O adendo na fala de Joaquim Levy que levou 16 ações a subirem nesta terça

Os setores de shopping center e imobiliário, que vinham sofrendo com os aumentos na Selic, passaram a subir nesta terça com novas medidas anunciadas por Joaquim Levy

Marina Neves

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SÃO PAULO – Se esta terça-feira (20) foi pautada pelas novas quedas das ações do “kit apagão” após onze estados e o Distrito Federal terem ficado sem luz por ordem da ONS (Organização Nacional de Sistema Elétrico), o dia, no entanto, foi positivo para ações de dois setores que já foram muito penalizados na Bolsa nos últimos dias com o aumento na taxa básica de juros: o de shopping center e imobiliário.

E se o aumento da Selic vinha castigando estas ações, ontem novas falas de Joaquim Levy mudaram o cenário das companhias nesta terça: em coletiva, o ministro da Fazenda anunciou novas medidas fiscais que visam melhorar o desempenho orçamental do Brasil, necessário para a economia manter o grau de investimento. Dentre as medidas estiveram o aumento da alíquota do PIS/Cofins sobre os combustíveis para 11,75%, além do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) subindo de 1,5% para 3,0%, o que de acordo com ele pode acarretar em uma queda na curva longa de juros. O adendo na fala do ministro foi o bastante para levar os papéis dos setores que vinham sendo prejudicados com os aumentos de juros às alturas nesta sessão.

Por operarem muito alavancados, os shopping centers costumam sofrer na Bolsa com indicações de juro mais alto – inclusive no longo prazo -, uma vez que com aumento da Selic as dívidas destas companhias também aumentam, já que são lastreadas pela taxa básica de juros brasileira. Em um resumo: por serem grandes empreendimentos, as companhias que constroem shoppings realizam financiamentos por não possuírem todo o dinheiro para a construção no ato, o que faz com que operem alavancadas. Com a Selic mais alta, a perspectiva é que suas dívidas fiquem ainda mais caras, prejudicando a companhia.

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A fala de Levy na segunda-feira, portanto, foi uma boa notícia para ações como BR Malls (BRML3, R$ 17,03, +6,43%) – que fechou hoje como os maiores ganhos do Ibovespa -, Iguatemi (IGTA3, R$ 25,57, +1,06%), General Shopping (GSHP3, R$ 6,35, 0,00%), Sonae Sierra Brasil (SSBE3, R$ 16,45, +1,16%), Aliansce (ALSC3, R$ 16,98, +1,73%) e JHSF (JHSF3, R$ 2,31, +0,43%).

Outro setor que se beneficiou com as novas indicações da equipe econômica do segundo mandato de Dilma Rousseff foi o setor imobiliário e de construção: a Selic influencia diretamente no poder de compra da população para produtos mais caros como imóveis, uma vez que ela tem o “poder” de facilitar ou dificultar a obtenção de um financiamento. Com a Selic mais alta, o financiamento fica mais caro, o que faz com que as vendas do setor caiam; no entanto, com as novas indicações de Levy de queda na curva de juros de longo prazo, o efeito é o contrário, já que a tendência é que isto facilite o financiamento, aumentando assim as vendas de imóveis.

A notícia também resultou, portanto, em um movimento positivo para os papéis da Brasil Brokers (BBRK3, R$ 2,60, +7,43%), João Fortes (JFEN3, R$ 4,98, +7,09%), Multiplan (MULT3, R$ 50,62, +3,60%), MRV (MRVE3, R$ 7,05, +3,22%), Gafisa (GFSA3, R$ 0,02, +2,53%), Rossi (RSID3, R$ 2,38, +1,70%), Lopes Brasil (LPSB3, R$ 6,14, +1,65%), Even (EVEN3, R$ 4,48, +1,35%), BR Properties (BRPR3, R$ 9,85, +1,02%) e PDG Realty (PDGR3, R$ 0,80, 0,00%), estes que vinham sendo duramente penalizados na Bolsa com os recentes aumentos na Selic e perspectiva de uma curva de juros crescente. Hoje, o índice que reúne as empresas do setor, o IMOB, registrou alta de 2,39%, aos 539 pontos.