Nomura: campanha negativa de Dilma é limitada e chance de Marina ganhar é de 70%

Corretora traça pararelos de Marina com Barack Obama em 2008 e ressalta que Dilma terá que ganhar vantagem primeiro turno por que, depois, situação ficará mais complicada para ela

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Apesar das últimas pesquisas mostrarem um menor ímpeto de Marina Silva (PSB) e uma recuperação de Dilma Rousseff (PT), o Nomura segue destacando que a candidata pessebista é a favorita para ganhar as eleições, com uma chance de 70% de ganhar o pleito.

Ela é vista como “agente da mudança” e é beneficiada pelo forte desempenhado na campanha de 2010, por sua história pessoal e por seu apoio à “nova política” que rompe com a natureza polarizada da política brasileira e que encontra um paralelo com o americano Barack Obama nas eleições de 2008. É o que destaca o diretor de mercados emergentes do Nomura, Tony Volpon. que avalia ainda que, para ele, a estratégia de campanha de Dilma Rousseff deve ter impacto limitado. 

Força de Marina é a sua maior fraqueza
Segundo ele, a maior fraqueza de Marina nas eleições, não conseguindo sustentar a sua tendência de alta nas últimas pesquisas, deveu-se mais à falta de recursos políticos, com a candidata também cometendo “erros não forçados” que a expuseram a ataques.

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Dentre a falta de recursos, está o menor capital, a falta de tempo de televisão e de um menor quadro de agentes políticos para fazerem campanha para ela. Ela também precisa fortalecer dois pontos onde está mais vulnerável a ataques, aponta Volpon: “ela está pronta para governar e é confiável?”.

Para enfrentar estes pontos fracos, Volpon destacou que Marina pode se espelhar na campanha do ex-presidente Lula em 2002, que também enfrentava desconfianças e tinha um adversário – José Serra, do PSDB -, com maior tempo de televisão. 

Dentre os pontos vulneráveis de Marina, muitos foram atacados por Dilma, desde o seu programa de governo que teve acusações de plágio até mesmo a fala da candidata do PSB de que era a favor da independência do Banco Central. Nas últimas semanas, Dilma usou o maior tempo de propaganda eleitoral na televisão para atacar Marina de forma mais contundente, destacando ainda que a independência do BC poderia ser ruim para a população e acusou a candidata de entregar a política monetária a “banqueiros”. “Esta campanha negativa teve um impacto exatamente onde seria de se esperar: entre os mais pobres e eleitores menos instruídos”, destaca. Analisando as últimas pesquisas, contudo, a nova “classe média”, que ganham entre 2 e 5 salários mínimos e configuram 34% do eleitorado, assim como a classe média alta, tiveram uma tendência para ir para Marina.

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“Isso indica, em nossa opinião, o alcance limitado da estratégia negativa da campanha de Dilma. A menos que Dilma faça outras incursões na ‘nova classe média’, será difícil para ela para construir uma vantagem antes do segundo turno, uma condição que acreditamos ser necessário para Rousseff para ganhar”, afirma.

Dilma deve construir vantagem o quanto antes…
Por que Dilma deve construir uma vantagem agora? Para o Nomura, por que ela tem todas as vantagens neste momento: maior tempo de televisão, um grande número de agentes políticos em campo e os ataques de Aécio Neves (PSDB), em terceiro lugar nas pesquisas, também se direcionando à Marina Silva. 

Tudo isso vai mudar no segundo turno: o tempo de TV será igual, grandes segmentos do PSDB devem participar da campanha Marina Silva e haverá debates ‘cara a cara’ em que se espera que Marina tenha um desempenho melhor do que de Dilma Rousseff. Além disso, a campanha de Marina deve se organizar melhor”, ressalta. 

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“Portanto, é imperativo para Dilma construir uma vantagem confortável no primeiro turno, tendo um ‘patamar confortável’ de pelo menos 10% frente Marina. Qualquer diferença abaixo disso pode ser reconquistada por Silva em um segundo turno competitivo, com um campo de jogo nivelado”. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.