes ligados ao PSDB, as alianças do partido e a postura de negação da política. A análise, no entanto, é que há pouco tempo para se descobrir as fragilidades da candidata.

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Mesmo levando em conta o impacto emocional, a avaliação entre os coordenadores da campanha de Dilma é que Marina é a principal adversária, uma candidata forte, sem passado em administração executiva, com história quase lendária, difícil de ser desconstruída.

“A nova estratégia vai levar em conta o risco de que Marina é uma candidata que, dependendo da forma como se bate, ela cresce, porque ela se vitimiza. No debate entre os presidenciáveis (terça-feira na Band) isso foi considerado, e a presidente Dilma evitou bater em Marina por não estar claro se ela se aproveitaria disso”, disse uma fonte a Reuters.

As pesquisas recentes acenderam a luz amarela no comando da campanha de Dilma e aumentaram o nível de tensão, mas que nem por isso está sendo cogitada a substituição da presidente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o candidato do PT à Presidência.

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“Não há chance de haver essa troca, faltam apenas seis semanas para a eleição”, disse a fonte. Legalmente, no entanto, o candidato de um partido pode ser trocado até 20 dias antes do pleito, que ocorre no dia 5 de outubro.

Além disso, de acordo com a Folha de S. Paulo, a expectativa é de que a cúpula do PT faça um evento político por semana para defender o projeto da candidata do partido. A recomendação é para que auxiliares com cargos de confiança façam reuniões com movimentos sociais e debates em redes sociais para “atacar Marina em seu território”.

Já O Estado de S. Paulo destacou que os partidos da aliança de Dilma passaram a cobrar do Comitê de campanha maior presença da candidata nas ruas, mais viagens pelo país, além de mudanças no conteúdo dos programas na televisão. Nas ruas Dilma já está: ontem almoçou num restaurante popular de R$ 1 no Rio.

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As sugestões são para que Dilma parta logo para um confronto mais direto com Marina e que, no horário eletrônico, apareça menos a história das realizações dos governos petistas e mais promessas para o futuro.

(Com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.