O banco que disse não à conta digital

Como muitos de seus concorrentes, o Paraná Banco também passou por mudanças, mas decidiu se concentrar no que entende 

Giuliana Napolitano

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SÃO PAULO – O surgimento de bancos digitais virou algo quase que rotineiro no Brasil. Além de oferecer vantagens para quem é cliente – a principal delas são os serviços gratuitos –, esse modelo se apresentou como uma saída para bancos pequenos e médios que lutavam para encontrar um filão em que pudessem ser competitivos.

Mas nem todos acham que o caminho é por aí. O Paraná Banco é um dos que estão seguindo uma estratégia diferente.

Como muitos de seus concorrentes, a instituição resolveu, há dois cerca de dois anos, que precisava “se reinventar”. Até certo ponto, a reinvenção seguiu um padrão conhecido. O banco contratou uma consultoria para fazer sua transformação digital, rever a marca e tornar a estrutura interna menos hierárquica e mais aberta a inovações.

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O foco de atuação do Paraná, porém, não mudou: o banco decidiu que se manterá especializado em crédito consignado, segmento em que atua há mais de 20 anos. “A opção foi por ser mono-produto e agir para melhorar a experiência do cliente, que está longe do ideal”, diz Cristiano Malucelli, presidente da instituição.

A base de clientes, por exemplo, não é segmentada e, por isso, não há oferta de produtos e serviços diferenciada de acordo com o perfil de grupos de correntistas (algo que acontece há anos nos bancões). O plano é começar a fazer isso. “Agora estamos organizados e prontos para esse tipo de investimento”, diz o executivo. 

O Paraná Banco faz parte do JMalucelli, grupo que controla mais de 40 empresas em diferentes setores. O banco chegou a abrir o capital em 2007, quando captou quase cerca de R$ 530 milhões, mas recomprou todas as ações e saiu da bolsa em 2016. 

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“Abrir o capital foi importante para aprendermos a ter uma agenda organizada de prestação de contas e uma estratégia clara de criação de valor. Ajudou a dar disciplina à gestão”, diz Malucelli. “Mas, com o capital fechado, temos mais liberdade para executar projetos de longo prazo.” Até agora, o banco investiu cerca de R$ 20 milhões, 10% de seu lucro anual, no processo de mudança.

Além de melhorar os serviços, outro desafio do Paraná é crescer. Malucelli diz que a instituição vem reduzindo os empréstimos a funcionários estaduais, porque, com a crise financeira que muitos estados enfrentam, os pagamentos têm sido atrasados. A meta é concentrar esforços no INSS, no Exército e em outros órgãos federais.

No primeiro trimestre de 2019, a carteira de crédito ficou praticamente em relação ao quarto trimestre de 2018 (alta de 0,3%) e teve uma redução de 5,2% frente ao mesmo período do ano passado. Fechou em R$ 3,4 bilhões.

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O lucro, no entanto, aumentou 40,2%, para R$ 75,7 milhões – o melhor resultado trimestral da história da instituição. O resultado foi alcançado graças à reversão de provisões para o pagamento de devedores duvidosos.

No começo de abril, o banco fechou a captação de R$ 525 milhões em letras financeiras. O plano é usar os recursos para ampliar os empréstimos, mas sem pressa. “Aproveitamos um momento favorável do mercado para captar”, diz Malucelli (segundo o jornal Valor Econômico, a demanda foi quatro vezes superior à oferta). Agora, espera condições favoráveis da economia para emprestar.

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.